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Saúde

- Publicada em 12 de Abril de 2022 às 17:40

Emergências pediátricas de Porto Alegre estão superlotadas

Prefeitura de Porto Alegre deseja aumentar o número de leitos pediátricos da cidade já nos próximos dias

Prefeitura de Porto Alegre deseja aumentar o número de leitos pediátricos da cidade já nos próximos dias


Felipe Dalla Valle/DIVULGAÇÃO/CIDADES
Em março se iniciou um crescimento significativo de atendimentos e internações infantis em razão de patologias respiratórias em Porto Alegre. A ocupação das emergências pediátricas da cidade atualmente está em 155%, de acordo com a Diretoria de Atenção Hospitalar e de Urgências da Secretaria Municipal de Saúde. Esses números de março e do início de abril têm sido excepcionais inclusive em comparação com o mesmo período nos tempos pré-pandemia.
Em março se iniciou um crescimento significativo de atendimentos e internações infantis em razão de patologias respiratórias em Porto Alegre. A ocupação das emergências pediátricas da cidade atualmente está em 155%, de acordo com a Diretoria de Atenção Hospitalar e de Urgências da Secretaria Municipal de Saúde. Esses números de março e do início de abril têm sido excepcionais inclusive em comparação com o mesmo período nos tempos pré-pandemia.
“Hoje estamos com 155% da capacidade de emergência pediátrica da cidade ocupada”, revela Francisco Isaías, diretor adjunto de Atenção Hospitalar e Urgências da Secretaria Municipal de Saúde. “A prefeitura está trabalhando para viabilizar a ampliação dos leitos pediátricos, principalmente nos hospitais com gestão da administração municipal, o Presidente Vargas e o da Restinga. No Hospital Presidente Vargas, vamos aumentar de 30 para 50 os leitos de enfermaria, e os atuais 10 leitos de UTI para 16. No Hospital da Restinga, os 10 leitos de enfermaria pediátrica passarão para 21, disponibilizados já nos próximos dias. O município perdeu 109 leitos pediátricos de 2019 pra cá, e queremos voltar ao antigo patamar”, complementa.
“A UTI pediátrica nas últimas semanas está direto em 100% de ocupação, assim como os leitos pediátricos clínicos, muitas vezes até acima da capacidade máxima ideal”, corrobora Maristela Filippi de Oliveira, chefe da emergência pediátrica do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas. “Fizemos 1.600 atendimentos pediátricos em fevereiro, e praticamente 3.000 em março, impulsionados pelos vírus respiratórios. Um aumento de quase 50% em um mês”, complementa a médica. Esse quadro também ocorre em outros hospitais, como informa João Krauzer, chefe do serviço de pediatria do Hospital Moinhos de Vento. “Nós temos 47 leitos de internação pediátrica, e estamos trabalhando com ocupação total nas últimas semanas. E a grande maioria desses casos é de pacientes infectados por vírus respiratórios”, destaca.
Para o médico, esse crescimento é resultado da conjunção de diferentes fatores, incluindo o retorno às aulas e a flexibilização da obrigatoriedade do uso de máscaras. “Com as crianças voltando às aulas e a diminuição do uso de máscaras, o número de problemas respiratórios começou a crescer. As crianças estavam mais vulneráveis por terem ficado os últimos dois anos em casa em razão da pandemia, então aquele crescimento destes atendimentos, que estamos acostumados a ver no Estado a partir de maio, neste ano começaram em março”, completa.
Segundo o pediatra José Paulo Ferreira, integrante da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, nos consultórios particulares esse crescimento também é visto, com as suas consultas aumentando 55% de fevereiro para março. O médico ressalta que a maioria dos atendimentos não são relacionados à Covid-19, mas que a circulação da doença também é mais um motivo de alerta. “Importante ressaltar que esses casos e internações não são referentes à Covid-19 especificamente. Se devem em razão da circulação dos outros vírus respiratórios comuns nesta época, como o próprio vírus da gripe, mas a atenção com os casos de Covid-19 deve continuar, pois também continuam ocorrendo”, salienta Ferreira.

Número de ocorrências está excepcional até para o período pré-pandemia

Como informam os médicos, em razão do período em que as crianças ficaram em casa durante a pandemia, e do momento da volta às aulas ter coincidido com uma flexibilização do uso de máscaras, o aumento do número de casos de infecções causadas por vírus respiratórios, que normalmente acontece em maio, neste ano começou em março. Por isso, o número de atendimentos e internações pediátricas relacionadas a essas patologias que foram realizadas no último mês e nesses primeiros dias de abril foi excepcional até para os padrões pré-pandemia.
“Os atendimentos e internações que acompanhamos aqui em março, e mesmo neste pedaço de abril, foram muito maiores do que ocorria normalmente nesses períodos antes da pandemia. Março sempre foi um mês de transição, ainda relativamente tranquilo, mas o que ocorreu neste ano foi muito atípico”, relata a médica Maristela Filippi de Oliveira.
Essa também é a constatação do médico João Krauzer. Para ele, os atendimentos realizados agora estão superando inclusive os períodos de alta dos invernos passados. “A gente atendia uma média de 120 pacientes por dia nessa época do ano antes da pandemia. No auge do inverno, em julho, por volta de 140 a 150. Hoje, estamos beirando os 200 atendimentos por dia, o que dá uma medida desse crescimento. Ontem, no dia 10, por exemplo, 197 pacientes passaram pela nossa emergência pediátrica. Destes, 117 atendimentos foram em pacientes com doenças respiratórias, a grande maioria”, explica.

Vacinação deve ser reforçada

Outro fator que acaba acarretando em um maior número de atendimentos e internações por problemas respiratórios é o atraso da vacinação. Além da vacinação infantil contra a Covid-19 estar seguindo um ritmo mais lento em relação ao que foi com os adultos, a vacinação contra a gripe também diminuiu em adesão nos últimos anos. “A nossa orientação é que os pais levem os filhos para fazer as duas vacinas, pois ambas são muito importantes para proteção das crianças e para aliviar o sistema de saúde”, afirma o pediatra José Paulo Ferreira.
“A baixa adesão vacinal é algo que nos preocupa muito. Pelo o que observamos, a diminuição da vacinação das crianças contra a gripe diminuiu em torno de 40% nos últimos anos, com muitos pais não vacinando os filhos porque iriam ficar em casa. Por isso, agora, além da vacinação da Covid-19, também é muito importante que a vacinação contra a gripe volte a ser como era antes”, reforça o médico João Krauzer.
Como lembra ainda Francisco Isaías, os cuidados de etiqueta respiratória e de prevenção da Covid-19 também se aplicam aos outros vírus respiratórios. “Os vírus sazonais que agora circulam têm uma transmissão semelhante à transmissão da Covid-19. Por isso, muitas das medidas de prevenção são as mesmas, como a higienização das mãos e das superfícies dos objetos, a ventilação dos ambientes, o uso de máscaras quando possível e necessário, e, principalmente, a aplicação das vacinas disponíveis”, conclui.