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27 de Junho de 2022 às 12:01
GE NOS BAIRROS
Victória Paz
GE
Victória Paz
Apesar de ter tido receio ao abrir um espaço com comidas de sua cultura, Feras Alazhar conta que foi bem acolhido
Refugiados sírios escolhem a Cidade Baixa para empreender e recomeçar
Victória Paz
Apesar de ter tido receio ao abrir um espaço com comidas de sua cultura, Feras Alazhar conta que foi bem acolhido
Ao caminhar pela rua Lima e Silva, na Cidade Baixa, é possível notar um pequeno e movimentado estabelecimento gastronômico. No número 549, encontra-se o Shawarma Dubai, lanchonete de receitas árabes, fundado por uma família refugiada na Síria. Adib Mokhallalati e Marwan Kalam são tio e primo de Feras Alazhar, atual proprietário do local, onde trabalha Mostafa, cozinheiro que também veio do país em guerra.
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Ao caminhar pela rua Lima e Silva, na Cidade Baixa, é possível notar um pequeno e movimentado estabelecimento gastronômico. No número 549, encontra-se o Shawarma Dubai, lanchonete de receitas árabes, fundado por uma família refugiada na Síria. Adib Mokhallalati e Marwan Kalam são tio e primo de Feras Alazhar, atual proprietário do local, onde trabalha Mostafa, cozinheiro que também veio do país em guerra.
O nome dado à lancheria é uma homenagem ao prato tradicional originário do Oriente Médio, o Shawarma. O lanche lembra o típico xis, famoso entre os gaúchos, mas enrolado no pão árabe. De recheio, é possível incluir carne, frango, pasta de alho, alface, tomate e picles. Além do sanduíche, esfirra, falafel e churrasco árabe são servidos no estabelecimento. Uma das diferenças do assado rio-grandense para o da Síria é o espeto colocado na vertical. Para se adaptar ao gosto de Porto Alegre, o cardápio adicionou opções veganas e vegetarianas.
A história do restaurante começou muito antes da inauguração, em 2019. O pontapé inicial foi na Síria. A família de Feras era dona de diversos negócios gastronômicos e, por ter sangue empreendedor, ele não pensou duas vezes: quis continuar o legado, mesmo que longe de casa.
Os conflitos na Síria fizeram a família sofrer as consequências, tendo que se mudar do país. "Eu estudava negócios para poder administrar nossos restaurantes, mas parei por causa da guerra. Perdi parentes e até hoje não sei como estão", conta. Ele não recebe notícias do irmão, que ficou no país, há anos e, por isso, não sabe se está vivo.
O primeiro destino do empreendedor foi a Rússia e o segundo o estado do Paraná. Feras conta que o Brasil virou destino por ser democrático e receptivo aos estrangeiros, o que facilitou a sua adaptação. Para aprender português, Feras se tornou frequentador do bairro boêmio onde, atualmente, tem seu negócio. "Aprendi a língua na rua. Todo dia tem movimento no bairro, então foi fácil. Fiz amigos antes de abrir o restaurante e que, hoje, se tornaram meus clientes", afirma.
Apesar de ter tido receio ao abrir um espaço com comidas tradicionais de sua cultura, o empreendedor conta que foi bem acolhido. "Já tivemos filas enormes em nosso restaurante. Se as pessoas ficam 40 minutos esperando por um lanche é porque gostam", celebra. Ele cita, ainda, que houve alguns desentendimentos com outros negócios no início, mas que agora está tudo em paz.
Para driblar as dificuldades da pandemia, o Shawarma Dubai trabalha com entregas. Embora tenha sofrido com a crise que atingiu a todos, Feras já percebe as mudanças positivas. Agora, tenta transferir as esperanças para que a situação da Síria mude.
Enquanto isso, ele vai reafirmando diariamente o lado bom de seu povo através da culinária.