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Publicada em 04 de Setembro de 2025 às 14:29

Leilão de máquinas seminovas estreia na Expointer como alternativa em tempos de crise no agro

Leilão Usadão Máquinas opera 100% em ambiente digital e realizam cerca de 200 negócios por mês

Leilão Usadão Máquinas opera 100% em ambiente digital e realizam cerca de 200 negócios por mês

DANI BARCELLOS/ESPECIAL/JC
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Gabriel Margonar
Gabriel Margonar
A crise atravessada pelo agronegócio gaúcho, marcada pela busca por renegociações de dívidas, juros elevados e dificuldade de acesso ao crédito tem levado produtores a buscar alternativas mais baratas para renovar o maquinário. Ao invés de investir milhões em equipamentos zero quilômetro, cresce a procura por tratores e colheitadeiras seminovas, que podem ser adquiridos com descontos significativos e colocados em operação com menor custo. Esse movimento abre espaço para negócios especializados, como o Leilão Usadão Máquinas, da Via Máquinas, que participa pela primeira vez da Expointer, em Esteio, para divulgar seus serviços.
A crise atravessada pelo agronegócio gaúcho, marcada pela busca por renegociações de dívidas, juros elevados e dificuldade de acesso ao crédito tem levado produtores a buscar alternativas mais baratas para renovar o maquinário. Ao invés de investir milhões em equipamentos zero quilômetro, cresce a procura por tratores e colheitadeiras seminovas, que podem ser adquiridos com descontos significativos e colocados em operação com menor custo. Esse movimento abre espaço para negócios especializados, como o Leilão Usadão Máquinas, da Via Máquinas, que participa pela primeira vez da Expointer, em Esteio, para divulgar seus serviços.
Fundado em 2010 e com sede em Balneário Camboriú (SC), o Usadão Máquinas consolidou-se no ambiente digital. “Nosso leilão começou 100% online, com foco exclusivo em equipamentos agrícolas e pesados. Durante a pandemia, quando concessionárias fecharam, nós crescemos mais de 200%. Para se ter ideia, chegamos a aumentar em 300% o volume de vendas pós-pandemia”, afirma o leiloeiro oficial Rubens Henrique de Castro.
Hoje, a empresa realiza dois pregões semanais, sempre às terças e quintas-feiras, com média de 200 itens vendidos por mês. Só em 2025, já foram contabilizadas mais de mil vendas. A base de fornecedores é formada por concessionárias de bandeira, seguradoras e grandes grupos do setor, o que garante a procedência. “Não trabalhamos com venda direta de produtor, porque o leiloeiro precisa assegurar a origem. Toda máquina passa por análise documental antes de ir a pregão”, explica Castro.
Do lado da compra, o público é amplo: agricultores de diferentes portes, empresas de logística, construtoras e até clientes estrangeiros. Há registros de negócios com compradores da Argentina, Uruguai, Bolívia e até Canadá. O pagamento é sempre à vista, sem análise de crédito, o que, segundo o leiloeiro, agiliza as negociações e dá segurança a quem vende.
A presença na Expointer é voltada principalmente à divulgação. Uma revista impressa está sendo distribuída a visitantes e parceiros, apresentando o catálogo de equipamentos e orientando sobre como participar dos pregões digitais. O espaço também foi usado para encerrar ao vivo o leilão da última terça-feira, conectando o ambiente físico do parque ao modelo virtual que sustenta o negócio.
Castro destaca que o interesse por seminovos é reflexo das condições atuais do mercado. Ele cita como exemplo uma colheitadeira cujo preço de fábrica pode variar de R$ 1,5 milhão a R$ 6 milhões. “Com o valor da entrada de um equipamento novo, o produtor compra um seminovo, revisa e coloca para trabalhar. É possível economizar de 30% a 40% em relação ao mercado”, diz. Durante a feira, já houve caso concreto de venda: um produtor que conheceu o serviço no parque comprou uma colheitadeira, que nova seria avaliada em R$ 1,3 milhão, por R$ 220 mil, por exemplo.
Para Marcelo Kozar, diretor executivo da Via Máquinas, o leilão ocupa um espaço específico dentro do mercado de usados. “Há máquinas que os produtores comercializam diretamente, outras que ficam na carteira das concessionárias. Mas também existem aquelas que não têm saída regional - por tecnologia ou uso. É aí que entra o leilão, com abrangência nacional, conseguindo achar comprador rapidamente”, explica. Ele cita ainda o projeto Usadão Express, que promete acelerar negociações. “Com 22 mil clientes cadastrados, conseguimos vender uma máquina em até 50 minutos, se o preço estiver abaixo do mercado. Isso será iniciado em breve”.
Kozar observa que, após a “bolha” dos seminovos criada na pandemia, os preços seguem em queda. “Naquele momento, máquinas chegaram a ser vendidas por três vezes acima do valor real. Essa curva rompeu no fim de 2023 e tende a se ajustar até 2026. É do ciclo do agro ter esses períodos de alta, crise e retomada”, resume.
Castro concorda que o setor não está imune a oscilações externas. Ele lembra que, além da pandemia, fatores internacionais já afetaram as vendas, como a incerteza gerada pelas tarifas impostas pelo governo Donald Trump. “Foram dois meses de retração, mas logo o mercado retomou”, relata.

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