O 1º Fórum Atacadistas RS, que aconteceu, na última quinta-feira (4), na sede da Fecomércio, foi considerado histórico não só para quem o promoveu, mas para a própria economia do Estado. Afinal, o atacado gaúcho é considerado um motor de desenvolvimento, ao garantir eficiência na distribuição, competitividade dos preços, abastecimento constante dos mercados e, principalmente, oportunidades de trabalho e renda para milhares de famílias gaúchas.
Reafirmando seu papel não apenas como entidade, o Sindiatacadistas protagonizou um momento que comprova que um sindicato empresarial vai além da relação entre capital e trabalho. De acordo com o vice-presidente da entidade, Luiz Henrique Hartmann, o Fórum foi concebido em função da missão de oferecer aos associados espaços de reflexão, de aprendizado e de debate. Para o executivo, ambientes onde empresários e lideranças podem se defrontar com temas relevantes e capazes de orientar os próximos passos de suas empresas são fundamentais para embasar futuras escolhas.
Em entrevista ao Jornal do Comércio, Hartmann afirmou que este deverá ser o primeiro de muitos encontros, sempre guiados pelo propósito de fortalecer o setor, engrandecendo ainda mais o nome do atacado gaúcho. “Era a hora de divulgar esse trabalho que fazemos, de forma a levar ao nosso associado mais do que os convênios “, salientou.
Jornal do Comércio – Como nasceu a ideia do Fórum Atacadista?
Luiz Henrique Hartmann – A ideia do Fórum nasceu, exatamente, no sentido de que o Sindiatacadistas é uma entidade cujo trabalho vai muito além daquela formalização e obrigatoriedade constante da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), que é comum nos sindicatos empresariais, antigamente chamados de sindicatos patronais, de fazer, basicamente, as funções que envolviam relações de equilíbrio entre o capital e o trabalho, ou seja, negociações coletivas, de defender, junto com o sindicato laboral, as regras que regem o sistema no dia a dia das empresas, tais como banco de horas, valores de dissídios, reajustes de salários.... Há bastante tempo, o Sindiatacadistas vem sendo protagonista no setor atacadista, como uma entidade que está sempre muito voltada para o desenvolvimento dos seus associados e da categoria à qual ela representa. Formalmente, pela CLT, nós temos em torno de 18 mil empresas que estão vinculadas, aqui no Estado do Rio Grande do Sul, ao Sindiatacadistas. E, associados diretamente, aqueles que contribuem com a mensalidade, mais de 500 empresas. Era a hora de divulgar esse trabalho que viemos fazendo, de forma a levar ao nosso associado algo mais do que os convênios que nós temos, como os de saúde e de seguro. Nós temos o Programa Qualificar, muito importante, já foi inclusive prêmio da Top de Marketing da ADVB. Ao longo do ano, nós temos uma programação muito intensa em todas as áreas do comércio atacadista: RH, desenvolvimento, tecnologia e inovação. Este Fórum foi construído a partir da ideia de fazer um grande evento para, como protagonista, mobilizar os nossos associados e mostrar para a sociedade o que o Sindiatacadistas vem fazendo.
JC – Há previsão de se repetir nos próximos anos?
Hartmann - Sim, este é o primeiro. A ideia é de que todos os anos possamos repetir, como um evento no calendário nosso anual.
JC - Quais são os principais desafios do setor atualmente?
Hartmann - Os principais desafios do setor hoje são, praticamente, a entrada no mercado de alternativas de comércio, que vêm fazendo concorrência e, talvez, possam esvaziar o sistema. É a indústria vendendo direto para o consumidor, a partir de sistemas online, a partir de plataformas, e a entrada dos chamados atacarejos, que são, ao mesmo tempo, um atacado e que vende ao varejo também. Vendem para varejistas de forma direta, como se fosse a indústria. Além disso, as tecnologias, a questão da sustentabilidade, que hoje também são muito fortes. Temos, ainda, desafios como a renovação de frota sustentável, programas de logística reversa, programas de qualidade, Inteligência Artificial e os novos canais de distribuição, que são, realmente, um grande desafio. Todos esses temas que foram escolhidos para serem bastante tratados no Fórum.
JC - Como preparar o atacadista para essas novas realidades?
Hartmann – O Fórum foi o início. Dali, surgiram ideias, inclusive, insights sites que nos levarão a ter novas programações que visam atender, digamos assim, a necessidade do setor. A Reforma Tributária está aí, importante tratarmos desse assunto. A Reforma nos impacta bastante. Na verdade, impacta toda a cadeia, não só o atacado. Estamos inseridos em uma cadeia onde há crédito e há débito. Não muda muito porque recebemos da indústria com crédito integral e vamos vender com crédito integral, o sistema se autocontrola, mas, sem dúvida, alguns setores vão ser atacados. Vão ter, talvez, alguns setores de bebida, por exemplo, que poderão ter o que chamam de o imposto do pecado. Esse imposto, bem maior, penaliza alguns produtos que atendem, inclusive, uma parte do nosso setor.
JC - As empresas já tão preparadas para a chegada efetiva da Reforma?
Hartmann – Vejo que estão se preparando, mas todo mundo está esperando para ver, realmente, as mudanças porque ainda tem muita incógnita nessa fase de transição. Muita coisa ainda não apareceu. Nós vivemos um tempo de grandes transformações, novas tecnologias, mudanças tributárias, desafios logísticos e exigências crescentes de sustentabilidade. O empresário atacadista precisa estar preparado para responder a esses desafios e ao mesmo tempo enxergar as oportunidades que eles trazem. Esse foi, justamente, o que o fórum propôs, um encontro de ideias, de experiências e de visões de futuro, uma construção de caminhos para que o atacado continue a cumprir seu papel de elo vital entre a produção e o consumo, gerando riqueza e desenvolvimento para o Rio Grande do Sul.
JC - O senhor citou alguns benefícios para as empresas. Quais outras vantagens de ser associado ao Sindiatacadistas?
Hartmann - Nós temos, por exemplo, ações tributárias muito fortes. Para ter uma ideia, na ação da exclusão do ICM da base do PIS e da Cofins, as empresas ganharam 5 anos retroativos, mas os associados ao Sindiatacadistas tiveram mais do que o dobro. Havíamos entrado com uma ação em 2014, e chegamos a 11 anos retroativos. Esse é um guarda-chuva para os associados muito importante, mais do que o dobro do que o governo federal deu para quem não tinha entrado com ação. Seriam 5 anos retroativos à decisão ou 5 anos retroativos ao protocolo da ação. Tivemos também a exclusão da base da Cofins do ICMS ST, a substituição tributária, que saiu agora. Tivemos ações também na parte de INSS, envolvendo questões trabalhistas. Hoje, o sindicato é protagonista do setor atacadista na parte tributária. Temos um escritório que nos atende muito bem.