Faltando pouco mais de um mês para o ano letivo de 2021 se encerrar – o calendário da Secretaria Estadual de Educação (Seduc-RS) determina o encerramento do ano na rede pública gaúcha para o dia 15 de dezembro – as escolas do Rio Grande do Sul, sejam elas municipais, estaduais ou privadas, tiveram de se readaptar para receber a totalidade dos seus alunos. Isso porque, a partir desta segunda-feira (8) as
aulas presenciais são obrigatórias no Rio Grande do Sul, conforme decreto publicado no dia 29 de outubro pelo governo do Estado.
O impacto maior se dá na rede pública, onde o ensino remoto ainda se mantinha com força. Com uma estrutura inferior à encontrada na rede privada, as escolas públicas têm mais dificuldade em manter o distanciamento exigido nos protocolos de saúde.
Boa parte das escolas consultadas pela reportagem do Jornal do Comércio indicam que o retorno dos alunos às salas de aula está se dando com boa adesão. No entanto, o revezamento dos alunos será mantido, principalmente em razão da exigência do distanciamento mínimo de 1 metro entre os alunos, que é difícil de ser praticado em escolas com salas de aula com espaço menor.
Diretora da Escola Estadual de Ensino Fundamental Gabriela Mistral, localizada no bairro Santo Antônio, em Porto Alegre, a professora Aline Dornelles aponta que os alunos estão retornando. “Temos uma boa adesão nesse retorno. Já estávamos praticando o revezamento há algum tempo. Então, já tínhamos feito essa adaptação. Como nossa escola é de turno integral, estamos fazendo um revezamento em dois grupos”, aponta a educadora.
A escola administrada por Aline conta com cerca de 380 alunos tem turmas com, em média, 25 alunos. “Estamos com entre 10 e 12 alunos em sala de aula”, diz a diretora.
O retorno obrigatório é duramente criticado pelo Cpers Sindicato, que representa os professores da rede pública estadual. Conforme o vice-presidente da entidade, Alex Saratt, os professores não foram ouvidos pelo governo do estado e a decisão é “açodada” e traz estranhamento.
“Vemos com estranheza e insatisfação a decisão de retomar a as aulas presenciais faltando tão poucos dias para o encerramento do ano letivo. Foi uma decisão açodada. Faltou diálogo com a comunidade escolar, com o sindicato também, para que pudéssemos ponderar e expressar nossas insatisfações. A obrigatoriedade traz um problema que poderia ser evitado”, aponta o professor.
Para Saratt, a falta de diálogo da Secretaria Estadual de Educação com as comunidades escolares marcou todo o período da pandemia. “Durante todo o tempo, as decisões a respeito do ano letivo ficaram concentradas na Seduc. Os estudantes, suas famílias e os profissionais da educação precisavam ter sido ouvidos. O Cpers tem uma tradição de discussão didática e pedagógica muito consistente. A trajetória do ensino remoto e, depois, do híbrido foi de muito ziguezague. O ideal seria encerrar o ano nas condições já apresentadas. Foi uma decisão quase de surpresa que, no nosso modo de ver, não vai implicar em uma melhoria substantiva”, opina.
Na rede privada, a situação é diferente. A maior parte das escolas já havia retomado o ensino presencial antes do decreto do governador Eduardo Leite.
Com 3.275 alunos matriculados o Colégio Anchieta, na Capital, trabalha com praticamente a totalidade dos alunos em sala de aula. Na Educação Infantil (3 a 5 anos), 99% das crianças já estão tendo aulas presencialmente. No Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano), a presença é de 98%. Já no Ensino Fundamental 2 (6º ao 9ºAno) e no Ensino Médio, em torno de 85% dos alunos está tendo aulas presenciais.
De acordo com o Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe/RS), 73,5% das escolas privadas gaúchas conseguirão receber, a partir desta segunda-feira, todos os alunos em sala de aula. Os dados são de uma pesquisa realizada pelo sindicato de 1 a 4 de novembro, com 113 instituições associadas da Educação Básica (Educação Infantil, ensinos Fundamental e Médio e cursos técnicos).
O levantamento aponta que, em função do distanciamento mínimo de um metro entre os estudantes, 23,9% das escolas ainda precisarão fazer rodízio. A necessidade de revezamento ocorrerá, em média, em 30% das turmas.
Para o presidente do Sinepe/RS, Bruno Eizerik, a expectativa para esse retorno é positiva. “A volta às aulas presenciais tem relevância não só na questão pedagógica, mas também socioemocional, o convívio no ambiente escolar é fundamental para nossas crianças e jovens. Apesar de estarmos próximos do final do ano letivo, todo dia de aula importa, e felizmente agora os estudantes estarão na sala de aula”, afirma.
Confira as principais regras que deverão seguidas nas escolas:
- Distanciamento mínimo de 1 metro entre os estudantes. (O novo decreto possibilita que as instituições que não puderem assegurar o distanciamento mínimo devido ao tamanho do espaço físico escolar poderão adotar o sistema de revezamento dos estudantes. Para tanto, deverão assegurar a oferta do ensino remoto naqueles dias e horários em que os alunos não estiverem presencialmente na escola)
- Uso obrigatório de máscara
- Higienização constante das mãos
- Ambientes ventilados