Jovens demonstram cada vez mais interesse em contribuir para a sociedade, o que têm resultado em diferentes iniciativas empreendedoras sendo formadas ainda em sala de aula

Estudantes desenvolvem tecnologias e começam a empreender ainda na escola


Jovens demonstram cada vez mais interesse em contribuir para a sociedade, o que têm resultado em diferentes iniciativas empreendedoras sendo formadas ainda em sala de aula

O desenvolvimento de novas competências dentro das escolas é um tema que tem sido muito discutido no âmbito educacional. De acordo com a gerente de educação do Sesi, Sônia Bier, ir além das habilidades básicas cognitivas e estimular novas práticas é extremamente necessário para capacitar os jovens para contribuírem com a sociedade. "Trabalhar empreendedorismo dentro das escolas já não é mais uma opção, é uma obrigação", acredita a especialista.
O desenvolvimento de novas competências dentro das escolas é um tema que tem sido muito discutido no âmbito educacional. De acordo com a gerente de educação do Sesi, Sônia Bier, ir além das habilidades básicas cognitivas e estimular novas práticas é extremamente necessário para capacitar os jovens para contribuírem com a sociedade. "Trabalhar empreendedorismo dentro das escolas já não é mais uma opção, é uma obrigação", acredita a especialista.
A questão principal, de acordo com Sônia, é mostrar para os estudantes os diferentes caminhos que existem e ensiná-los, de forma prática, como conquistá-los. "É preciso desenvolver diferentes oportunidades com esses jovens para que eles consigam alcançar formas mais positivas de se inserirem na sociedade, como seguir projetos que os realizem como pessoas", afirma.
Para isso, a especialista explica que, antes de grandes iniciativas, é preciso oferecer um amplo conhecimento ao jovem do ambiente no qual ele está inserido.
"Eles precisam conseguir olhar ao seu redor e identificar, com base nos seus valores, o que os movimenta ali", pontua. Sônia acredita que é justamente por esse olhar voltado à sociedade que, cada vez mais, jovens têm demonstrado interesse em trabalhar com pautas sociais. "É uma articulação feita entre os seus valores e as necessidades que eles enxergam naquele entorno", acrescenta. A partir daí, quando o jovem consegue identificar um problema e passa a buscar soluções, surge um novo empreendedor.
A especialista também sinaliza que é crescente entre os jovens a preocupação com a comunidade e a necessidade de ajudar o próximo. "O ser humano já é naturalmente sensível ao outro, mas, quando ele entende que ajudar o outro também ajuda sua própria comunidade a crescer, ele passa a buscar maneiras de oferecer melhores condições de vida a outra pessoa", descreve.
Sônia também defende que, à medida em que novos estudantes desenvolverem essas habilidades e as relacionarem com seus objetivos e valores de vida, eles também irão criar maior segurança em apresentar e defender suas próprias ideias, seja na escola, universidade ou para possíveis investidores. "Estamos formando uma geração muito mais organizada e preparada para enfrentar questões com mais protagonismo e autonomia", acredita.
"Jovens que são desafiados desde cedo, que precisam defender suas ideias, estão mais preparados para fazer isso no mercado de trabalho. Então, é preciso incentivar isso na sala de aula, esse processo de apresentar a ideia, ouvir feedback, refazer e continuar a defender sua proposta", assegura.
 

