Porto Alegre promove ações para reduzir número de fumantes

Um dos eventos ocorreu no terminal de ônibus Parobé, ao lado do Mercado Público, onde o secretário municipal de Saúde, Fernando Ritter, e o diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Vanderlei Cappellari, colaram cartazes informativos a respeito da Lei Municipal nº 759/2015, atualização da Lei Municipal nº 555/2006, que proíbe o fumo em recinto coletivo, público ou privado, inclusive em paradas de ônibus cobertas. "Inicialmente, não iremos multar quem não respeitar a lei, pois acreditamos que a primeira coisa que o poder público deve fazer é conscientizar e sensibilizar as pessoas dos malefícios que o fumo traz. O cidadão tem o direito de fumar, mas precisamos evitar que aqueles que não gostam de fumar não passem pelos problemas graves causados pelo cigarro", aponta Ritter.

O secretário da Saúde sabe que mudar a cultura porto-alegrense do cigarro não é uma tarefa fácil. "Não é uma ação isolada que vai modificar esse hábito, por isso temos que mudá-lo aos poucos. Começamos com a proibição de fumar em alguns espaços públicos fechados, depois os abertos. Agora, chegamos às paradas de ônibus, que são outra iniciativa. Temos trabalhado muito nas unidades de saúde e junto com secretarias municipais da Região Metropolitana e tivemos bons resultados, diminuiu muito a quantidade de fumantes nesses espaços", observa. A conscientização sobre a proibição da nova lei se dará, inicialmente, com a colocação de cartazes informativos em ônibus, paradas e unidades de saúde.

Conforme o secretário municipal de Saúde, Fernando Ritter, Porto Alegre é a sétima capital brasileira com o maior número de novos casos de câncer de boca e a primeira em número de fumantes regulares, um dos principais fatores de risco para a doença.

Além da estrutura montada no Largo Glênio Peres, as equipes realizam, juntamente com estudantes da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), ações descentralizadas em unidades de saúde ao longo do ano. "Esperamos aumentar o número de pessoas examinadas e, assim, detectar precocemente as alterações dos tecidos moles da boca, que são um indício de câncer na boca", destaca o gestor, que é especialista em saúde bucal. No ano passado, o mutirão atendeu a 359 pessoas. Neste ano, até as 13h30min, o número já estava em 345. O levantamento total deve ser divulgado nesta sexta-feira.

Ritter ressalta que o público de fumantes tem mudado na Capital, aumentando a quantidade de mulheres que consomem tabaco e diminuindo a de homens. "Antes, a relação entre o número de mulheres e homens que fumam era bem diferente. Agora, é cada vez mais parelho e tem se identificado mais alterações nos tecidos moles, lesões e câncer de boca na população feminina. Isso nos preocupa, pois as mulheres são formadoras de opinião, responsáveis pelas famílias, um exemplo para seus maridos e filhos", pondera.

No ano passado, 1.030 novos casos do tumor surgiram no Estado, sendo 840 em homens e 190 em mulheres. O câncer de boca é o segundo que mais leva homens a óbito no Rio Grande do Sul. As lesões podem ser encontradas nos lábios, na língua, na garganta ou na parte posterior da boca.

No entanto, um estudo inédito do Instituto Nacional do Câncer (Inca) demonstra que, entre os brasileiros que consomem cigarros industrializados, cresceu a proporção daqueles que fumam cigarros de origem ilícita. Em 2008, 2,4% dos fumantes obtinham cigarro proveniente do mercado ilegal ? em 2013, o percentual passou para 3,7%.

"A redução do consumo deve ser comemorada, mas o crescimento do consumo de cigarros ilícitos merece total atenção. Sendo legal ou ilícito, o cigarro faz mal à saúde e precisa ser combatido. O diálogo e a participação dos países de fronteira, principalmente do Paraguai, nas ações de coibição do comércio ilegal são fundamentais. Esse será um tema que levarei para o encontro dos ministros da saúde do Mercosul no próximo mês", destacou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.