Uma das maiores redes farmacêuticas do Brasil, a gaúcha Panvel implementou o programa 50+, que foca na recolocação de profissionais desta faixa etária no mercado de trabalho. A iniciativa, criada há cerca de um ano, surge em um momento de reconhecimento de um ambiente de trabalho multigeracional e da necessidade de criar conexão com clientes mais maduros.
De acordo com Érica Portolan, coordenadora de sustentabilidade da Panvel, foi necessário um estudo de quatro meses para entender de que forma o projeto seria aplicado e qual era a viabilidade da iniciativa. “A parte do conselho é formada por gerações mais maduras. Então, em alguns momentos, temos até cinco gerações convivendo no mesmo espaço. A partir disso, começamos a notar a necessidade de um olhar com mais inclusão e diversidade”, afirma a executiva.
O projeto nasceu também a partir da necessidade dos próprios clientes da marca, formados por uma parte expressiva de pessoas com mais de 50 anos e idosos. Entendendo que o varejo é a porta de entrada do mercado de trabalho para muitos jovens e observando a necessidade de criar conexão com seu público através de identificação, a Panvel passou a incentivar a inserção dos 50+ dentro das lojas.
“Alguns desses profissionais já estavam afastados, aposentados, e o nosso papel é auxiliar em uma possível transição de carreira ou uma retomada. Junto a isso, percebemos que nossos clientes mais velhos gostam de ser atendidos sempre pelo mesmo atendente, de preferência um que tenha a mesma experiência que eles, as mesmas vivências”, observa Érica.
O novo programa é também uma adaptação às previsões que indicam o envelhecimento da população. “O mercado precisa começar a se preocupar com isso e a se moldar para conseguir sustentar essa mudança. Então, esse também foi um dos grandes fatores”, pontua.
Érica aponta que o programa não se restringe a uma única área da companhia, sendo trabalhado em todas as posições, sejam elas no corporativo, nos ambulatórios, centros de distribuição e lojas.
“Não há distinções nas vagas, todas elas são inclusivas. Há uma diferença na tratativa no processo seletivo, mas é mais um acompanhamento, um olhar especial, eu diria assim. Precisamos entender se aquela pessoa, realmente, compreende a posição que irá ocupar e seus desafios”, comenta, afirmando que estar disposto é o fator essencial.
Entre os principais desafios do programa está a insegurança das primeiras gerações com a tecnologia. “Temos muita tecnologia inserida em diferentes setores da marca. Então, o primeiro receio que percebemos é em relação à adaptação a essas tecnologias. Por esse motivo, investimos muito em formação dentro do nosso programa. Temos todo um subsídio de informações sobre tecnologia para que eles consigam se sentir mais seguros e mais inseridos na rotina”, destaca.
A convivência multigeracional tem gerado discussões mais completas e pontos de vista mais interessantes, sendo as gerações vistas como complementares. Érica aponta que os colaboradores mais jovens auxiliam os mais velhos na questão da tecnologia e agilidade, enquanto a geração mais madura transmite experiência, calma, e ajuda a geração mais nova a “colocar os pés no chão”.
Outro ponto positivo observado após um ano de aplicação do programa é a taxa de retenção dos colaboradores 50+, que tende a ser maior do que a taxa de retenção dos colaboradores mais jovens. Em um ano de programa, a porcentagem de colaboradores nessa faixa etária aumentou de 9% para mais de 11% do quadro total.

