Em agenda em Porto Alegre, Queiroga visita hospitais e se esquiva de falar da CPI

Em sua segunda vinda à Porto Alegre neste ano, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fez uma visita relâmpago à Capital nesta sexta-feira (2), onde esteve nos hospitais Santa Casa de Misericórdia, Moinhos de Vento e Nossa Senhora da Conceição. Acompanhado por parlamentares da bancada federal gaúcha, ele manteve reuniões com as diretorias das instituições de saúde, visitou algumas alas, e se esquivou de comentar os desdobramentos da CPI da Covid, preferindo enfatizar o avanço da imunização, programas desenvolvidos pela pasta e os investimentos no enfrentamento à pandemia.

No início da tarde, Queiroga conheceu o Hospital Moinhos de Vento (HMV), onde foi recebido pela diretoria da casa. No encontro, o superintendente médico Luiz Antonio Nasi resgatou a história da instituição e falou de projetos e investimentos em pesquisa. O ministro destacou o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema único de Saúde (Proadi-SUS), desenvolvido pela pasta, e elogiou o HMV por ser considerado um dos seis hospitais de excelência do País, único fora do Sudeste.

"O HMV é um dos hospitais de excelência do Brasil, e integra o Proadi. Através desse programa nós desenvolvemos políticas públicas que são muito importantes para o aprimoramento do nosso SUS", disse, enfatizando a qualidade da estrutura hospitalar. Segundo ele, o objetivo do Ministério é conseguir "transformar todos os hospitais do Brasil em Moinhos de Vento" e ter parceria constante entre as instituições e a pasta.

Na sequência, por volta das 17h, a última agenda de Queiroga na cidade foi no Hospital Conceição, local que já havia visitado em abril, quando esteve pela primeira vez no Estado. De acordo com o diretor-geral da instituição, Claudio Oliveira, seriam atualizados ao ministro os números de enfrentamento à pandemia e detalhado o trabalho desenvolvido no Grupo Hospitalar Conceição.

Oliveira também pretendia reforçar ao ministro a necessidade de liberação de recursos para finalização das obras do Centro de Oncologia do hospital, que estão 70% concluídas. Segundo ele, foram alocados R$ 18 milhões de recursos próprios, mas ainda faltam R$ 15 milhões, que serão solicitados ao ministro e aos parlamentares da bancada federal gaúcha. No Conceição, Queiroga também conhecerá, em primeira mão, o Laboratório de Simulação Realística, que será inaugurado na semana que vem. "Através dele, nossos alunos residentes poderão, através de simulação, praticar e desenvolver habilidades de decisão. É um trabalho muito moderno, e queremos mostrar antes ao ministro, para que ele saiba o que os hospitais do SUS, vinculados ao Ministério, estão fazendo neste momento", enfatizou o diretor.

No final da manhã, ao desembarcar na cidade, Queiroga esteve ainda na Santa Casa, onde foi recebido pelo cardiologista Fernando Lucchese e manteve reunião com o diretor-geral do complexo, Julio Matos, com o provedor Alfredo Englert, e demais membros da diretoria. Ele recebeu relatos dos números assistenciais, projetos e planos da instituição. Entre os assuntos destacados, enfatizou o andamento da imunização contra a Covid-19 no Estado e enalteceu o trabalho das Santas Casas e hospitais filantrópicos no atendimento a pacientes vítimas do coronavírus.

Segundo interlocutores do hospital, ele visitou unidades que atendem pelo SUS recentemente reformadas, o Hospital da Criança Santo Antônio e o São Francisco, e se esquivou de falar sobre a CPI em curso no Senado e o inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Jair Bolsonaro. Em rápida fala à imprensa, afirmou ter "preocupação zero" com as suspeitas de irregularidade acerca da compra da vacina indiana Covaxin.

Queiroga destacou ainda a liberação de recursos destinados às Santas Casas do País, responsáveis por quase 60% dos atendimentos pelo SUS em todo o território nacional. Por meio de uma medida provisória, serão encaminhados R$ 2 bilhões para esses hospitais, sendo R$ 2,2 milhões já confirmados para a Santa Casa de Porto Alegre.

De última hora, foi incluída na agenda do ministro uma conversa reservada com o prefeito da Capital, Sebastião Melo, prevista para o final da tarde, no Paço Municipal. Ao longo de todo o dia, não houve nenhum contato de Queiroga com membros do Executivo gaúcho. Em sua primeira vinda ao Estado, há três meses, o ministro foi recepcionado pelo governador Eduardo Leite no Piratini.