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Saúde

- Publicada em 02 de Janeiro de 2019 às 00:35

Parceria com a iniciativa privada será ampliada em 2019, diz Harzheim

Burocracia em excesso atrasa efetivação de soluções, afirma secretário da Saúde que deixa cargo

Burocracia em excesso atrasa efetivação de soluções, afirma secretário da Saúde que deixa cargo


LUIZA PRADO/JC
Liderando a Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre (SMS) desde o início da gestão do prefeito Nelson Marchezan Júnior, o médico de família Erno Harzheim contabilizou avanços, como a abertura do Hospital Santa Ana, a ampliação dos serviços do Hospital da Restinga e o fortalecimento da participação da iniciativa privada. Neste mês, Harzheim assumirá o cargo de secretário executivo adjunto do Ministério da Saúde, em Brasília. Na última semana de 2018, antes de se despedir da SMS, ele conversou com o Jornal do Comércio e detalhou os planos da prefeitura para a área da saúde em 2019.
Liderando a Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre (SMS) desde o início da gestão do prefeito Nelson Marchezan Júnior, o médico de família Erno Harzheim contabilizou avanços, como a abertura do Hospital Santa Ana, a ampliação dos serviços do Hospital da Restinga e o fortalecimento da participação da iniciativa privada. Neste mês, Harzheim assumirá o cargo de secretário executivo adjunto do Ministério da Saúde, em Brasília. Na última semana de 2018, antes de se despedir da SMS, ele conversou com o Jornal do Comércio e detalhou os planos da prefeitura para a área da saúde em 2019.
Jornal do Comércio - O ano de 2018 se encerrou com uma dívida gigantesca do Estado para com os municípios e os hospitais. Esse passivo está afetando a prestação de serviços na Capital?
Erno Harzheim - Recebemos, cerca de R$ 10 milhões mensais do Estado, que nos deve uns R$ 80 milhões. Temos usado nossos saldos para superar isso. Nosso planejamento independe do pagamento da dívida atual, mas vai sofrer mudanças se o Estado continuar sem pagar. Era uma praxe, no município, terminar o ano com muito recurso de saldo, e temos a meta de diminui-lo, sem usá-lo na totalidade. Temos tentado usar essa verba - fizemos reformas e compramos um tomógrafo para o Hospital de Pronto Socorro. Vamos gastar cerca de R$ 11 milhões em equipamentos - já gastamos cerca de R$ 3 milhões.
JC - O Plano de Superação da População de Rua envolve a participação de mais de uma secretaria, como a da Saúde e a Fasc (Fundação de Assistência Social e Cidadania). Como está o andamento do plano?
Harzheim - A Saúde não se integrava muito bem à Fasc, essa é uma autocrítica que faço. Como a coordenação do plano veio para a SMS, essa integração aconteceu a pleno, e estamos tendo efeitos importantes. Temos de 2 mil a 4 mil pessoas em situação de rua na Capital. Mais de 130 já foram atendidas e tiveram o problema resolvido - ou voltaram à cidade de origem, ou foram encontrar a família em outra cidade, sempre envolvendo o contato entre a assistência social daqui e do município. Temos 13 pessoas no Aluguel Solidário e dez imóveis. Estamos com gargalo no número de imóveis - temos recursos, temos interessados, mas faltam imóveis. O plano tende a ser intensificado em 2019.
JC - Como está a reposição dos profissionais cubanos do programa Mais Médicos?
Harzheim - Quando saíram os 14 médicos cubanos, estávamos com 255 de Atenção Primária, então, ficamos com 241. Estamos repondo - 11 brasileiros já estão trabalhando. Temos cerca de 115 médicos do programa na Capital e queremos diminuir esse número. Precisamos ter profissionais em uma contratação diferente, mais sólida. Por que depender de um sistema de provimento médico? Quanto mais tempo o médico fica na Atenção Primária, mais ele conhece o paciente. Como os médicos do programa ficam, no máximo, três anos, causa uma troca muito grande, não é bom para a qualidade do serviço.
JC - A área da saúde tem dialogado e buscado parcerias com a iniciativa privada. Isso deve seguir nos próximos dois anos da gestão?
Harzheim - Deve, inclusive, ser intensificado. O Sistema Único de Saúde (SUS) é público, entrega o serviço sem cobranças. A prestação do cuidado, porém, não precisa ser, necessariamente, estatal. A qualidade do serviço estatal fica a desejar em várias áreas. Além disso, o serviço de saúde exige flexibilidade, precisa ser atualizado. As habilidades e as necessidades mudam. Então, vamos continuar com essas parcerias. Todas são feitas com bons contratos, que priorizam as demandas e as listas de espera - como o do Hospital da Restinga - ou que dão mais potencial de acesso e de qualidade ao restante da rede - como o do Hospital Santa Ana. Acreditamos que esse é o caminho que o SUS tem de seguir, inclusive em nível federal.
JC - Como os funcionários estão lidando com o atraso dos salários?
Harzheim - Ninguém fica satisfeito. Preferíamos que não ocorresse, mas a situação econômica de Porto Alegre é muito ruim, e isso prejudica a qualidade do trabalho prestado. Desde o início da gestão, o prefeito Nelson Marchezan Júnior e o vice-prefeito Gustavo Paim priorizaram a Saúde como uma das três principais áreas de atuação da prefeitura. Estamos, finalmente, trazendo a gestão do Fundo Municipal de Saúde para cá. Temos feito parceria com a Secretaria da Fazenda no intuito de absorver alguns custos com recursos estaduais e federais para priorizar a saúde financeira do município. Temos dificuldades, mas avançamos com os recursos que tínhamos. Se a situação financeira fosse outra, teríamos feito muito mais - por exemplo, ampliado a cobertura de Saúde da Família para 60%. Subimos de 50% para 55%. A burocracia também é um dos obstáculos - tomamos uma decisão e, até transformá-la em ação, são várias etapas. Além disso, a superposição dos órgãos judiciais também atrasa o percurso. 

