A bicicleta é a aposta de empreendedores que têm no esporte o eixo de seus negócios. É o caso do Pretto Treinamento, que opera desde 2010 em Porto Alegre. Especializada em treinamento funcional e assessoria esportiva - além de contar com a Giro, um braço do negócio focado em ciclismo indoor -, a marca abriu, em janeiro, uma nova sede no Pontal Shopping, somando-se aos pontos no bairro Moinhos de Vento e Petrópolis. "São estúdios de treinamento funcional com atendimento boutique. Concentramos bastante nossa atenção na qualidade do treinamento", define Lucas Pretto, um dos sócios do negócio. O espaço pretende atender à demanda da Zona Sul e da avenida Edvaldo Pereira, via tradicional de ciclismo e corrida na Capital. Um dos focos da recém-inaugurada unidade é a nova sala da Giro, desta vez mais focada na diversão, para atrair o público jovem.
Ao lado de Lucas, Clóvis Filho e Vinicius Silva também comandam a nova unidade, que pretende chegar à marca de 300 alunos em 2024. A operação foi bem recebida pelo público, como contam os sócios. "Abrimos já com alguns alunos inscritos, está tendo uma procura bem boa", afirma Clóvis. O espaço, de cerca de 350 m², fica em frente ao Lago Guaíba, vista que pode ser admirada por praticamente todos os ângulos pelos espelhos do centro de treinamento. "Desde que começou a construção do shopping, fiquei interessado em ter uma unidade aqui, porque a avenida Beira-Rio é um local onde atendemos nossos clientes da assessoria de corrida e ciclismo. Pensei o quanto seria interessante ter um ponto aqui para o pessoal do triathlon e da corrida utilizarem, e também ter uma academia nesse formato mais exclusivo na Zona Sul, que é um pouco carente desse tipo de operação", avalia Lucas sobre a novidade, que não será a única do ano.
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Em breve, a Pretto Treinamento contará, também, com uma unidade no bairro Bom Fim. "Dentro do nosso plano está sempre fazer uma expansão em espiral. Não queremos ser uma franquia. Fazemos com que, com um investimento menor, um treinador consiga ter uma academia muito bacana. Acredito que, assim, conseguimos primar pela qualidade, porque sabemos como o olhar e o cuidado do dono no ambiente é importante", afirma Lucas sobre o modelo de negócio, que conta com sócios operadores em cada unidade.
Uma das novidades do ponto é a proposta da Giro, sala que conta com 12 bicicletas. "Estamos propondo uma experiência diferente do Moinhos - que é mais técnica, com uma bike mais interativa. Essa aqui vai ter uma batida mais de aula de spinning, mais divertida, trazendo um público mais jovem e engajado em se manter ativo", explica Lucas. As aulas serão vendidas por créditos individuais, que variam de R$ 25,00 a R$ 53,00, tendo desconto para os alunos inscritos nos outros serviços da Pretto.
Ex-atleta profissional de triathlon, Lucas conta que sempre teve desejo de criar um negócio focado no atendimento de excelência. "A Pretto tem como componente principal da cultura a valorização do treinador. As academias convencionais valorizam o espaço, os equipamentos, e, geralmente, o treinador fica em segundo plano, é mal remunerado. E nós temos os nossos treinadores como principal ativo", afirma Lucas, destacando que isso se reflete na relação com o público. "Dentro dos nossos valores, nos vemos muito como uma lovemark. A Pretto tem, além de 700 alunos ativos por enquanto, número que provavelmente vai chegar a 1 mil até o fim do ano, cerca de 260 triatletas e corredores. É uma comunidade que se encontra praticamente diariamente e movimenta muito esse ciclo", orgulha-se. Para desenvolver esse senso de comunidade, o investimento nos novos pontos, como o do Shopping Pontal, que recebeu aporte de R$ 1,8 milhão, é fundamental. "Hoje em dia, todo mundo quer escalonar as coisas na internet. Nós gostamos de ter um lugar onde as pessoas se encontram, onde têm memórias afetivas e conheçam gente", garante.
A premissa de investir nos profissionais é a mesma desde que o negócio surgiu, em um espaço de 60m² no bairro Moinhos de Vento. "Em 2016, mudamos para a terceira sede dessa mesma unidade matriz na Galeria Casa Prado. Junto com esse trabalho, que atendia 400 pessoas, a gente também sempre desenvolveu um trabalho de assessoria esportiva para corredores, triatletas e ciclistas, porque eu fui triatleta profissional durante 10 anos, competi pelo mundo inteiro, conheci bastante do mercado de assessoria esportiva e sempre estive envolvido como treinador de maratonistas", lembra Lucas. A unidade do bairro Moinhos de Vento fica na praça Dr. Maurício Cardoso, nº 71. No bairro Petrópolis, a operação é na rua Luiz Só, nº 205.
Os planos de treinamento funcional variam de R$ 400,00 a R$ 650,00 conforme a frequência. Já os planos de assessoria esportiva partem de R$ 250,00 chegando a R$ 390.00. Há, ainda, a possibilidade de contratar ambos os serviços em um pacote chamado performance, que parte de R$ 590,00. Mesmo com o foco nos atletas, Lucas destaca que o serviço é para todos.
"O treinamento que construímos para os atletas é o alicerce do que vai ser feito para todo mundo. Os métodos de treinamento de um atleta profissional não são diferentes de um amador, o que muda é a frequência e o objetivo", explica.
