Sou Eduardo Titton Fontana, sócio-fundador do Agulha e do Vasco da Gama, 1020, eleitos, pela Revista Exame, dois dos 100 melhores bares do Brasil. Já tive outros negócios que estão "momentaneamente suspensos", o Linha (bar e espaço de artes) e o Concordia (vermutes). Aficionado por cultura, gastronomia e cidades, de preferência interconectados.
1. Dica de livro: Cidade Caminhável, de Jeff Speck.
Com linguagem e fluidez superacessíveis, o livro do experiente urbanista demonstra e comprova os benefícios de cidades pensadas para serem vividas a pé. E não só. Traz para nós, empreendedores, a facilidade de contribuirmos para tanto e até mesmo os consideráveis ganhos, comerciais e econômicos dessas medidas, desde as mais simples como vitrines e calçadas interessantes até os complexos desafios da mobilidade.
2. Dica de música: O Inquilino, Yago Oproprio.
No seu primeiro EP, o musicista, advindo da zona leste de São Paulo e que já lotou três apresentações no Agulha, traz rimas intensas e ritmos com referências periféricas. “Linhas tênues de rap, trap, brega, samba, funk e reggaeton com uma dose de tempero cosmopolitano”, conforme sua própria e autoexplicativa descrição em rede social. Já no refrão da primeira faixa, Yago toca o ouvinte com um forte e lindo refrão, que, inclusive e curiosamente, me fez rememorar a obra do Afonso Cruz. Corre pra escutar o quanto antes!
3. Dica de livro: Vamos comprar um poeta, de Afonso Cruz.
Livro daqueles que se lê rapidinho e em seguida manda para algum amigo - o meu está rodando pelo Brasil, acho que na sexta ou sétima pessoa. Nessa “distopia” (será?), o autor propõe um mundo no qual as pessoas compram poetas como animais de estimação, para se ter em casa mesmo, debaixo da escada, trocando as lambidas dos nossos cachorros por versos e poesias. Fala com maestria e até algum humor sobre algo que ficou ainda mais perceptível na reclusão pandêmica: a insalubridade das relações de consumo dos trabalhos artísticos. Passamos quase dois anos sendo salvos diariamente por filmes, músicas e livros, mas, ainda assim, seguimos desvalorizando e vendo de forma meramente utilitária o trabalho e a entrega desses profissionais tão fundamentais.

