Atualizada às 13h
A endemia de dengue, zika e chikungunya na capital gaúcha já é classificada como crítica pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Em apenas quatro meses, o surto da doença já atinge alta histórica em 2022 — desde o surgimento, nunca houve tantos casos da doença na capital gaúcha.
Desde sexta-feira (8), a capital gaúcha está no nível 2 (de 0 a 3) do plano de contingência — caracterizado pela alta infestação de mosquitos Aedes aegypti, aumento no número de infecções e a confirmação de um caso grave de dengue.
Até última atualização do
painel oficial, Porto Alegre soma 1.352 notificações e 766 casos confirmados de dengue, zika e chikungunya em 2022. Desses, 749 são autóctones, ou seja, foram contraídos no município.
O diretor adjunto da Vigilância em Saúde, Dr. Benjamin Roitman, afirma que nenhum ano anterior foi equivalente ao quadro de dengue registrado neste ano. “É o ano que mais teve casos, e vai ter mais. A dengue diminui quando o inverno começa para valer — a proliferação de mosquitos cai com a chegada do frio. Mas provavelmente ainda teremos um período de calor e incidência de chuvas, e os casos de dengue vão subir”, afirma.
Em apenas quatro meses, os números já superam o total registrado em 2019. No ano que antecedeu a pandemia da Covid-19, foram contabilizados 1.289 casos suspeitos, 467 confirmados e 440 autóctones. As infecções diminuíram para 43 em 2020, das quais seis aconteceram na capital. Os casos voltaram a aumentar em 2021, com 86 confirmações e 66 autóctones.
"Os mosquitos estão aqui há muitos anos. Infelizmente, não conseguimos eliminar os criadouros — isso é um problema no Brasil inteiro. Temos áreas mais vulneráveis, onde questões ambientais favorecem o aumento de casos. Mas não há explicação sobre a diferença deste ano em comparação aos anteriores", diz o especialista.
Roitman destaca que todos os pacientes internados se recuperaram na capital, que não registrou óbitos até o momento. A paciente com dengue que esteve internada em estado grave nos últimos dias já obteve alta hospitalar.
"As faixas etárias extremas são mais vulneráveis. Crianças e idosos têm mais riscos de complicações", frisa.
Como se prevenir
Segundo Roitman, na maioria dos casos, a recuperação é tranquila e sem necessidade de atendimento hospitalar. Mesmo em quadros de internação, o tratamento da doença é simples, baseado na hidratação dos pacientes.
Ele explica que o jeito de se prevenir é um: ficar longe dos mosquitos. "A dengue não é transmissível de pessoa para pessoa. Seja em casa ou no trabalho, o cuidado deve ser o mesmo: usar repelente para manter o mosquito longe", ressalta.
A orientação do especialista é utilizar repelente todos os dias e dar preferência a roupas compridas, como calças e blusas com mangas. Além disso, também é indicado evitar áreas onde há casos confirmados (se possível) e estar atento a possíveis focos de proliferação, como águas paradas.
Roitman destaca, ainda, que existem quatro tipos diferentes de dengue — portanto, a reinfecção é possível em até quatro vezes. "Não há imunidade cruzada entre os tipos de dengue e a chance de complicações é maior a cada infecção", ressalta.
É necessário buscar atendimento ao apresentar febre e dois ou mais dos seguintes sintomas compatíveis com dengue: dor atrás dos olhos, pequenas manchas vermelhas no corpo, dor nas articulações, dores musculares, dor de cabeça, náuseas e vômitos. O Sistema Único de Saúde (SUS) fornece repelente de forma gratuita a pacientes quem obtém diagnóstico positivo através da rede pública.
Onde há dengue em Porto Alegre
O distrito sanitário Leste concentra o maior número de notificações e confirmações: dos 619 casos suspeitos, 443 foram confirmados, todos autóctones. A região Centro-Sul está logo atrás, com 122 notificações e 85 casos confirmados e contraídos no local. O Partenon teve 123 suspeições, mas confirmou 64, dos quais 61 são autóctones.
Também são afetados os seguintes distritos sanitários:
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Centro — 94 notificações, 38 confirmados e 34 autóctones;
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Sul — 65 notificações e 28 confirmados autóctones;
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Noroeste — 49 notificações, 23 confirmados e 20 autóctones;
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Glória — 43 notificações e 17 confirmados autóctones;
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Cruzeiro — 17 notificações e 6 confirmados autóctones;
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Cristal — 22 notificações e 5 confirmados autóctones;
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Eixo Baltazar — 21 notificações e 5 confirmados autóctones;
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Extremo Sul — 11 notificações e 3 confirmados autóctones;
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Humaitá Navegantes — 11 notificações e 2 confirmados autóctones;
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Lomba do Pinheiro — 16 notificações e 5 confirmados autóctones;
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Norte — 19 notificações, 1 confirmado e nenhum autóctone;
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Nordeste — 14 notificações e 1 confirmado autóctone;
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Restinga — 10 notificações e 1 confirmado autóctone;
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Ilhas — uma notificação e nenhum caso confirmado.