Professores gaúchos desenvolvem aparelho inibidor de apetite

Os inventores são os professores Alexandre Conde, dentista, e Simara Ruffatto, nutricionista.

O desenvolvimento do objeto partiu, de acordo com Conde, de uma evidência clínica, que nada mais é que a constatação através do acompanhamento do tratamento dos pacientes no consultório. Neste caso foi verificada a mudança nos hábitos alimentares. A partir da análise e de um estudo teórico e técnico resultando em um trabalho científico, os pesquisadores concluíram que a estimulação alimentar é feita através das terminações nervosas do sistema estomatognático, envolvendo a boca, os músculos da mastigação e da deglutição, e toda articulação temporomandibular, popularmente conhecido como "carrinho".

O Aiosa é utilizado durante as refeições, permitindo ao paciente a certeza de que ao longo da mastigação, além de permitir contato entre os dentes sem interferência, ele também não se deslocará ou sairá do céu da boca. O tratamento não pode ser indicado por um dentista, pois este profissional não tem o respaldo legal para prescrever programas de perda de peso. A descoberta da causa ou consequência da obesidade, por exemplo, deve ser feita por um nutricionista, nutrólogo, endocrinologista, cardiologista ou cirurgião plástico. Estes profissionais irão conceder a primeira consulta ao paciente, verificando a inexistência de contraindicações em suas áreas de atuação. "Ocorrendo a indicação, o paciente é encaminhado ao dentista, que descartará as contraindicações odontológicas para a confecção do aparelho sob medida", explica Conde. Em seguida, ele retorna ao primeiro profissional consultado para dar início à terapia.

O professor lembra, também, que o êxito do tratamento pode ser obtido de uma forma melhor, caso seja feito juntamente com uma reeducação alimentar. "Se utilizado sozinho, o Aiosa faz com que o paciente perca peso, mas os melhores resultados foram obtidos com a associação de dietas hipocalóricas", revela Conde.

A orientação do nutricionista faz com que a pessoa não coma alimentos de alta densidade calórica. O desempenho do aparelho é o mesmo, provocando a saciedade e, consequentemente, o paciente come menos. Nesse caso, como a alimentação não é adequada, o resulto final não será o esperado.

O aparelho é indicado a pacientes que tenham necessidade de perda de peso por excesso de tecido adiposo ou que necessitam manter peso ou apresentam o efeito "sanfona", perda seguida e rápida recuperação dos quilos. O tratamento é indicado, também, a pessoas que sofram de taquifagia - comer rápido sem trituração adequada do alimento -, pacientes com diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica (pressão alta), diabetes melito, colesterol ou triglicerídeo alto. "Nestes casos o tratamento auxiliará na redução do peso corporal, o que possibilitará um melhor prognóstico para estas patologias", diz o dentista. Conde relembra que para estes casos não se descarta eventuais medicações prescritas pelo médico responsável.

Em relação aos resultados, ele explica que o paciente que fez uso do Aiosa, acompanhado de uma dieta hipocalórica, em um período de dois meses perdeu 7% de seu peso - o tratamento foi acompanhado durante o desenvolvimento da pesquisa. Por outro lado, a pessoa que só fez a reeducação alimentar, sem o uso do invento perdeu 5% do peso. O custo do aparelho, tirando os gastos com o nutricionista ou médico especializado, pode chegar a R$ 2 mil.