A iniciativa presta serviço de inteligência humanitária a partir da tecnologia e gestão de dados

Tinder da solidariedade: startup conecta setor privado com comunidades vulneráveis


A iniciativa presta serviço de inteligência humanitária a partir da tecnologia e gestão de dados

Um dos marcos da enchente de 2024 foi a força do voluntariado. Um dos maiores desafios era organizar e conectar a oferta de auxílio às necessidades dos atingidos. Ainda nos primeiros dias, Caroline Vanzellotti, empreendedora à frente da RH Decola, começou um movimento que, mais tarde, resultou na ONG Bonanza, que presta serviço de inteligência humanitária a partir de suporte tecnológico e gestão de dados para ONGs e instituições.
Um dos marcos da enchente de 2024 foi a força do voluntariado. Um dos maiores desafios era organizar e conectar a oferta de auxílio às necessidades dos atingidos. Ainda nos primeiros dias, Caroline Vanzellotti, empreendedora à frente da RH Decola, começou um movimento que, mais tarde, resultou na ONG Bonanza, que presta serviço de inteligência humanitária a partir de suporte tecnológico e gestão de dados para ONGs e instituições.
Além de Caroline, presidente da ONG, Olimar Teixeira Borges, CEO da Skyvidya e vice-presidente da Bonanza, contribuiu para o desenvolvimento do projeto, que aconteceu no Tecnopuc. Cerca de 710 abrigos de Porto Alegre passaram a ser mapeados e, a partir disso, receberam doações de acordo com as demandas. "Mandávamos equipes para abrigos e eles nos avisavam de duas em duas horas o que o local precisava", conta Caroline.
Mais de 300 pessoas atuavam na equipe, que se tornou um "Tinder da solidariedade". "Fazíamos o que passamos a chamar de matchmaking, que era buscar as doações pra aquelas necessidades", explica Caroline. O projeto, idealizado para um momento de urgência, tornou-se uma ONG de mapeamento de necessidades em regiões vulneráveis. "Vamos em uma comunidade, estabelecemos um contato com o líder comunitário ou com uma organização da sociedade civil que atua naquela região, e fazemos o mapeamento", explica Olimar.
O sistema utilizado pela Bonanza foi desenvolvido pela Monday, que permite que as organizações criem aplicativos personalizados. "Eles são de Israel. Tínhamos licença para usar por um ano e, após o nosso trabalho, eles nos deram uma licença indefinida", conta Olimar. De acordo com Caroline, a empresa quer replicar a iniciativa criada no Estado em outros lugares do mundo. "Apoiamos em Valência, no Kentucky e em Los Angeles, tudo através da Monday", afirma.
A base de dados da Bonanza mapeia idade, presença de crianças ou pessoas com deficiência na residência, entre outras informações que contribuem para entender as necessidades de doação. "Essa base de dados ajuda a entender se a pessoa está desempregada e procura uma nova oportunidade, se tem criança em casa e precisa de creche, se há uma preocupação com drogas naquele território", explica Olimar. Os empreendedores explicam que a identidade de todos é preservada. "Quando uma companhia está interessada em realizar alguma ação ou doação, ela tem à disposição informações sobre o que aquele território precisa, não sobre uma pessoa em específico", comenta Caroline.
Um dos maiores desafios enfrentados pela Bonanza é a atualização destes dados. "A pessoa que fez o cadastro inicial conosco vai ter login e senha para atualizar seu próprio cadastro", destaca Olimar. A startup também oferece o serviço em escolas, com mais de 140 instituições cadastradas.
A Bonanza conta com parcerias do setor privado para viabilizar as ações. "Usamos dados para submeter projetos e ficamos com um percentual desse projeto. Executamos as ações com o dinheiro que arrecadamos. É assim que a gente se remunera", contextualiza Caroline. Pensando no futuro, a ideia é que a Bonanza se torne um Software as a Service para empresas que queiram fazer uma ação social. "Não há uma clareza sobre quais são as necessidades reais das comunidades. A ideia é dar transparência e clareza sobre o que está acontecendo naquela região", observa a empreendedora.