Em um pequeno ponto da Cidade Baixa, em Porto Alegre, um restaurante asiático vem chamando atenção pelo sabor, pela originalidade e pela história que carrega. Inaugurado em outubro, o Jejori Dimsum Haus nasceu do encontro de dois sonhos que se cruzaram recentemente no Brasil, mas que já vinham sendo construídos muito antes em diferentes partes do mundo.
Marjorie Ann Castillo Tamio chegou ao Brasil em 2014, vinda das Filipinas, trazendo na bagagem não apenas a vivência de sete anos trabalhando com culinária em Hong Kong, onde morou, mas também o desejo antigo de abrir seu próprio restaurante. "Minha ideia de abrir um restaurante existe há muito tempo", afirma, lembrando que sempre manteve esse plano mesmo quando as condições não eram favoráveis.
No Brasil, começou sua trajetória trabalhando para uma família chinesa, onde cozinhou diariamente e aprimorou técnicas que hoje são marca registrada do Jejori. Depois da morte do patriarca da família que a havia contratado, o clima mudou e Marjorie decidiu recomeçar.
Já seu amigo e sócio, Jesrae Cudal Laguna, também filipino, chegou ao Brasil apenas alguns meses atrás, após viver quatro anos no Uruguai. Analista de negócios na área de tecnologia, ele também alimentava o sonho de empreender na gastronomia. "Sempre quis ter um restaurante, gostava muito de cozinhar em casa", conta. Quando conheceu Marjorie, a afinidade apareceu rapidamente. Bastaram algumas conversas para que ambos percebessem que compartilhavam não só origens, mas projetos de vida semelhantes.
A ideia de abrir uma dimsum haus - restaurante especializado em refeições tradicionais chinesas de pequenos pratos e petiscos preparados no vapor ou fritos - surgiu quase de imediato. "Desde o início, a ideia era investir nesse modelo", lembra Marjorie, comentando sobre o formato do restaurante, que é a primeira dimsum haus da Capital. O modelo consiste em diversos pratos pequenos, como bolinhos, pãezinhos, rolinhos primavera, pensados para compartilhar. "Em Porto Alegre, esse tipo de culinária praticamente não existia, e por ser um preparo artesanal é um grande diferencial", comenta a empreendedora.
Dimsum, apesar do tamanho pequeno, exige técnica, cuidado e tempo. No Jejori, as massas, recheios e temperos são preparados internamente. "É tudo caseiro, feito por nós", reforça Jesrae. O cardápio reúne influências filipinas, chinesas, japonesas e coreanas, criando uma identidade múltipla.
A massa transparente, feita de batata doce, é salteada com vegetais e pode ter adição de frango ou carne de porco
NATHAN LEMOS/JC
O espaço encontrado era pequeno, exigindo reformas e adaptações. O tamanho, no entanto, fez parte da estratégia. "Escolhemos começar pequeno, porque ninguém sabia se ia dar certo", explica Jesrae. A escolha mostrou-se acertada. Logo no primeiro dia de funcionamento, o restaurante surpreendeu. "Pagou o aluguel no primeiro dia", recorda Marjorie. A clientela começou a crescer impulsionada pelo boca a boca.
Hoje, o Jejori aposta no acolhimento e na oferta de sabores pouco comuns na capital gaúcha. Os clientes costumam elogiar o tempero e a experiência. Segundo a empreendedora, todo cliente que vai uma vez, passa a ir frequentemente. "Alguns se tornam parte da rotina da casa", conta o empreendedor.
O cardápio, inicialmente enxuto, expandiu e agora inclui opções de almoço, como massas e frango frito em duas versões. Entre os destaques do restaurante, estão os rolinhos primavera filipinos. O Japchae - macarrão coreano - também faz sucesso entre os clientes. A massa transparente, feita de batata doce, é salteada com vegetais e pode ter adição de frango ou carne de porco. As porções e pratos custam entre R$ 24,00 e R$ 60,00.
Com o sucesso da primeira unidade, os sócios se preparam para um novo passo. Marjorie e Jesrae querem investir em uma segunda unidade em Gravataí, onde residem atualmente. De acordo com os empreendedores, a nova loja será mais estruturada e pensada para atender uma demanda crescente. O restaurante original ficará sob os cuidados de um terceiro sócio, Estelito Senajonon.
Endereço e horário de funcionamento do Jejori:
O Jejori Dimsum Haus funciona de segunda a sábado, das 11h às 14h, e das 19h às 23h.
O restaurante é dividido em dois espaços
EVANDRO OLIVEIRA/JC

