Formar profissionais que tenham o olhar apurado sobre as informações coletadas nas residências e que saibam orientar os pacientes de forma adequada, este é o objetivo do programa Saúde com Agente. Com 200 mil alunos selecionados em 5.500 municípios do Brasil, a iniciativa promovida pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), por meio de um convênio com o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), encerrou o processo de matrícula nesta quarta-feira.
"Atingimos 98% dos municípios brasileiros. É um processo antigo, que começou em 2006, por parte dos agentes comunitários de saúde do próprio Sistema Único de Saúde (SUS), e conseguimos atender agora no processo de educação continuada", comenta o reitor da Ufrgs, Carlos André Bulhões.
O programa consiste em dois cursos de qualificação voltados para agentes comunitários e agentes de combate às endemias. Logo na abertura do processo seletivo, entre março e abril, 236 mil alunos realizaram a inscrição. Oferecidos na modalidade a distância, os cursos totalizam 1.275 horas, sendo parte em aulas prática.
Ao todo, serão contratados 4 mil tutores e 400 supervisores dos cursos online, além de 20 mil preceptores em todas as regiões do País para auxiliar nas aulas presenciais. De acordo com o coordenador geral institucional do programa na Ufrgs, Leandro Raizer, estes cursos de qualificação são os maiores já realizados por uma universidade brasileira.
Previsto na lei que estabeleceu o piso dos agentes comunitários e as diretrizes do plano de carreira, o trabalho de qualificação terá um reflexo direto na atenção primária em todo o Brasil, principalmente em Unidades Básicas de Saúde, onde atuam esses agentes.
Conforme o pró-reitor de Inovação e Relações Institucionais da Ufrgs, Geraldo Jotz, o convênio responde a um dispositivo legal que fornece formação técnica aos agentes. As seletivas e contratações estão sendo realizadas por meio de editais realizados pela Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Faurgs), que também faz a gestão dos recursos do convênio.
Para identificar o perfil dos agentes, o convênio promoverá uma pesquisa inédita com a coleta de dados em 5.400 municípios. O coordenador geral institucional do programa na Ufrgs aponta que o perfil dos agentes é muito heterogêneo dentro do território brasileiro. "Alguns têm graduação, outros o ensino médio. As condições de trabalho também variam. Mas não temos a dimensão porque os dados são inexistentes, nunca foi realizada uma pesquisa neste escopo", diz.
O levantamento também avaliará o impacto dos cursos de qualificação no trabalho desses profissionais. Por esse motivo, a coleta de dados continuará depois do término das aulas. A previsão de início dos cursos é agosto de 2022.