Entre 2017 e 2018

  • Fortalecimento da atenção primária, aperfeiçoamento da regulação clínica e trabalho com evidências científicas e tecnologia de informação e de comunicação
  • Reorganização interna da SMS
  • Contratação de profissionais pelo Imesf
  • Ampliação de 230 para 264 equipes de Saúde da Família - cerca de 240 contam com médicos
  • Atendimento estendido até as 22h em três unidades de saúde
  • Abertura da Clínica de Família da Restinga
  • Informatização da assistência farmacêutica, gerando economia de R$ 4 milhões em compras de medicamentos
  • Protocolos de enfermagem na atenção primária
  • Telessaúde nas listas de Dermatologia, Pneumologia e Oftalmologia, zerando a lista de espera em Dermatologia e diminuindo as outras duas
  • Redução da lista de espera em Ortopedia de 26 mil pacientes para 12 mil, com aumento na oferta de consultas
  • Lançamento de software de regulação de internações - quase 70% dos leitos estão regulados em tempo real
  • Protocolo de atendimentos que acelera a entrada na UTI
  • Troca da frota de ambulâncias - 15 ambulâncias novas
  • Contratação de médicos para o SAMU
  • Ampliação de 48 leitos de saúde mental
  • Abertura de um CAPS IV com 20 leitos
  • Ampliação em 66 leitos no Hospital Vila Nova
  • Abertura do Hospital Santa Ana, com 205 leitos, incluindo 56 de saúde mental e 10 de UTI
  • Ampliação do Hospital da Restinga - de 62 para 111 leitos, além da abertura da UTI, do bloco cirúrgico e de ambulatórios
  • Ampliação de 11 para 15 equipes de Melhor em Casa
  • Aquisição, via doação, da Unidade Móvel de Saúde  

Planos para a área da saúde em 2019

  • Concurso público para profissões não médicas do Imesf
  • Abertura de três novas Clínicas da Família (na Restinga, no IAPI e na Unidade Sanitária Navegantes)
  • Início do convênio entre o Telessaúde e o Hospital Sírio-Libanês para nove especialidades
  • Edital de contratação de condutores de ambulância
  • Abertura de dois Caps III Álcool e Drogas, cada um com 12 leitos, em fevereiro
  • Caps II Vila Nova passa a ser Caps III, com 12 leitos
  • Abertura de três serviços residenciais terapêuticos com dez leitos cada, em março
  • Abertura de edital de 16 linhas de cuidado que trarão subsídios técnicos e científicos aos profissionais
  • Ampliação de unidades abertas até as 22h: em janeiro, abre a Unidade Sanitária Ramos, na Zona Norte. Outras quatro serão abertas ao longo do ano
  • Entrega da Unidade de Saúde Morro dos Sargentos
  • Nova Unidade de Saúde Mato Sampaio
  • Aquisição, via doação, de uma Unidade Móvel de Saúde para atender a população em situação de rua, com banheiros e máquina de lavar roupa