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Geral

- Publicada em 24 de Setembro de 2021 às 11:34

Pesquisa do Ministério da Saúde sobre vacinação em crianças tem resistência das classes A e B em Porto Alegre

Último inquérito nacional sobre o cenário do PNI foi feito em 2007

Último inquérito nacional sobre o cenário do PNI foi feito em 2007


ANSELMO CUNHA/PMPA/DIVULGAÇÃO/JC
Um estudo contratado pelo Ministério da Saúde está fazendo o mapeamento da cobertura vacinal de crianças entre 3 e 4 anos nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal. O inquérito em andamento usa um método de amostras domiciliares e surge após o registro, pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), de queda nos índices de vacinação em todos os imunizantes oferecidos. Em Porto Alegre, a pesquisa conta com o apoio do professor Sotero Serrate Mengue, do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia (PPGEPI) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). O pesquisador alerta que os pesquisadores estão com dificuldades na capital gaúcha. Se, por um lado, o trabalho já cobriu as áreas mais pobres da cidade, o contato com as classes A e B tem apresentado grande percentual de recusas.
Um estudo contratado pelo Ministério da Saúde está fazendo o mapeamento da cobertura vacinal de crianças entre 3 e 4 anos nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal. O inquérito em andamento usa um método de amostras domiciliares e surge após o registro, pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), de queda nos índices de vacinação em todos os imunizantes oferecidos. Em Porto Alegre, a pesquisa conta com o apoio do professor Sotero Serrate Mengue, do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia (PPGEPI) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). O pesquisador alerta que os pesquisadores estão com dificuldades na capital gaúcha. Se, por um lado, o trabalho já cobriu as áreas mais pobres da cidade, o contato com as classes A e B tem apresentado grande percentual de recusas.
“Os setores censitários da cidade são organizados por grupos de renda e em cada grupo são sorteados domicílios, onde os pesquisadores buscam crianças nascidas em 2017 e 2018. Quando uma criança é localizada, o responsável assina um termo de consentimento livre e esclarecido, responde uma entrevista sobre dados socioeconômicos e um questionário sobre motivos de hesitação vacinal”, explica Mengue. Os pesquisadores ainda tiram uma fotografia da carteira de vacinação da criança como forma de registrar os dados.
Enquanto o contato com as famílias das classes C e D se deu de forma tranquila, o mesmo não tem ocorrido nas classes sociais mais altas, dificultando o trabalho das equipes de campo. “O nosso grande problema é que as pessoas das classes A e B não têm recebido nossos entrevistadores. Na parte operacional, existe uma grande dificuldade de fazer o contato para que as pessoas possam saber e participar da pesquisa. Praticamente todos os prédios têm portarias que dificultam ou impedem o acesso ao contato com moradores, tanto as portarias presenciais quanto as remotas”, explica o professor. O pesquisador ressalta que a diminuição da taxa de resposta em inquéritos domiciliares é uma tendência mundial. “Vários são os potenciais motivos dessa diminuição e não existem ferramentas para explorar isso mais profundamente, já que não conseguimos falar com as pessoas”, comenta.
O inquérito foi feito pela última vez em 2007, ano em que mostrou uma diferença de cobertura vacinal quando comparados os registros oficiais do Ministério da Saúde e os resultados da pesquisa. “Em geral, as coberturas vacinais com dados administrativos eram superiores aos obtidos no inquérito. Esse superdimensionamento gerava uma falsa confiança no programa de vacinação. Outro problema observado é a baixa cobertura para a maioria das capitais, o que implica o risco de formação de bolsões de suscetíveis e a possibilidade do ressurgimento ou aumento das doenças preveníveis por vacinação”, avalia Mengue.
Os registros mais recentes apontam quedas nos índices de coberturas vacinais, tendência que afeta o Brasil e diversos outros países do mundo. Os especialistas apontam alguns motivos para esta diminuição. Entre eles, o próprio sucesso do Programa Nacional de Imunização, uma vez que a população atual não convive com tantos casos de doenças imunopreveníveis como antigamente, desvalorizando assim a importância da vacinação para a manutenção da situação epidemiológica atual. Nos últimos anos, houve ainda o crescimento de movimentos antivacina, que minimizam os benefícios da imunização. Também são apontadas a deficiência de oferta e a falta de operacionalização da vacinação em outros ambientes como por exemplo escolas, universidades e locais de trabalho.
Mengue esclarece a importância do inquérito vacinal para a confirmação destas teses. “A queda da cobertura vacinal é observada em vários países, não somente no Brasil. Como a nossa logística de aplicação da vacina é distinta, precisamos saber se os motivos da queda são iguais ou diferentes aos observados nos diferentes países. A estimativa real da cobertura na coorte de nascidos vivos em 2017, 10 anos após o último inquérito nacional, é fundamental para a avaliação do PNI e a identificação de suas barreiras e facilitadores, proporcionando subsídios para a proposição de estratégias para melhorar o seu desempenho”, aponta o pesquisador.
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