Inspirada pela tradição familiar, uma nova geração de empreendedores gaúchos segue os passos de seus antecessores para levar em frente o nome da família

Nova geração de empreendedores comanda negócios familiares em Porto Alegre


Inspirada pela tradição familiar, uma nova geração de empreendedores gaúchos segue os passos de seus antecessores para levar em frente o nome da família

Entre os diferentes caminhos possíveis para se manter um negócio ao longo dos anos, há quem enxergue na família a melhor opção. Há quase meio século no mercado gaúcho, a Prata Esquadrias, empreendimento familiar com sede no bairro Sarandi, em Porto Alegre, passa pelo processo de sucessão. Fundada por Dario Agnoletto em 1976, a empresa, que ficou 33 anos sob o comando de Paulo Agnoletto, filho do fundador, agora, terá Paulo Agnoletto Junior, 35 anos, terceira geração da família, à frente da operação.
Entre os diferentes caminhos possíveis para se manter um negócio ao longo dos anos, há quem enxergue na família a melhor opção. Há quase meio século no mercado gaúcho, a Prata Esquadrias, empreendimento familiar com sede no bairro Sarandi, em Porto Alegre, passa pelo processo de sucessão. Fundada por Dario Agnoletto em 1976, a empresa, que ficou 33 anos sob o comando de Paulo Agnoletto, filho do fundador, agora, terá Paulo Agnoletto Junior, 35 anos, terceira geração da família, à frente da operação.
Buscando trazer um novo olhar para o negócio, sem deixar a tradição de lado, Paulo Junior garante que, por mais que o processo de sucessão esteja em ação agora, o preparo para esse momento iniciou há muitos anos, antes mesmo de decidir que gostaria de seguir no negócio da família. "Acredito que o trabalho de sucessão não começa em um dia, é algo trabalhado desde novo, tu entendes as responsabilidades que tens, e sempre tive isso dentro de casa. Hoje, são 100 pessoas, 100 famílias que dependem das minhas atitudes. Meu pai sempre deixou isso muito claro, além de falar, ele mostrava em atitudes essa responsabilidade", ressalta Junior, que, aos 16 anos, teve de tomar uma grande decisão em sua vida.
"Sempre quis tocar o negócio da família, mas o esporte também me atraía muito. Fui atleta de handebol por muitos anos, então, tive que tomar a decisão, se seguia no esporte que, na época, tinha um convite para jogar em São Paulo, ou se me voltava ao mundo empresarial e estudava para isso", lembra Junior, que optou por seguir os passos do pai e cursou Administração, mas ainda enxerga na vida de empreendedor um pouco do que aprendeu no esporte. "Acredito que são muito parecidas. Tu precisas dos mesmos atributos para ter sucesso, além de que o esporte me preparou muito para momentos difíceis, desde novo lidando com rejeições, frustrações", pontua.
TÂNIA MEINERZ/JC
Ao contrário de outros negócios familiares, que buscam restringir as conversas profissionais apenas dentro do ambiente corporativo, Junior comenta que esse nunca foi o caso na Prata. "Sempre almoçamos juntos e discutimos a empresa, desde muitos novos já falávamos sobre negócios, as experiências do meu pai. Nunca tivemos essa questão de 'não vamos falar de negócios em casa', afinal, o negócio faz parte das nossas vidas", considera.
Ainda que não faltem elogios ao pai, Junior admite que a relação familiar pode escalar pequenas situações e decisões no dia a dia do negócio. "Claro que, como toda relação de pai e filho, vivemos alguns momentos mais difíceis, mas um dos segredos para essa relação é ter uma boa noite de sono, virou o dia e começou do zero, não guardar mágoas é uma coisa importante", aconselha.

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Com cerca de 1,2 mil produtos produzidos por mês e buscando alternativas mais sustentáveis, a empresa substituiu os tradicionais revestimentos ripados em madeira por um material que mescla plástico com resíduos de madeira reciclados. "Temos uma forte preocupação com o meio ambiente, por isso estamos sempre em busca de alternativas amigáveis à natureza", destaca Júnior.
Para os próximos anos, o objetivo é manter a inovação viva no negócio, participando de eventos e demais programações voltadas à indústria. "Quero fazer mais e melhor do que meus antecessores, mas sempre com responsabilidade financeira. Sem isso, não temos como projetar os novos passos e seguir adiante neste caminho de sucesso", afirma.
 

Família comanda quatro negócios de diferentes segmentos em Porto Alegre

Optar por trabalhar ao lado de alguém com quem tenha uma relação próxima e de confiança pode ser o grande diferencial de um negócio. É nisso que Vanice Leffa, nome à frente da Leffa Estofados, empresa de venda de tecidos e estofados personalizados e sob medida, acredita.
O negócio foi fundado por José e Nelza Leffa, pais de Vanice, em 1982, e, desde o início, aposta na personalização como diferencial. "Todos nossos produtos são únicos, completamente exclusivos e feitos sob medida, a mão de obra é toda artesanal, não existe nenhuma peça igual à outra" explica Vanice, que, em 2011, entrou na empresa para trabalhar ao lado dos pais e da irmã, Daniela.
O objetivo da dupla sempre foi seguir a tradição dos pais e continuar o negócio da família, mas, antes disso, optou por adquirir experiência no mercado. "Queríamos trazer conhecimentos externos e que agregassem, então, a Daniela cursou Administração e eu fiz Marketing, depois, trabalhei com atendimento de contas em agências de publicidade, justamente para entender como se dava o processo de gerenciamento de projetos, carteira de clientes", lembra Vanice.

