O quadro de infestação do mosquito Aedes Aegypti, transmissor de dengue, zika e chikungunha, deixa mais uma vítima no Rio Grande do Sul. O Estado totaliza 31 óbitos por dengue neste ano, segundo o painel de monitoramento da Secretaria Estadual de Saúde (SES), atualizado na tarde de quinta-feira (19).
Em apenas cinco meses, os números registrados em 2022 são consideravelmente maiores do que os registros de anos anteriores — entre janeiro e maio, foram confirmados 26.193 casos de dengue entre as 57.788 notificações, dos quais 21.498 são autóctones (transmitidos dentro do território gaúcho). Nos 12 meses de 2021, o RS somou 10.587 infecções e 11 óbitos.
Dados do painel apontam que 89% dos municípios gaúchos estão infestados pelo mosquito transmissor — 444, no total. Na quinta-feira, Porto Alegre ultrapassou a marca de
2 mil casos de dengue confirmados neste ano, aumento de 8% em relação à semana anterior. A prefeitura
criou uma força-tarefa em março para lidar com os números crescentes da doença.
Apesar da crise ser histórica, as medidas de combate adotadas pelo governo estadual são as mesmas dos anos anteriores. Procurada pelo Jornal do Comércio, a SES detalha os esforços realizados pelo governo estadual para combater a crise:
- A capacitação permanente das equipes de assistência, tanto em nível da rede de atenção primária em saúde quanto de atenção hospitalar do Estado, que inclui o manejo clínico da dengue, realizadas com as Coordenadorias Regionais de Saúde e com os municípios prioritários;
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Reuniões com o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS) para construir e articular ações em conjunto com os municípios gaúchos;
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Campanha com orientações sobre a doença e de combate ao mosquito transmissor da dengue, veiculada nas redes sociais e em rádios.
A SES entende que o quadro é grave e destaca o esforço conjunto, entre o governo e a população, para combater o Aedes aegypti.
"Esses são os maiores números de casos e óbitos já registrados no Rio Grande do Sul em um ano. O combate à dengue deve envolver esforços do Estado, municípios e de cada cidadão, pois os criadouros de mosquitos podem estar no quintal ou dentro de casa. É um cuidado permanente que envolve toda a sociedade", afirma a SES ao JC.
Não há explicação para a alta histórica, tanto em Porto Alegre como no Estado,
segundo especialistas. Para eles, o problema é o mesmo há anos: a dificuldade de eliminar criadouros do agente transmissor. A SES reforça:
"Com o expressivo número de casos e a larga distribuição do mosquito pelo Rio Grande do Sul, a Secretaria da Saúde reforça junto à população as medidas de prevenção, principalmente a eliminação de locais com água parada, que servem de pontos para o desenvolvimento das larvas do mosquito. Essa proliferação acontece em maior volume nesta época do ano, que alia temperaturas altas com chuvas mais recorrentes".