Ana Esteves, especial para o JC
O ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, Fernando Mattos, disse nesta quarta-feira (28), durante visita à Casa do JC na Expointer, que o Uruguai é um parceiro do Brasil, em termos comerciais, tanto no setor de leite como no de carne bovina. “Não somos concorrentes do Brasil, ao contrário do que se anuncia que nossas exportações são predatórias, apenas suprimos a indústria brasileira”, afirmou Mattos.
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O ministro acrescentou que Uruguai e Brasil se complementam comercialmente, pois ambos são agroexportadores, mas que no caso dos laticínios, o Brasil é deficitário. “Não produz a totalidade do leite que consome, inclusive se houver uma recuperação e um crescimento da demanda, esse déficit aumentaria”, acrescentou.
A previsão para 2024 é de exportar cerca de U$S 1 bilhão, para diferentes mercados, mesmo com a redução de cerca de 25% dos envios de leite. Mattos diz que a exportação é realizada com valores de mercado e que não existe a prática de dumping. “É uma fake news, podemos desmentir categoricamente, pois o preço da exportação do Uruguai está acima da média do mercado internacional: leite em pó integral a U$S 3,5 mil e exportamos em torno de U$S 3,8 mil, quase 10% acima do valor de mercado que é o valor que entra no mercado brasileiro”, explica. Outra questão que gera intenso debate no setor se refere à qualidade do leite uruguaio.
Mattos afirma que tem ocorrido intenso diálogo com autoridades brasileiras no sentido de não colocar entraves burocráticos para ingresso de leite, quando existe garantia de inocuidade e de qualidade do produto. “É preciso compreender a situação do produtor de leite do Brasil que tem que melhorar seu nível de produtividade e qualidade, até porque eles recebem um valor muito maior do litro de leite do que o produtor uruguaio”, protestou o ministro.
Por outro lado, o Uruguai importa muitos produtos de origem animal do Brasil como carne bovina, suína, de frango e, para Mattos, o mercado tem que ser livre e transparente. “Temos que ter plena confiança nas autoridades sanitárias para não termos dificuldades na fronteira e não podemos estabelecer cotas de mercado para o leite à medida em que para outros produtos não temos cotas. Lembrando que o produtor do Uruguai também poderia estar reclamando que a carne bovina está entrando no Uruguai e não damos ouvidos a essas reclamações porque acreditamos que estamos em mercados que se complementam”, finalizou. Durante à visita à Casa do JC, Fernando Mattos foi recebido pelo diretor-presidente do Jornal do Comércio, Giovanni Jarros Tumelero.