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Publicada em 01 de Julho de 2025 às 20:50

Especialista afirma que busca por status pode expor atletas ao risco

Debate sobre responsabilidade no esporte foi reestabelecido após fatalidades no mês de junho

Debate sobre responsabilidade no esporte foi reestabelecido após fatalidades no mês de junho

Indonesia's National Search and Rescue Agency/AFP/JC
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Rudá Neis
Rudá Neis
No mês de junho, duas fatalidades durante a prática esportiva comoveram os brasileiros. A primeira ocorreu no dia 7, durante a Maratona Internacional de Porto Alegre, quando João Gabriel Hofstatter De Lamare estava prestes a completar o seu último quilômetro dos 20 já percorridos quando sofreu um mal súbito e veio a óbito. O jovem completava 20 anos no mesmo dia.
No mês de junho, duas fatalidades durante a prática esportiva comoveram os brasileiros. A primeira ocorreu no dia 7, durante a Maratona Internacional de Porto Alegre, quando João Gabriel Hofstatter De Lamare estava prestes a completar o seu último quilômetro dos 20 já percorridos quando sofreu um mal súbito e veio a óbito. O jovem completava 20 anos no mesmo dia.
A segunda morte ocorreu no último dia 20. Desta vez, em uma trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia, Juliana Marins, 24 anos, escorregou e caiu cerca de 300 metros da trilha. As buscas foram interrompidas diversas vezes por conta das condições climáticas adversas. Após quatro dias de buscas, Juliana foi encontrada, infelizmente, sem vida e seu corpo chegou nesta terça-feira (1º) ao Brasil.
Diante destas fatalidades, a pergunta que fica é: o que leva os esportistas a se desafiarem além dos limites pessoais?
Para o membro da International Society Of Sport Psycology, Benno Becker, a explicação passa pelo aspecto psicológico. "O sujeito entra no esporte para ter um destaque. Eles querem mostrar para os conhecidos que eles têm o seu valor frente a uma sociedade que valoriza pouco as pessoas. E isso faz com que o sujeito se esponha", acredita.
O técnico de escalada Ramiro Ruschel ao tratar do caso da Juliana, explica que em meio à natureza as pessoas estão expostas ao perigo. "Não tem como ele estar livre de qualquer tipo de risco no ambiente natural. É muito importante estar ciente dos riscos que tu estás se expondo", esclarece. Ele ainda afirma que o compromisso de explicar as adversidades contidas na prática esportiva é do instrutor.
Em relação aos problemas, segundo Becker, chega em um certo ponto, em que os atletas não enxergam o risco na sua frente e é isso que os levam à superação do limite. "Isso tem um impulso único, e esse impulso vai crescendo cada vez mais. O motor do esporte é isso", explica.
Ruschel traz para o debate a questão sentimental na realização do esporte. Segundo o treinador, o medo é algo normal em atletas de atividades mais radicais. "Tem gente que está extremamente exposta e não sente medo e tem gente que está completamente segura, mas se sente em vias da morte. Cada indivíduo tem uma percepção de risco. E não necessariamente essa percepção se traduz na realidade".
Para evitar percalços, Ruschel afirma que o acompanhamento psicológico é fundamental e precisa ser mais recorrente nas atividades de alto rendimento. "Isso é extremamente importante e não é, necessariamente, o foco em diversas escolas de formação. Porém, na gestão de risco, este treinamento mental tem apresentado evoluções", conclui o instrutor.
 

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