Estudantes desenvolvem copo que identifica a presença de substâncias ilícitas

Alunas do segundo ano do Ensino Médio pretendem comercializar o produto

Foi dentro da sala de aula, na disciplina de matemática, que as jovens Giovanna Freitas, Giovanna Moraes, Natally Souza e Nicolli Marques foram desafiadas a criar algo que pudesse ajudar outras pessoas. A partir daí, nasceu o Keep Safe, copo detector de ácido gama-hidroxibutírico, mais conhecido como ghb ou até 'boa noite, Cinderela'.
"Começamos pesquisando sobre o que poderíamos mudar no mundo. Descobrimos esse grande índice de vítimas por entorpecentes em festas e começamos a pensar em como criar algo que pudesse ajudá-las", lembra Giovanna Freitas. De acordo com o grupo, em Porto Alegre existem três casos de mulheres que relataram terem sido drogadas e, até o momento, as investigações não foram concluídas. "Nosso objetivo é oferecer uma forma dessas mulheres comprovarem o que aconteceu", pontua Natally.
O que faz com que o copo identifique a substância é um reagente, posicionado na base, que, quando entra em contato com o ghb, muda de cor, alertando sobre a presença do entorpecente. "Alguns reagentes podem ser tóxicos, então, estamos pesquisando a forma mais segura para desenvolver", informa Natally.
Durante o início das pesquisas, o grupo decidiu por usar o polipropileno como material principal para a fabricação do copo. "É biodegradável e sustentável, foi o melhor custo benefício que encontramos, então vai ser um valor alto, mas nada absurdo", projeta Giovanna.
A ideia inicial era que o produto fosse comercializado apenas em bares e casas noturnas, mas, com receio de que o objetivo acabe não sendo cumprido, as estudantes optaram por ter um ponto de venda próprio. "Sabemos que existem casos de quem trabalha nas festas se envolver nessas situações, então pretendemos vender nesses locais, mas também ter outro ponto, assim também garantimos o direito sob a nossa marca", diz Natally.
As integrantes do grupo lembram o primeiro momento em que apresentaram o projeto e agradecem pelo apoio recebido. "Convidamos nossa professora para ser orientadora do projeto, e ela já começou a falar em criar uma empresa e comercializar o copo, além de fazer propaganda para todo mundo", comenta Giovanna. "É uma sensação muito gratificante, porque, se der certo, é algo que realmente vai ajudar muita gente e, quem sabe, até mudar os altos índices de ocorrências", acrescenta.
As estudantes do Sesi Gravataí, sob orientação dos professores Rafael Abruzzi e Aline Brum, contam que conseguiram alguns patrocinadores, mas seguem em busca de mais apoio. "Não podemos fazer tudo dentro da escola, então pretendemos terminar as pesquisas, levantar os valores necessários e conseguir patrocinadores que nos ajudem a tocar esse projeto", expõe Giovanna.
 

Jovens criam bengala inteligente de material reciclável

Item conta com sensores de batimento cardíaco, pressão arterial, oxímetro e proximidade

 Buscando fazer a diferença, os alunos Davi Reis dos Santos, Cristopher Carvalho Cardoso e Luísa Garcia criaram a Smawalking Cane, projeto voltado para o público idoso. "Nas aulas de geografia, estudando sobre grupos sociais e inclusão, notamos que o idoso é deixado de lado, muitas vezes ficando fora da sociedade", pontua Cristopher. Pensando nisso, o grupo decidiu dar um novo sentido para um objeto já utilizado por este público: a bengala.
"Sempre aprendemos sobre como o plástico causa danos no meio ambiente, e, querendo minimizar isso, aliado ao público idoso, pensamos em trabalhar com a bengala. Sabemos que, algumas vezes, ela pode até ser vista como algo ruim por quem a usa, mas o objetivo é transformá-la em um símbolo positivo, algo bom e que ajuda o meio ambiente", explica. Além de ser produzida com itens recicláveis, a bengala contará com sensores de sinais vitais, como batimento cardíaco, pressão arterial e oxímetro, e um sensor de proximidade.
Até o momento, o grupo, composto por alunos da escola Sesi de Sapucaia do Sul, desenvolveu dois protótipos funcionais. "Recolhemos muitas embalagens plásticas, cortamos o material em pedaços bem pequenos e levamos ao forno várias vezes para derreter e moldar no formato que queríamos", descreve Davi, garantindo que o processo não foi fácil. "Tivemos vários erros no início, até pegar o jeito de amassar, a força necessária, o tamanho do forno também nos limitou porque não podíamos fazer a bengala inteira, de uma só vez, teve que ser em partes", conta.
Os estudantes possuem um diário do projeto, onde anotaram todas as reuniões, ideias e tentativas que tiveram até chegar no modelo que queriam. "Anotamos todos os erros, porque eles também fizeram parte do projeto. É importante lembrar de todos os processos", acredita Cristopher.
O modelo atual, segundo os jovens, está bem próximo do produto final, mas ainda existem melhorias a serem feitas. "A intenção é adicionar uma placa mais profissional, que vai permitir uma maior precisão nas programações e será mais seguro para quem estiver utilizando", afirma Davi, reforçando que, por todos serem iniciantes na programação, os primeiros testes foram feitos com um sistema mais simples.
Além da comercialização do item, o grupo pretende realizar a doação de pelo menos 80 bengalas para lares de idosos. "Nós não temos como produzir elas em grande escala, então vamos necessitar de uma parceria para a produção, mas queremos muito fazer a doação, pois a intenção sempre foi ajudar", garante Christopher.
O plano é continuar trabalhando no projeto até o final do Ensino Médio, mas o grupo também avalia passar os estudos para outro grupo quando se formarem.
"Pretendemos terminar até o final do ano que vem, mas também existe a possibilidade de deixar o projeto para os próximos alunos da escola tocarem", expõe.