A troca de chaves entre Arena e Olímpico é um passo importante para a demolição do estádio na avenida Azenha e a recuperação de um terreno abandonado em uma área central de Porto Alegre. O espaço está desvalorizado, e carece de uma definição dos trâmites jurídicos para que o processo ande. Os sintomas do abandono do Velho Casarão incluem ruas depredadas e imóveis desocupados, conforme relatou a reportagem do Jornal do Comércio.
Nesta quinta (13), o vice-presidente do Grêmio Eduardo Magrisso explicou como estão os trâmites e adiantou que a troca de chaves dos estádios entre o clube e as empresas Karagounis e OAS 26, que passam a ter os direitos do Olímpico, deve ocorrer no primeiro semestre de 2026.
Jornal do Comércio - Como está o processo da troca de chaves?
Eduardo Magrisso - Há alguns problemas para serem resolvidos. Principalmente por conta da OAS 26, que é responsável pelas obras do entorno e responsável pela demolição do Olímpico também. Ou seja, ela tem todos os ônus desse processo e praticamente nenhum bônus. Sobra muito pouco para ela. Por parte do Karagounis tudo certo. Mas não é uma empresa capitalizada porque o dinheiro dela vem do fundo do FGTS e teve um grande prejuízo nessa operação porque o projeto não deu certo. Imagino que ela vai ser muito mais uma repassadora do terreno, ou vai fazer parceria com alguém, do que propriamente ser a empreendedora do local.
Magrisso afirma que o assunto já não preocupa o clube como em outros tempos
ANGELO PIERETTI/GRÊMIO/JC
JC - E depois?
Magrisso - O processo de demolição já é um estágio que não nos compete. O papel do Grêmio termina na escritura. Quando tiver a escritura de permuta, entregamos o estádio e ficamos com a posse e a propriedade da Arena. São contratos longos e complexos, e algumas obrigações eles — OAS 26 e Karagounis — não cumpriram, e vamos forçar que cumpram. Não abrimos mão de nada. Mas eu já estive muito mais apreensivo com esse processo do que estou agora. Acho que está uma situação bem mais tranquila.
JC - Como o tema é debatido entre a gestão atual e a próxima?
Magrisso - Temos algumas reuniões marcadas com a próxima gestão para tratar de vários assuntos, inclusive esse. Nossos advogados externos devem continuar porque eles dominam muito o assunto. E mesmo não estando na gestão eu continuo gremista. Se precisar de algum esclarecimento, alguma ideia, eu vou estar sempre à disposição. Mas aí a decisão é da próxima gestão, como eles acharem que têm que ser feito.
Área ocupa 12 hectares
TÂNIA MEINERZ/JC
JC - O que aconteceria se Marcelo Marques não comprasse a Arena e doasse para o Grêmio?
Magrisso - O Grêmio começou a compensar o crédito com a cessão onerosa mensal (garante o acesso dos sócios aos jogos) e isso enfraqueceu muito a Arena Porto-Alegrense. O clube tinha um crédito de R$ 130 milhões, com juros de 1,5% ao mês, e todo ano essa conta crescia R$ 2 milhões. E o Grêmio pagava exatamente esse valor de cessão onerosa. Não íamos pagar mais nada para a Arena pelo resto dos oito anos de contrato e eles sabiam disso. Iríamos de um lado estrangular eles financeiramente e do outro lado a Reag, detentora do crédito, teria uma dívida que ia se transformar num mico, já que eles seriam credores de uma empresa que não teria mais receita. Achávamos que mais cedo ou mais tarde faríamos uma proposta para as coisas acontecerem. O Marcelo acelerou muito esse processo. Na medida que ele colocou um dinheiro que o Grêmio não tinha resolveu o processo e paramos de gastar energia para briga jurídica.
JC - E a relação com a prefeitura e o abandono do entorno do Olímpico?
Magrisso - A prefeitura sempre nos ajudou, não tenho nada para falar. Tudo que a gente combinou com eles foi feito. Sempre viram o Grêmio como a parte prejudicada nessa equação. Claro que o pessoal que é morador reclama do entorno. Vai virar uma área nobre da cidade. São 12 hectares, acho que não existe outro vazio urbano dentro de Porto Alegre em um local tão privilegiado e com tanto espaço. Vai transformar a cidade e imagino a expectativa de quem mora lá.