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- Publicada em 09 de Dezembro de 2021 às 10:33

'Se for para tirar a dor dos pais, que me condenem', diz Luciano Bonilha, réu da Kiss

Luciano se disse vítima da tragédia e admitiu ter entregue artefato pirotécnico ao vocalista da banda

Luciano se disse vítima da tragédia e admitiu ter entregue artefato pirotécnico ao vocalista da banda


Reprodução/YouTube TJ-RS/JC
Juliano Tatsch
Eram 9h12min da manhã desta quinta-feira (9) quando teve início o nono dia de julgamento dos réus do incêndio da boate Kiss, no Foro Central I, em Porto Alegre. O dia de trabalhos comandado pelo juiz Orlando Faccini Neto começou com o interrogatório de Luciano Bonilha Leão, produtor musical da banda Gurizada Fandangueira, que é um dos acusados do caso.
Eram 9h12min da manhã desta quinta-feira (9) quando teve início o nono dia de julgamento dos réus do incêndio da boate Kiss, no Foro Central I, em Porto Alegre. O dia de trabalhos comandado pelo juiz Orlando Faccini Neto começou com o interrogatório de Luciano Bonilha Leão, produtor musical da banda Gurizada Fandangueira, que é um dos acusados do caso.
O interrogatório começou com o réu respondendo a questionamentos realizados pelo magistrado. Conforme Luciano, a banda já havia feito shows anteriormente na Kiss fazendo uso de artefatos pirotécnicos. O acusado confirmou que fazia a compra dos artefatos pirotécnicos para a Gurizada Fandangueira e que, na noite da tragédia, foi ele que entregou ao vocalista Marcelo de Jesus dos Santos a luva com o equipamento que causou as chamas no teto da casa noturna. “Fui eu que coloquei a munhequeira na mão dele e o artefato já estava na munhequeira. Fui eu, fui eu. Existia um sistema por controle remoto que acionava. Quando eu botei na mão do Marcelo, eu podia ter botado isso (o controle remoto) no bolso do Marcelo, mas eu estava ali para acionar, porque não faria? Fui eu que acionei”, disse.
Conforme ele, a boate estava cheia, o que dificultava, inclusive, a comunicação com o técnico de som da banda. “Era muito apertado, muito apertado”, observou.
A partir desse momento, um emocionado Luciano passou a se direcionar aos familiares das vítimas que estavam no plenário. “Eu sei que o coração dos pais não está entendendo a minha dor, e eu não tenho como entender a dor deles. (...) Uma mãe que perde um filho, não podemos dizer que o grito deles não tem valor. Esses pais não têm mais o abraço do filho. Esses pais estão legítimos em lutarem pelos filhos deles. Estou sentado aqui e tenho a convicção de que não foi o meu ato que causou essa tragédia, mas, mesmo sabendo que também sou uma vítima, se for para tirar a dor dos pais, que me condenem”, afirmou, em lágrimas.
Após terminado o interrogatório do juiz, Luciano foi orientado pela sua defesa a não responder perguntas da acusação, tampouco dos outros advogados de defesa. O réu explicou o motivo de não responder ao Ministério Público. “Foram quase nove anos. A promotoria nunca quis saber quem é o Luciano. Hoje estou sentado aqui, não posso chorar, não posso rir. Eu não tenho sentimento. Sou um morto-vivo. O Ministério Público eu acreditava que iria defender o povo e eu sou do povo, sou um cidadão de bem. Foi muito mais fácil colocar o print de um erro de português meu do que querer saber a minha história. Tiveram o tempo inteiro de querer ver quem é o Luciano Eu fui o único réu que disse que o julgamento devia ser em Santa Maria, que Santa Maria estava preparada para julgar isso. O MP me tirou de Santa Maria para fazer o júri. Como eu vou oportunizar a eles (fazerem perguntas) se eles não me oportunizaram falar. Tiveram nove anos para saber a minha história”, disse o réu.
Por fim, Luciano respondeu a perguntas elaboradas pelos seus próprios advogados. Em uma delas, quando o advogado Jean Severo perguntou se ele tinha sequelas do ocorrido. “Eu não posso ter nada, não posso ter sequela, porque sou assassino. Minha sequela está aqui”, disse tirando da bolsa um saco plástico cheio de remédios.
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