Estúdio de Porto Alegre é pioneiro na aquabike
A inovação não está restrita apenas a grandes empresas tecnológicas. No esporte, um novo formato vem ganhando espaço entre atletas e pessoas que buscam resultados em um menor período de tempo: a aquabike. A modalidade consiste na união entre ciclismo e esportes aquáticos. Em 2018, o Body Lounge Claudia Fachin trouxe a tecnologia para Porto Alegre, sendo o primeiro centro de treinamento da América Latina com aquabike.
"Sempre quis ser pioneira em alguma coisa na atividade física", ressalta Claudia. Em 2017, o centro foi o primeiro a trabalhar com eletroestimulação no Brasil, garante a empreendedora. Após alguns anos, ela sentiu a necessidade de trazer uma novidade para o estúdio, e foi durante uma feira de trabalho em Miami(EUA) que conheceu a aquabike. "Queria algum aeróbico que efetivamente fizesse a diferença na vida das pessoas, sem ser esteira ou bicicleta, coisas comuns que as pessoas encontram no dia a dia", lembra.
A prática ocorre por meio do ciclismo submerso. Em alguns centros, é possível encontrar a modalidade em piscinas, porém, no caso da Body Lounge, trata-se de um tanque de 350kg, com 16 jatos direcionados. A cápsula inicia vazia e enche aos poucos, com água em temperatura aquecida, em torno de 28ºC. Conforme se pedala, a temperatura da água sobe, podendo chegar até 38ºC.
Um dos principais destaques da aquabike, como explica Claudia, é a capacidade de personalizar a prática para as necessidades individuais de cada pessoa. Os jatos, por exemplo, podem ser ajustados para diferentes posições, fazendo pressão e gerando força em locais estratégicos. "Nós temos um aluno cadeirante aqui, realizamos uma reabilitação com fortalecimento de membros inferiores. Prendemos os pés dele nos pedais e direcionamos os jatos para a parte de baixo do corpo, tirando a pressão da frente e aumentando a de trás. Isso faz com que as pernas dele se mexam e ele pedale sem nem perceber, reforçando a musculatura das pernas", descreve. "Hoje, ele largou a cadeira de rodas e anda só com o andador", acrescenta.
Atletas de diferentes esportes também são um público fiel da modalidade. Nomes como Anderson Águia, tetra campeão mundial de futvôlei, e Paulo Miranda, ex-jogador do Grêmio, utilizam a aquabike em busca de um melhor condicionamento físico. "O atleta, normalmente, trabalha livre, não está acostumado a trabalhar submerso. O foco aqui é trabalhar a respiração do atleta, reforçando cardio, pulmonar, resistência e força", explica Cláudia. A modalidade não tem restrições e pode ser praticada por crianças, idosos e gestantes. "É uma atividade dentro da água, de baixo impacto, então, podemos dosar o treinamento para quem quiser", afirma.
As aulas têm duração de uma hora e são acompanhadas por um profissional durante todo o tempo. O estúdio conta com aulas avulsas, por R$ 150,00, planos mensais, que partem de R$ 500,00, e trimestrais, no valor de R$ 1,4 mil. Os treinos com a aquabike ocorrem apenas nas terças e quintas-feiras, pois, como define Cláudia, a cápsula é o xodó da casa. "Brinco que coloco ela para trabalhar só duas vezes por semana para conservação. É uma tecnologia polonesa, foi um ano e dois meses só para trazer ela de lá. Não tem nenhum técnico próximo que seja especializado, não tem peças, então, qualquer manutenção é muito difícil", admite.
A aquabike está disponível na unidade do bairro Moinhos de Vento, localizada na rua Dr. Florêncio Ygartua, nº 288, que opera de segunda a sexta-feira, das 7h30min às 20h30min. A Body Lounge também tem uma sede na avenida Senador Tarso Dutra, nº 595, no bairro Petrópolis, que segue os mesmos horários de atendimento.
Mecânico monta oficina itinerante para ciclistas na orla do Guaíba
Ciclista desde pequeno e em busca de uma nova fonte de renda, Vinicius Marques enxergou na bicicleta uma oportunidade de negócio. Em 2018, antes da revitalização do trecho 3 da orla do Guaíba - que intensificou a prática do ciclismo e outros esportes na região -, o empreendedor já apostava na área como futuro polo turístico e esportivo.
Na esquina da avenida Ipiranga com a avenida Edivaldo Pereira Paiva, Vinicius montava uma oficina itinerante: levava uma caixa, que também servia como banco, e oito ferramentas essenciais. Com o passar do tempo, o negócio cresceu e o empreendedor fincou raízes na rua Miguel Teixeira, nº 120, na Cidade Baixa, onde comanda a SOS Bike. Aos sábados, domingos e feriados, ele segue marcando presença na Orla do Guaíba com manutenção rápida.
"Tinha uns R$ 200,00 no bolso e já tinha um conhecimento elevado sobre, mas ninguém me conhecia, ainda não era tão popular como mecânico", afirma Vinicius, que trabalhou em lojas de bicicletas, mas, como comenta, ficava muito afastado das pessoas. A ida para a orla foi uma maneira de captar clientes e se apresentar para o mercado.
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"Quando fui para a orla, eu até sabia que iria inaugurar o trecho 1, mas não tinha ideia que iria se estender até o Pontal, virar o que é hoje", lembra.
Atualmente, Vinicius conta com uma clientela fiel, tanto na sede da Cidade Baixa quanto na oficina na orla, e celebra poder viver da sua maior paixão. "Sempre estive no meio da bike. Não comecei por ter lucro, é algo que sempre fiz, desde os meus 11 anos. A oficina mudou a minha vida", define.
Os reparos realizados por Vinicius partem de R$ 15,00, valor mínimo para manutenções pequenas, como encher um pneu, mas os preços variam dependendo da necessidade de cada bike.

