Fundada por Albino Eloy Schweitzer, a empresa testemunhou a passagem do legado para as mãos de seu genro, Marlin Kohlrausch, e, mais recentemente, para a neta, Andrea Kohlrausch, atual representante do negócio

De pai para filha: tradicional marca gaúcha de calçados infantis chega à terceira geração


Fundada por Albino Eloy Schweitzer, a empresa testemunhou a passagem do legado para as mãos de seu genro, Marlin Kohlrausch, e, mais recentemente, para a neta, Andrea Kohlrausch, atual representante do negócio

A Calçados Bibi, uma marca nascida em Parobé, no Rio Grande do Sul, celebra a trajetória de 76 anos de mercado e de consolidação como uma pioneira no segmento de calçados infantis. Fundada por Albino Eloy Schweitzer, a empresa testemunhou a passagem do legado para as mãos de seu genro, Marlin Kohlrausch, e, mais recentemente, para a neta, Andrea Kohlrausch, atual presidente e representante da terceira geração à frente do negócio familiar.
Com uma produção anual superior a 2,6 milhões de pares de sapatos por ano, a Bibi mantém presença global, exportando 22% de sua produção para mais de 60 países. Para Andrea, a sua jornada no universo Bibi não foi uma escolha, mas um destino quase inato. "Como estamos na terceira geração, quando estava ainda na barriga, ou antes de nascer, a Bibi já estava na minha vida", brinca ela. Desde a infância, a marca já fazia parte de sua rotina, não apenas pelo negócio, mas pelos calçados que usava.
Andrea recorda uma predisposição natural para o business, que se manifestava em suas brincadeiras. "Os meus brinquedos, na época, já eram voltados para um negócio. As minhas bonecas estavam empreendendo", conta. Enquanto uma de suas irmãs escolheu a medicina, Andrea sentia a inclinação para os negócios de maneira evidente. Os pais, por sua vez, ofereceram total liberdade para as escolhas das filhas, descreve Andrea.
Após a escola, a empreendedora buscou formação em administração e internacionalização, e logo pediu uma oportunidade para trabalhar na empresa. No início, foi office girl, com funções como ir ao banco e fazer cheques, no final da década de 1990, antes da era digital, recorda. Andrea garante que a imersão permitiu que ela passasse por diversas áreas da empresa, compreendendo cada detalhe da operação. Seu pai, por sua vez, foi um mentor ativo na jornada. "Me sinto privilegiada pelo contato com essas áreas de uma forma diferente, mesmo muito nova, ter expandido o meu olhar", conclui,
Para a marca, um dos projetos mais transformadores foi o de franchising, há 17 anos iniciado em conjunto entre pai e filha e, posteriormente, passado à liderança de Andrea. Na época, a Bibi era predominantemente uma indústria. A empreendedora liderou a pesquisa de mercado, a contratação de consultoria e a implementação dessa nova frente de negócio, que resultou em um crescimento exponencial. "Praticamente dobramos como marca em um projeto que tive o prazer de tocar", lembra. 
A ascensão de Andrea à presidência ocorreu por meio de um processo de sucessão estruturado. Ela foi uma das quatro candidatas concorrentes, e, após planos de desenvolvimento individuais, foi convidada pelo conselho consultivo a assumir o cargo. De acordo com ela, a herança familiar da Bibi é profundamente marcada por valores inegociáveis. Seu avô, o fundador, sempre prezou pela longevidade e perpetuidade do negócio. E para a filha de Marlin, o papel do pai se fez ainda mais desafiador. "Foi heroico, ele assumiu a sucessão em um momento de crise, de quase quebra no década de 1980. Ele conseguiu salvar o negócio implementando uma nova cultura empresarial e fortalecendo a marca." Andrea ressalta que os valores da empresa – transparência, agilidade, valorização das pessoas e horizontalização – permanecem muito atuais.
Além disso, ela destaca a importância da governança corporativa para separar os círculos de família, sociedade e gestão, com reuniões e conselhos específicos. Para a empreendedora, ter regras claras é fundamental para a longevidade do negócio, inclusive definindo como as futuras gerações poderão ou não entrar na empresa. Ela cita os desafios de manter um empreendimento familiar, mas pontua que a dinâmica reflete uma forte conexão com a empresa. Mesmo com a transição, o pai de Andrea permanecesse na ativa, presidindo o Conselho Consultivo da empresa.
Olhando para o futuro, Andrea enfatiza que a empresa está no mercado porque não abandona a busca por inovações. "Queremos pintar o Brasil e mundo de laranja. Desde 2019, o canal digital cresceu quatro vezes e 40% das vendas online são geridas pelas lojas físicas", descreve. E a presidente reitera a influência de seu pai. "Um homem muito motivador, um cara muito visionário e aberto também." Para ela, uma frase ecoa na cultura da Calçados Bibi, e descreve a essência dessa transmissão de valores: "o seu exemplo é a melhor forma de radiação".


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