Ao longo do Setembro Amarelo, quando muito se fala sobre saúde mental, chamam atenção ações de empresas do Rio Grande do Sul para preservar colaboradores. Alguns negócios incluem o tema em suas rotinas e veem benefícios coletivos a partir disso.
Para Elton Matos, sócio fundador e diretor executivo da Airlocker, primeira franquia brasileira de armários inteligentes, cabe às organizações encontrarem um ponto seguro entre a imposição de desafios e a valorização do funcionário, provendo o crescimento tanto do indivíduo quanto da companhia.
Segundo Elton Matos, o cuidado humanizado é essencial no ambiente de trabalho
Rute Arcari/Divulgação/JC
“As empresas precisam trazer um significado que agregue e proveja um desafio para esse colaborador, mas que não seja um fardo maior do que ele consiga carregar. Às vezes, eu até dou uma cruz um pouco mais pesada para aqueles que têm capacidade. Então, é realmente um olhar com muito cuidado para a pessoa e entender se ela está apta para carregar a responsabilidade”, destaca o CEO.
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A mesma perspectiva é compartilhada por Cleber Gomes, CEO e sócio fundador da Maestria, empresa qualificada em consórcio e produtos financeiros no B2B. Para ele, o setembro amarelo fortalece um movimento essencial nas empresas direcionado ao adoecimento mental dos contribuintes. “Hoje nós temos dentro do nosso negócio um psicólogo full-time com quem o colaborador pode fazer terapia. Nós também incentivamos a leitura, contendo uma biblioteca dentro da empresa, e a realização de cursos especializados, tudo para tratar a mente”, explica. Gomes ainda esclarece que o cuidado com a saúde começa a partir do consumo de conteúdo no dia a dia, e aconselha sempre ressignificar rapidamente notícias ruins.
Cleber Gomes, diretor executivo da Maestria
Arquivo Pessoal/Divulgação/JC
Apesar dos avanços, ainda há resistência no mercado em reconhecer a saúde mental como parte da rotina corporativa. Em certos casos, a falta de validação da causa potencializa a antiga cultura profissional, voltada para a produtividade imediata em detrimento das práticas de bem-estar. Exemplo crescente em discussões, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma síndrome ocupacional, o burnout ganha cada vez mais espaço ao evidenciar os impactos do estresse prolongado no trabalho, afetando tanto a saúde dos funcionários quanto a produtividade das empresas. Ademais, quadros de depressão e ansiedade também representam parcela significativa dos afastamentos, refletindo um cenário que exige atenção contínua.
Segundo o Ministério da Previdência Social, em 2024, foram 3,5 milhões de pedidos de licença no INSS motivados por várias doenças. Desse total, 472 mil solicitações foram atendidas por questões de saúde mental. No ano anterior, foram 283 mil benefícios concedidos por esse motivo, ou seja, um aumento de 66,8%. Analisando a crescente do período, o País enfrentava a Covid-19 e mais recentemente, no Rio Grande do Sul, as enchentes que devastaram a região, deixando cerca de 146 mil pessoas desalojadas.
“Às vezes, as empresas estão olhando para os resultados e esquecem do processo de cuidado para as pessoas. Pensa o seguinte, para uma empresa ser bem-sucedida, as pessoas têm que ser bem-sucedidas, e ser bem-sucedidas como? Mentalmente”, complementa o CEO da Maestria.
Nessa visão, Matos reforça que o cuidado humanizado deve fazer parte da cultura organizacional de uma empresa, e que ele deve ser repassado aos responsáveis pelos setores como forma de preservar um ambiente saudável.

