Victória Paz

Apesar de ter tido receio ao abrir um espaço com comidas de sua cultura, Feras Alazhar conta que foi bem acolhido

Refugiados sírios escolhem a Cidade Baixa para empreender e recomeçar

Victória Paz

Apesar de ter tido receio ao abrir um espaço com comidas de sua cultura, Feras Alazhar conta que foi bem acolhido

Ao caminhar pela rua Lima e Silva, na Cidade Baixa, é possível notar um pequeno e movimentado estabelecimento gastronômico. No número 549, encontra-se o Shawarma Dubai, lanchonete de receitas árabes, fundado por uma família refugiada na Síria. Adib Mokhallalati e Marwan Kalam são tio e primo de Feras Alazhar, atual proprietário do local, onde trabalha Mostafa, cozinheiro que também veio do país em guerra.
Ao caminhar pela rua Lima e Silva, na Cidade Baixa, é possível notar um pequeno e movimentado estabelecimento gastronômico. No número 549, encontra-se o Shawarma Dubai, lanchonete de receitas árabes, fundado por uma família refugiada na Síria. Adib Mokhallalati e Marwan Kalam são tio e primo de Feras Alazhar, atual proprietário do local, onde trabalha Mostafa, cozinheiro que também veio do país em guerra.
O nome dado à lancheria é uma homenagem ao prato tradicional originário do Oriente Médio, o Shawarma. O lanche lembra o típico xis, famoso entre os gaúchos, mas enrolado no pão árabe. De recheio, é possível incluir carne, frango, pasta de alho, alface, tomate e picles. Além do sanduíche, esfirra, falafel e churrasco árabe são servidos no estabelecimento. Uma das diferenças do assado rio-grandense para o da Síria é o espeto colocado na vertical. Para se adaptar ao gosto de Porto Alegre, o cardápio adicionou opções veganas e vegetarianas.
A história do restaurante começou muito antes da inauguração, em 2019. O pontapé inicial foi na Síria. A família de Feras era dona de diversos negócios gastronômicos e, por ter sangue empreendedor, ele não pensou duas vezes: quis continuar o legado, mesmo que longe de casa.
Os conflitos na Síria fizeram a família sofrer as consequências, tendo que se mudar do país. "Eu estudava negócios para poder administrar nossos restaurantes, mas parei por causa da guerra. Perdi parentes e até hoje não sei como estão", conta. Ele não recebe notícias do irmão, que ficou no país, há anos e, por isso, não sabe se está vivo.
 Luiza Prado/JC
O primeiro destino do empreendedor foi a Rússia e o segundo o estado do Paraná. Feras conta que o Brasil virou destino por ser democrático e receptivo aos estrangeiros, o que facilitou a sua adaptação. Para aprender português, Feras se tornou frequentador do bairro boêmio onde, atualmente, tem seu negócio. "Aprendi a língua na rua. Todo dia tem movimento no bairro, então foi fácil. Fiz amigos antes de abrir o restaurante e que, hoje, se tornaram meus clientes", afirma.
Apesar de ter tido receio ao abrir um espaço com comidas tradicionais de sua cultura, o empreendedor conta que foi bem acolhido. "Já tivemos filas enormes em nosso restaurante. Se as pessoas ficam 40 minutos esperando por um lanche é porque gostam", celebra. Ele cita, ainda, que houve alguns desentendimentos com outros negócios no início, mas que agora está tudo em paz.
Para driblar as dificuldades da pandemia, o Shawarma Dubai trabalha com entregas. Embora tenha sofrido com a crise que atingiu a todos, Feras já percebe as mudanças positivas. Agora, tenta transferir as esperanças para que a situação da Síria mude.
Enquanto isso, ele vai reafirmando diariamente o lado bom de seu povo através da culinária.
 Luiza Prado/JC
 
Victória Paz

Victória Paz - estagiária do GeraçãoE

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