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dia da consciência negra

- Publicada em 21 de Novembro de 2013 às 00:00

Para fundador do Grupo Palmares, é preciso ampliar orçamento para políticas públicas


Jornal do Comércio
A 23ª Semana da Consciência Negra de Porto Alegre terminou ontem com o Dia da Consciência Negra. A data marca o dia da morte do líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi, em 1695. Mesmo após 318 anos, ainda são muitas as lutas do movimento negro no Estado.
A 23ª Semana da Consciência Negra de Porto Alegre terminou ontem com o Dia da Consciência Negra. A data marca o dia da morte do líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi, em 1695. Mesmo após 318 anos, ainda são muitas as lutas do movimento negro no Estado.
O advogado Antônio Carlos Côrtes foi um dos fundadores do Grupo Palmares, em 1971, que encabeçou a discussão para alterar o Dia da Consciência Negra de 13 de maio – quando ocorreu a abolição da escravatura no Brasil – para 20 de novembro. Segundo ele, naquela época seria impossível imaginar que um dia houvesse políticas afirmativas contra a desigualdade.
“Os meus quatro milhões de irmãos que vieram da África sofreram um genocídio e nunca receberam nenhum tipo de apoio. Depois da abolição, ocorreu a mesma coisa, e o preço é pago até hoje”, diz.
Para Côrtes, as cotas raciais em universidades têm um resultado efetivo. “Os Estados Unidos têm 15% da população negra, a mesma taxa que temos no Rio Grande do Sul. Lá, Kennedy (John F., presidente dos EUA entre 1961 e 1963) instituiu a política de cotas em 1960, o que possibilitou que, hoje, eles tenham um presidente negro e muitos negros em posições de poder”, exemplifica. E salienta: “O sistema de cotas não é para durar a vida inteira, mas para diminuir esse poço de desigualdade que existe atualmente. Mas, enquanto ele existir, eu sou a favor de qualquer tipo de cota.”
O advogado recomenda que negros e brancos reflitam a respeito da história. “Os brancos também precisam pensar em tudo o que os seus ancestrais fizeram no passado, para não reproduzirem tendências culturais”, diz.
Edilson Nabarro, sociólogo e vice-coordenador da Coordenadoria de Acompanhamento da Política de Ações Afirmativas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), aponta como um passo essencial a destinação de orçamento para a promoção de políticas públicas. “Nós temos o exemplo do Rio de Janeiro, onde o Dia da Consciência Negra é feriado. Isso não é pouca coisa. É necessário ter esse tipo de medida efetiva”, afirma. As cotas, para ele, entram nisso. “Elas são parte de uma etapa conclusiva que ainda está em fase larval. Resolvendo o problema dos negros pobres, se resolve o dos brancos pobres também, porque a questão, no Brasil, é racial. Essas medidas cortam o ciclo de ‘é negro porque é pobre e é pobre porque é negro’”, explica.
Para celebrar a data, a Frente Quilombola do Rio Grande do Sul promoveu ontem à tarde a Marcha Zumbi dos Palmares. Foi uma caminhada de cerca de três mil pessoas, do Largo Glênio Peres até o Largo Zumbi dos Palmares. A concentração se iniciou com apresentações de grupos de capoeira. Após o evento, a escola de samba Imperadores do Samba realizou um show no local.
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