Conforme o presidente da Carris, Maurício Gomes da Cunha, para se manter operacional até o final do ano, a empresa necessitará de aportes mensais da prefeitura na quantia de R$ 6 milhões ao mês, de junho a dezembro, totalizando R$ 42 milhões aplicados pelo município na companhia pública de transporte. “Temos uma frota de 315 ônibus em operação. As empresas privadas puderam diminuir o custo de operação em razão da medida provisória do governo federal. A Carris não, por ser uma empresa pública. Nosso custo móvel, com combustível, manutenção, é de 30%. O custo fixo, com pessoal, é 70% do total”, observou Cunha.
De acordo com o presidente da estatal, em 2021, a Carris não precisou de aportes financeiros da prefeitura nos meses de janeiro, fevereiro, março e maio. “Precisamos do aporte em abril e em junho a Carris precisa de novo do aporte de R$ 6 milhões. E precisaremos, no segundo semestre, todos os meses, de um aporte de R$ 6 milhões”, enfatizou.
A Carris é responsável pela operação de 22,44% do sistema, conforme o presidente da empresa. Outro ponto tratado por Cunha diz respeito às receitas com publicidade nos ônibus. A ampliação dos espaços para publicidade nos veículos sempre é citada como uma possibilidade ampliação de renda para o sistema. Segundo o presidente da empresa municipal, a publicidade tem um potencial de render até R$ 660 mil por ano à Carris. "Nesse último mês foi paga uma fatura de R$ 30 mil, um contrato que é pago com base nos ônibus em operação. O contrato tem um potencial de atingir até R$ 55 mil por mês. Não atingiu porque não temos toda a frota em operação no momento em razão da pandemia."
O Projeto de Lei 013/2021, protocolado hoje na Câmara de Vereadores, autoriza a prefeitura a "alienar ou transferir, total ou parcialmente, a sociedade, os seus ativos, a participação societária, direta ou indireta, inclusive o controle acionário, transformar, fundir, cindir, incorporar, liquidar, dissolver, extinguir ou desativar, parcial ou totalmente, a Companhia Carris Porto-Alegrense (Carris), por quaisquer das formas de desestatização estabelecidas na legislação pátria, e alienar ou transferir os direitos que lhe assegurem, diretamente ou através de controladas, a preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores da sociedade, assim como alienar ou transferir as participações minoritárias diretas e indiretas do seu capital social".
A principal justificativa apresentada pelo Executivo municipal para propor a desestatização da Carris é a crise no sistema de ônibus, com grande diminuição no número de passageiros causada, conforme o texto enviado à Câmara, pelo aumento de usuários que possuem gratuidades em razão da mudança na curva demográfica da população e a chegada dos aplicativos de transporte individual.