A apresentação dos investimentos do programa Avançar nas áreas penal e socioeducativa no Rio Grande do Sul na manhã desta sexta-feira pelo governador Eduardo Leite teve um anúncio especial: a demolição das galerias da Cadeia Pública de Porto Alegre (antigo Presídio Central).
A demolição dos prédios onde estão as celas dos detentos e a posterior construção de novas galerias moduladas receberão um investimento de R$ 115 milhões. Assim como a demolição dos prédios atuais, as novas galerias serão erguidas por etapas e terão capacidade para 1.856 presos.
A transformação do Presídio Central se dará em um plano de seis fases, com a desocupação dos pavilhões, a realocação dos presos, a construção de novos módulos e um plano de recuperação. Junto a isso, se dará a construção de um novo presídio no complexo de Charqueadas, que irá receber investimento de R$ 145 milhões para a criação de 1.656 vagas. O novo presídio em Charqueadas irá absorver o excedente de detentos atual da cadeia da Capital, que, atualmente, conta com 3.456 presos para uma capacidade de 1.824 vagas - déficit de 1.632 vagas.
Governador disse que cadeia da Capital será transformada em símbolo (Foto de Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini/JC)
“A nova cadeia de Porto Alegre e a penitenciária de Charqueadas são um investimento conjunto, pois a construção em Charqueadas vai permitir a absorção de presos e o processo de transição do Central. Vamos demolir cada uma das galerias e construir novas em um presídio central em Porto Alegre totalmente novo, com condições adequadas, cumprindo a determinação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)”, destacou o governador Eduardo Leite. Desde 2014, uma decisão da CIDH determina que sejam tomadas medidas em relação à penitenciária da Capital.
A parte administrativa do presídio será mantida de pé. Apenas as galerias onde ficam os detentos serão derrubadas. Em seu lugar, serão erguidos nove módulos novos.
Partes novas (em azul) substituirão galerias antigas no presídio (Palácio Piratini/Divulgação/JC)
“Queremos transformar o Central em um símbolo de readequação, de correção. Se queremos uma sociedade mais segura, o sistema a prisional tem de promover a efetiva restrição de liberdade, sem contatos não permitidos com o mundo exterior, assim como a ressocialização, que é fundamental. Não temos prisão perpétua nem pena de morte. Todos que cumprem pena voltarão ao convívio social, e é obrigação do poder público garantir que esse retorno se dê sem a interferência de grupos criminosos”, ressaltou Leite.
A expectativa é de que as obras comecem no início de 2022 e que todos os trabalhos terminem em 12 meses, com a conclusão e entrega da nova penitenciária no final do próximo ano.
Ao todo, o Avançar nos Sistemas Penal e Socioeducativo contempla um investimento total de R$ 465,6 milhões até o final do ano que vem. De acordo com o governo, os valores são superiores aos aplicados nos últimos dez anos nas duas áreas.
Os recursos serão divididos em três setores:
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Justiça – R$ 6 milhões
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Sistema socioeducativo – R$ 16,2 milhões
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Sistema penal – R$ 443,4 milhões
Confira abaixo para onde serão aplicados o restante dos valores anunciados pelo governo do Estado nesta sexta-feira:
Procon RS (R$ 1,7 milhão) – Estruturação da plataforma digital para que o serviço chegue a 409 municípios onde não está presente fisicamente, atendendo, assim, cerca de 8 milhões de pessoas.
Mapa Social (R$ 500 mil) - Levantamento de dados sobre a legislação existente e ações governamentais implementadas nas diversas regiões gaúchas, permitindo a realização de um diagnóstico sobre as políticas públicas disponíveis nas 497 cidades do Rio Grande do Sul.
Observatório da Socioeducação (R$ 500 mil) - Aprimoramento dos fluxos de informação; tomada de decisão com base em indicadores; planejamento integrado de ações preventivas e protetivas com base em dados estatísticos e critérios objetivos; mapeamento da trajetória percorrida pelo adolescente em cumprimento das medidas socioeducativas.
Qualificação, infraestrutura e inteligência (R$ 3,3 milhões) – Qualificação e infraestrutura da Secretaria de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo; instalação do Centro Integrado de Inteligência e Sistemas de Monitoramento Eletrônico do Rio Grande do Sul.
Obras e engenharia (R$ 16,2 milhões) - Construção do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Osório e Construção do abrigo de visitas de Porto Alegre, Caxias do Sul e Uruguaiana.
Segurança e tecnologia (R$ 109,3 milhões) – Aquisição de veículos para a Susepe; locação de viaturas; armas, munições, coletes balísticos, escudos, capacetes, joelheiras, algemas e rádios comunicadores; aquisição de drones; scanner corporal; sistema de detecção de sinal com bloqueador de celular, com solução antidrone.
Gestão e tratamento penal (R$ 21,54 milhões) – Aparelhamento de novas unidades; Aparelhamento do Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp); recursos para as Associações de Proteção e Assistência aos Condenados (APACs) - Pelotas, Santa Cruz e Porto Alegre.
Obras e engenharia (R$ 312,5 milhões) - Construção da Cadeia Pública de Caxias do Sul (388 vagas); Construção da Cadeia Pública Masculina de Rio Grande (388 vagas); Conclusão da Penitenciária de Guaíba I (672 vagas); Construção da Cadeia Pública Feminina de Passo Fundo (286 vagas); Construção da Cadeia Pública de Alegrete (286 vagas); Ampliação da Penitenciária Estadual de Canoas I (188 vagas); nova Cadeia de Porto Alegre e Penitenciária de Charqueadas (3.512 vagas).