Conhecer o perfil dos consumidores das chamadas drogas sintéticas que frequentam a cena eletrônica de Porto Alegre e Região Metropolitana. Este é o principal objetivo de um estudo do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas (CPAD) do Hospital de Clínicas da Capital.
Em parceria com a Universidade de Delaware, nos Estados Unidos, a pesquisa está recrutando 200 pessoas com idades entre 18 e 39 anos que não estejam passando por tratamento. Os pesquisadores prometem sigilo total. Para colaborar com o Projeto Perspectiva Ufrgs, é preciso ter consumido algum tipo de club drug (quadro ao lado) nos últimos três meses.
Os escolhidos serão acompanhados pelo período de um ano. Ao todo, serão quatro contatos com o grupo do CPAD, onde será avaliado o desempenho das funções cerebrais cognitivas - memória, percepção visuoespacial, atenção, planejamento e execução de tarefas. Também será analisado o comportamento sexual para verificar o grau de risco com relação a doenças sexualmente transmissíveis (DST).
Além disso, os pesquisadores pretendem traçar um diagnóstico psiquiátrico desses consumidores de drogas sintéticas. “Queremos aprofundar os estudos para termos uma base científica. Desta maneira, poderemos delinear ações específicas para abordar o problema. Elas deverão servir como estratégias de políticas públicas de saúde para o futuro”, explica Lysa Remy, psicóloga do CPAD.
Segundo ela, é preciso diferenciar o tipo de consumidor de drogas. “O usuário de crack não tem o mesmo perfil de quem usa cocaína ou maconha, por exemplo. Só assim, vamos estabelecer diretrizes mais eficientes para o tratamento.”
A procura por voluntários para a pesquisa vem sendo feita pela internet e também em abordagens durante as festas da cena eletrônica. Até agora, a adesão ao projeto ainda é pequena. “Estamos realizando duas reuniões semanais, com grupos de discussão, para estabelecer um contato mais próximo com eles”, comenta.
Do grupo atual, a psicóloga informa que o perfil é de pessoas saudáveis, que cursam o Ensino Superior e têm idades na faixa dos 20 a 30 anos. “São de classe média e frequentadores assíduos das baladas, na média uma vez por semana. E é nessas festas que fazem uso das club drugs”, revela.
A perspectiva inicial é finalizar a coleta de dados até a metade do ano que vem. Mas a demora em conseguir voluntários pode atrasar o cronograma. Se tudo transcorrer conforme o planejado, o CPAD espera apresentar os resultados do estudo ainda no primeiro semestre de 2011.
Os interessados em participar da pesquisa devem entrar em contato através do telefone (51) 3330.5813. Também é possível obter mais informações pelo e-mail
pperspectiva@gmail.com. Na internet, os pesquisadores mantêm uma página no site de relacionamentos Orkut. Basta procurar pelo nome Projeto Perspectiva Ufrgs.