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Após 16 anos na empresa, Daniela decidiu trilhar o próprio caminho e, inspirada pela veia empreendedora da família, inaugurou a Leffa Store, linha de mesas e cabeceiras com produção em série. "Ela saiu no final do ano passado para atender outra demanda, é uma proposta diferente da Leffa Estofados, lá ela trabalha com diferentes linhas de produtos em maior escala", declara a empreendedora que, a partir daí, passou a ser ainda mais responsável pela parte administrativa. A empresa conta com 14 colaboradores, e José e Nelza ainda seguem no dia a dia da operação, mas trabalhando em projetos mais pontuais.
Completando 45 anos na capital gaúcha, o empreendimento focado em estofaria não é o único que leva o nome da família. Além da Leffa Store, fundada por Daniela no ano passado, mais dois negócios carregam o nome Leffa em Porto Alegre. Comandada por Marcos, a Leffa Móveis opera desde 1972 e possui fábrica própria na cidade de Três Cachoeiras. O empreendedor já é a segunda geração à frente do negócio, fundado por seu pai há 51 anos, que produz diversos modelos de móveis sob medida e portas para diferentes espaços. Já a Leffa Calçados, comandada por Adriana Leffa, também segunda geração à frente da marca, existe desde 1970. Para Vanice, o melhor em trabalhar em família é a vontade compartilhada de crescer juntos. "São pessoas com valores em comum, fomos criados na mesma família, existe uma confiança muito grande, somos muito unidos", pontua. Em contrapartida, também pode ser um desafio quando surge alguma divergência. "Às vezes, a insistência e a forma como se coloca isso pode ser mais efusivo do que quando tu tens apenas um colega de trabalho", pondera.
 

Irmãos unem arquitetura e engenharia em incorporadora imobiliária

Foi em 2020, vivendo o auge da pandemia, que os irmãos Bárbara e Frederico Remussi, 29 e 27 anos, respectivamente, passaram a conversar mais sobre suas profissões e descobriram muitos sonhos e vontades em comum. Pouco tempo depois, a dupla decidiu unir as ideias e partir para a ação, criando a Compor Empreendimentos, empresa de construção e incorporadora imobiliária com atuação em Porto Alegre.
Depois de passar três anos trabalhando no mercado financeiro, Frederico estava inquieto e buscando uma maneira de voltar para a sua área de formação e grande paixão: a Engenharia. Enquanto isso, Bárbara, entusiasta do urbanismo desde o primeiro contato na faculdade de Arquitetura, também transbordava de sonhos e vontade de abrir o próprio negócio. "Quando começamos a conversar, notamos que nossos pensamentos se alinhavam muito. Esse desejo da Bárbara de fazer uma arquitetura diferente do padrão do mercado de hoje também é muito o que acredito", define Frederico.
Apesar de iniciantes no empreendedorismo, os irmãos já possuíam certa intimidade com o mundo dos negócios, já que o seu pai, Valdomiro Remussi, foi fundador da Brinox, em 1988, empresa do setor de utilidades domésticas. "Hoje ele já não está mais lá, vendeu a empresa, mas nascemos convivendo com isso, ele sempre foi nos preparando, tivemos uma experiência trabalhando lá, mesmo que muito jovens, o que com certeza contribuiu para a nossa formação", pondera Frederico, que enxerga hoje a influência que a trajetória empreendedora de seu pai teve sob os dois. "O bom de ter um empreendedor em casa é que a gente já se prepara para todos os percalços do caminho, já sabemos que a jornada não é das mais fáceis", admite o sócio.
Hoje, Valdomiro e sua esposa, Luz Marina Remussi, integram o conselho da Compor, participando de questões pontuais, mas o dia a dia da operação fica sob o comando de Frederico e Bárbara. "Normalmente, os pais são mais conservadores e os filhos chegam com ideias inovadoras, e pode ser desafiador, mas acho que é justamente isso que agrega valor, essa conversa que vai levar até o ponto médio do conflito, que vai resultar em algo inovador, mas, ao mesmo tempo, perene, unindo a vontade de fazer diferente com um olhar mais cuidadoso", reflete Bárbara.
O ponto positivo de empreender em família, para a dupla, é a liberdade, mas que precisa ser bem dosada. "Todo mundo já se conhece e se entende, existe muita liberdade para discutir as coisas, mas isso também pode ser ruim, então, tentamos colocar limites para que a gente consiga tirar o melhor do negócio", diz.
O principal objetivo da Compor é, por meio da união da arquitetura e engenharia, oferecer algo diferente para a cidade, tanto pensando no grande plano, como edifícios e prédios comerciais, quanto nas pessoas que são afetadas por esses novos empreendimentos. "A incorporação é uma forma de fazer isso, porque tu começas colocando um projeto em prática, pegas uma rua , vais transformando, e a pequena escala vai se transformando pouco a pouco, afetando o bairro, a cidade. Queremos oferecer empreendimentos que se integrem à comunidade e deixem um legado para Porto Alegre", descreve Bárbara.
Atualmente, a empresa está com três projetos em andamento, sendo o primeiro deles, que teve início ainda em 2020, o Vicco, prédio residencial localizado na rua São Vicente, no bairro Rio Branco, que contará com jardins que buscam proporcionar harmonia entre o público e o privado. "Queremos fazer com que este círculo irradie para além das fronteiras do edifício e da rua onde está localizado", enfatiza ela. As outras obras são prédios residenciais nos bairros Floresta e Auxiliadora, com previsão de entrega estimada para 2025.