Publicada em 28 de Agosto de 2023 às 17:27

Petroquímica vê potencial para crescer no setor do agronegócio

Integrantes da Braskem participam do Painel JC Debates na Expointer

Integrantes da Braskem participam do Painel JC Debates na Expointer


IVO GONÇALVES/JC
Jefferson Klein
Em uma observação apressada, pode parecer que os setores petroquímico e do agronegócio não teriam muita relação em comum. No entanto, o uso do plástico pode melhorar o desempenho das produções agrícolas e as empresas do segmento, como a Braskem, visualizam novas possibilidades nessa área.
Em uma observação apressada, pode parecer que os setores petroquímico e do agronegócio não teriam muita relação em comum. No entanto, o uso do plástico pode melhorar o desempenho das produções agrícolas e as empresas do segmento, como a Braskem, visualizam novas possibilidades nessa área.
A coordenadora de desenvolvimento de mercado Agronegócio da Braskem, Ana Antonia Paiva, ressalta que o Brasil utiliza ainda pouca petroquímica no agronegócio. “E o País tem um papel relevante dentro do cenário mundial (nesse segmento), é uma oportunidade muito grande para o setor do plástico trabalhar nessa cadeia”, afirma a engenheira química. A especialista visitou nesta segunda-feira (28) a Casa do Jornal do Comércio, na Expointer, e participou do Painel JC Debates.
Ela frisa que, para o agronegócio brasileiro manter-se competitivo, é preciso trabalhar com produtividade e sustentabilidade, algo que as soluções petroquímicas podem auxiliar. Ana cita como exemplo o sistema de irrigação por gotejamento, que é um procedimento que permite levar água a uma cultura com mais racionalidade, diminuindo o desperdício.
De acordo com a engenheira química, no Brasil se fala muito dessa prática para produzir hortaliças, contudo não é muito comum para cultivos mais extensivos. “Em outras nações, se usa essa ação em cana-de-açúcar, em grãos, então estamos trabalhando para adotar esse tipo de aplicação aqui também”, enfatiza a especialista.
Para as culturas extensivas, Ana detalha que os tubos gotejadores, feitos de resinas como polietileno, ficam enterrados, cerca de 30 centímetros, e como vantagem dessa estratégia ela explica que a planta absorve quase toda água liberada, otimizando o uso do líquido. Além disso, é possível colocar o fertilizante nessa estrutura, permitindo o emprego de medidas mais adequadas desse produto químico. Ou seja, há ganhos ambientais e econômicos.
Segundo a engenheira química, a instalação de um complexo de gotejamento com plástico tem um payback (retorno do investimento), em média, entre dois a três anos e uma vida útil por mais de dez anos, depois podendo ser destinado à reciclagem. Ana argumenta que melhorar a produtividade no campo é uma questão de segurança alimentar para um mundo onde cada vez a população aumenta mais.
Outra iniciativa citada é o procedimento chamado mulching, que consiste em cobrir o solo com uma faixa preta de filme de polietileno, ao redor da planta, deixando-a de fora. Como o material é preto, evita a passagem da luz e, por consequência, o processo de fotossíntese de eventuais ervas daninhas abaixo da faixa, dispensando a aplicação de herbicida.
A engenheira química indica como mais uma oportunidade a ser aprimorada no Brasil a silagem de fardos, utilizada para alimentação animal. Ainda nessa linha de armazenamento, há os silos-bolsa, estruturas feitas de resinas termoplásticas que podem ser implantadas, para guardar produtos como grãos, de maneira mais rápida que os silos estacionários tradicionais. Ana acrescenta que há também soluções plásticas para proteger o cultivo de uvas de mesa e a produção de bananas.
Assim como a petroquímica está elaborando itens na parte final da sua cadeia produtiva, no fornecimento de matéria-prima o setor também busca alternativas e uma delas é o eteno verde, feito de etanol. A Braskem possui em Triunfo uma unidade para fabricar o plástico verde, que recentemente teve sua capacidade ampliada para 260 mil toneladas anuais, resultado de um investimento de US$ 87 milhões. Atualmente, a empresa adquire o álcool para fabricar o material de fora do Estado e proveniente da cana-de-açúcar. No entanto, a possibilidade de se produzir etanol em território gaúcho a partir de trigo e de outros cereais pode mudar essa lógica, no futuro.
O gerente de Relações Institucionais da Braskem no Rio Grande do Sul, Daniel Fleischer, comenta que, em princípio, o álcool para fabricar o plástico verde pode ser oriundo de qualquer origem. Sendo assim, o principal fator para a decisão de qual matéria-prima usar é o custo. Fleischer salienta que como a produção de etanol no Rio Grande do Sul estaria mais perto do Polo Petroquímico de Triunfo, a logística da chegada do combustível até a unidade da Braskem seria facilitada. “Mas, tem que considerar que há uma grande produção de cana-de-açúcar no País, com todo um sistema já existente de produção de etanol”, recorda o gerente de Relações Institucionais.
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