Operando há 23 anos em Porto Alegre, a padaria Barbarella Bakery anunciou o encerramento das atividades nesta semana. A marca, criada pela chef de cozinha Ana Klein, conta com outra unidade em Curitiba, no Paraná, que segue em funcionamento. De acordo com a empreendedora, a decisão foi motivada, principalmente, pela ação da Vigilância Sanitária no estabelecimento em agosto.
“Dando um contexto comercial e contábil do negócio, até agosto, era uma empresa com um faturamento sempre padrão. A despeito de todas as questões econômicas, a minha unidade de Porto Alegre era uma unidade bastante rentável”, afirma Ana, comentando que o faturamento da empresa ficava entre R$ 300 mil e R$ 310 mil até a inspeção. Após a reabertura do estabelecimento depois das adequações solicitadas pelo órgão, a receita despencou para um quarto desse valor, mantendo-se em cerca de R$ 80 mil nos meses subsequentes.
Na época, a ação da Vigilância Sanitária no bairro Moinhos de Vento acabou interditando outros locais além da Barbarella. Na inspeção ao estabelecimento, a Vigilância apontou ter encontrado fezes de ratos em áreas de produção e banheiros e baratas mortas. De acordo com a fiscalização, também havia acúmulo de sujeira em equipamentos e produtos sem procedência comprovada. Na vistoria, 600 kg de alimentos foram inutilizados e as atividades de produção, manipulação e comercialização foram suspensas.
Ana contesta a narrativa divulgada na época sobre o descarte de 600 kg de alimentos impróprios. De acordo com o seu relato, o problema central não era a validade dos produtos, mas a ausência de um selo específico (Código de Fabricação Interno - CFI) nas etiquetas de manipulação, uma exigência que ela afirma não ser cobrada da mesma forma em outras praças, como Curitiba.
Naquele período, Ana publicou um vídeo em suas redes sociais afirmando que as fezes encontradas, na verdade, eram farinha de rosca tostada e sementes de abóbora adicionadas em alguns pães da marca.
“Foi uma exposição muito forte, porque nos afetou muito na reabertura. O motivo do fechamento foi a ação, mas principalmente a exposição e a forma com que isso foi explorado”, afirma a empreendedora.
Apesar do fechamento em Porto Alegre, a Barbarella mantém sua operação em Curitiba. Os planos futuros da marca incluem foco na escala do produto, expandindo o alcance do pão da Barbarella para além das lojas físicas. Além disso, Ana prevê um projeto de reinserção social envolvendo a empresa.
Ana ainda afirma que este é um "adeus momentâneo" a Porto Alegre, e que a Barbarella pretende voltar para casa no futuro, mas de uma forma adaptada às mudanças do mercado. “O pão quentinho não vai parar e irá chegar para mais pessoas”, conclui.

