O
interior puxou a adesão à greve geral no Rio Grande do Sul nesta sexta-feira (14). As manifestações ocorreram em todo o País desde a madrugada, em protesto contra a reforma da Previdência e cortes de recursos na educação. Em Porto Alegre, houve tensão em frente a empresas de ônibus com a ação do Batalhão de Choque e cavalaria da Brigada Militar. Também teve
ação da choque da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na BR-290 em Eldorado do Sul.
"Nas demais cidades do Rio Grande do Sul, houve bastante adesão. O resultado foi pacífico", disse o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) no Estado, Guiomar Vidor. Segundo o sindicalista, paralisações de transporte e serviços (saúde e educação) e bloqueios em rodovias foram registrados em mais de 100 cidades.
Apesar de alguns conflitos, Vidor considerou o saldo da greve como positivo. "Conseguimos levar um alerta para a sociedade que, se a proposta for encaminhada ao Congresso, vai acabar com os diretos dos trabalhadores no momento mais frágil das suas vidas", afirma Vidor.
Entre as localidades com maior adesão, estão Pelotas, Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Carazinho, Passo Fundo e Uruguaiana. O presidente da CTB observou que o fato de a adesão atingir mais o interior "foi curioso".
Em Uruguaiana, a paralisação atingiu escolas públicas e até particulares, como o Colégio Marista Santana e o Instituto Laura Vicuña, de linha católica, que estão entre os maiores da cidade. A adesão acabou gerando reação de pais contrários à greve. Em outras cidades, piquetes na frente de empresas ajudaram a elevar as paralisações. Em Santa Maria, teve concentração em frente a garagens como da empresa Planalto.
Piquetes foram feito em frente de empresas como na Planalto, em Santa Maria. Foto: MST/Divulgação
Pela manhã na Capital, comitês formaram-se em frente às companhias de ônibus, como a Carris. O clima, no entanto, foi de tensão, e integrantes do ato e polícia entraram em confronto. Vidor definiu a postura da Brigada Militar como um "comportamento desproporcional contra os trabalhadores".
De acordo com Vidor, a atuação teria contrariado o acordo feito em reunião, nessa quinta-feira (13), com a própria Brigada Militar e a Polícia Civil. "O Batalhão de Choque foi para os locais, foram jogadas bombas de efeito moral e a cavalaria partiu sobre os manifestantes. Não foi oportunizado conversar", criticou o sindicalista. Como saldo, uma manifestante teria sido atingida no braço por um golpe de espada, sem ferimentos graves, informaram os movimentos.
Em frente ao HPS, a
manifestação ocorria de maneira pacífica na manhã desta sexta, mas após confusão, uma integrante do ato foi atingida por bala de borracha disparada pela Brigada Militar. A BM informou que 54
manifestantes foram presos em Porto Alegre. No Estado, foram 76, segundo comunicado durante a tarde da BM. "Durante as manifestações, a BM esteve de prontidão para manter a ordem pública e a segurança da população", rebateu, por nota, a BM.
BM divulgou imagem de policial que teve olho atingido por pedra em Alvorada
Um policial militar ficou ferido nos embates em Alvorada. Matheus Lemos Borges, 28 anos, foi atingido por uma pedra no olho direito. Borges, que é do 24º Batalhão de Polícia Militar (BPM), foi levado ao Hospital Banco de Olhos para atendimento e avaliação dos danos ao olho.
Na Capital, a paralisação que levou a fechamento de agências bancárias foi o maior efeito. Mas as manifestações e seus impactos deste ano ficaram bem abaixo das verificadas nos atos contra a reforma trabalhista em 2017, nos quais a Capital teve maior movimentação. Houve agora protestos na ruaem frente ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) e INSS, no Centro Histórico. Está previsto ato no fim da tarde na Esquia Democrática.