Foram apresentados, nesta quarta-feira (15), os cinco jovens selecionados para o intercâmbio na Espanha, através do programa Partiu Futuro Reconstrução, realizado pelo governo do Rio Grande do Sul. Em um evento com a presença do vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza, do secretário de Desenvolvimento Social, Beto Fantinel, e do diretor da Demà, Vinícius Ribeiro, foi detalhada a missão que levará os estudantes ao exterior. O intercâmbio é promovido pela entidade qualificadora Renapsi, por meio da tecnologia social Demà Aprendiz.
A iniciativa é um programa de aprendizagem profissional desenvolvido para estudantes de baixa renda, em vulnerabilidade social, inseridos no Cadastro Único, em especial os afetados pelas enchentes de maio de 2024 que devastaram o Estado. O programa representa um marco histórico no Rio Grande do Sul, pois é a primeira vez que o Estado contrata jovens aprendizes utilizando recursos públicos estaduais.
O Jovem Aprendiz é uma lei federal aplicada desde 2001. Até então, o Estado ainda não utilizava a iniciativa, para contratação de jovens. “Depois de muito tempo, o Rio Grande do Sul está utilizando essa lei para contratar jovens, com carteira de trabalho assinada, diferente do estágio. Quando tu assinas a carteira de trabalho destes jovens, todos os benefícios trabalhistas são colocados, mas não é só isso, também tem a questão muito importante de inserção deles no mercado de trabalho. É o primeiro emprego deles, sendo viabilizado pelo governo do Estado, que os coloca para trabalhar em órgãos públicos, sejam estaduais ou municipais”, destacou Gabriel Souza.
O programa, que atende jovens de 14 a 21 anos, tem como objetivo principal romper ciclos de vulnerabilidade, contribuindo para a transformação social da realidade das famílias e comunidades. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 10% da população mais vulnerável do Brasil leva, em média, nove gerações para alcançar a renda média do brasileiro. Segundo o secretário Beto Fantinel, o programa busca enfrentar essa desigualdade.
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Com um investimento de R$ 22 milhões, o programa contratou, em sua primeira edição, 1,5 mil jovens, envolvendo 23 municípios parceiros, sendo 750 vagas destinadas para Porto Alegre e Canoas e 750 para 21 municípios do interior. A expectativa para a segunda edição é a contratação de 2.785 jovens, ampliando a ação para o interior do Estado, contemplando 75 municípios.
Do RS para o mundo
A missão internacional oportunizará experiências com grandes players mundiais. Barcelona e Valência estão entre as cidades que serão visitadas, e o objetivo é que os estudantes aprendam sobre reconstrução e justiça climática a partir do que essas cidades vivenciaram com tragédias climáticas, em especial Valência.
“A proposta é que eles representem os 1,5 mil jovens do programa e toda a juventude gaúcha. A ideia é trazer elementos formativos, educacionais e pedagógicos que consigam formar essas novas lideranças. Valência também teve uma enchente, uma tragédia climática muito grande. E é justamente esse o nosso elo de troca, porque queremos aprender como eles fizeram, se transformaram, se reconstruíram e também queremos mostrar o que foi feito aqui” destacou Vinícius Ribeiro.
Évelin Staczak de Oliveira, Lukas Scheibler Kalkman e Nyara Victoria Prudencio Romero são de Porto Alegre, enquanto Monica Letícia da Rosa Schmidt e Vitor Eduardo Moraes dos Santos são de Canoas. Os cinco formam o grupo que realizará a viagem entre os dias 20 e 28 de outubro.
Para além das questões relacionadas ao mercado de trabalho e a questões financeiras, o vice-governador afirmou que o programa é uma injeção de autoestima para os jovens. "Tivemos jovens da Mathias Velho, em Canoas, com coluna de água chegando a oito metros de altura, destruindo seus móveis, mas também suas histórias de vida. Quando a água atinge as casas, o governo pode ir lá, eventualmente, dar um subsídio, fazer com que a casa seja reconstruída. A fotografia do aniversário, do nascimento dos filhos, a roupa preferida, o presente de casamento, enfim histórias de vidas foram perdidas. Então a autoestima também acaba sendo impactada e, exatamente por isso, precisamos de histórias que melhoram a autoestima dessas pessoas e a perspectiva de futuro."

