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Publicada em 06 de Março de 2024 às 15:11

Krav Magá ensina defesa pessoal com base na prevenção

De origem isralense, prática é baseada na física, na matemática e na anatomia humana

De origem isralense, prática é baseada na física, na matemática e na anatomia humana

FERNANDA FELTES/JC
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Maria Welter
Maria Welter Repórter
Há muitas dúvidas ao redor da prática do Krav Magá, uma arte de defesa pessoal baseada na prevenção. Mesmo que os movimentos pareçam violentos, com enfiadas de dedo nos olhos, por exemplo, essa é a última medida tomada pelo kravista – como é chamado o praticante de Krav Magá –, que tenta evitar o confronto e só utiliza as técnicas aprendidas em caso de risco à sua integridade física.
Há muitas dúvidas ao redor da prática do Krav Magá, uma arte de defesa pessoal baseada na prevenção. Mesmo que os movimentos pareçam violentos, com enfiadas de dedo nos olhos, por exemplo, essa é a última medida tomada pelo kravista – como é chamado o praticante de Krav Magá –, que tenta evitar o confronto e só utiliza as técnicas aprendidas em caso de risco à sua integridade física.
Baseada na física, na matemática e na anatomia humana, as técnicas do Krav Magá buscam possibilitar que qualquer pessoa saiba se defender em situações de risco. A modalidade é a única conhecida mundialmente como arte de defesa pessoal, não como uma luta ou arte marcial. Os movimentos usados são curtos e objetivos. Elas se baseiam em movimentos naturais do corpo humano, em que peso do próprio corpo é transferido na direção do agressor. A ideia é que as reações feitas naturalmente sejam aperfeiçoadas, para que se possa agir de forma rápida e certeira em momentos de tensão.
"O Krav Magá não é um sistema de defesa pessoal para octógono, para MMA. Por que o Krav Magá não vai para o MMA? Porque o Krav Magá não é esporte. Esporte tem regras, o Krav Magá não tem regra. Se eu sei que o indívidio está armado, está com uma faca vindo na calçada, eu não vou ao encontro dele. Pelo contrário, eu saio da rota dele e chamo os órgãos de sergurança, não tem porquê eu ir ao encontro dele", explica o policial civil, educador físico e mestre André Rodrigues da Silva, que tem insígnia preta da modalidade, e é responsável pelo CT André Silva (Av. Teresópolis, 3129 - sala 401 - Porto Alegre).

História da modalidade

FERNANDA FELTES/JC

        Da esquerda para a direita, os kravistas Gerson Luis Escandiel Diel, Márcia Regina Brasil da Silva e André Rodrigues da Silva. Foto: Fernanda Feltes/JC                                     

Com oito anos de idade, Silva começou a praticar judô por orientação médica, já que sofria de asma. Esse foi apenas o primeiro passo no universo das lutas, também tendo passado pelo Karatê, Boxe, Hapkidô, Taekwondo e Muay Thai. Há 14 anos, conheçou o Krav Magá Concept através do mestre Fernando Daltro, precursor da modalidade no Rio Grande do Sul.
O Krav Magá foi criado em Israel, na década de 1940, pelo mestre Imi Lichtenfeld. O principal objetivo do Krav Magá é proporcionar que qualquer pessoa, independentemente de seu tamanho, força ou idade, consiga se defender de agressões, ainda que com armas. Até a década de 60, a modalidade era restrita para treinamento do exército. Ele foi aberto para a população civil e adotado principalmente pelas mulheres, que buscavam técnicas que não necessitassem da força física para a defesa pessoal.
"Na década de 1940, ele [o mestre Imi Lichtenfeld] cria esse sistema baseado em alavancas, em ponto de pressão e alvos primários, que são: os olhos, o Krav Magá disfere golpe nos olhos; na garganta; na região genital, que sabe-se que o homem é extremamente sensível; e na região dos joelhos. Então nós temos quatro alvos primários", elenca Silva.

Krav Magá para mulheres

"O Krav Magá é uma mentalidade de segurança", resume a mestre e educadora física Márcia Regina Brasil da Silva. Para ela, a estrada em direção à prática começou no balé, passou pelo Muay Thai e chegou à modalidade de defesa pessoal através de um curso para graduados em outra arte. "Como eu já era grau preto no Muay Thai, pensei em fazer o curso de instrutora. Achei muito interessante e legal, fiz o curso de monitora e instrutora, foram três anos de formação", conta Márcia, que é faixa azul de Krav Magá e ministra uma turma apenas para mulheres aos sábados.
"Não treinamos para usar, parece estranho falar isso, mas é. O mestre Imi tinha uma frase em que dizia: que você seja tão bom no Krav Magá, que você não precise usá-lo", afirma Márcia. São trabalhados diversos temas de prevenção e segurança nas aulas, baseados principalmente no uso da visão periférica e no evitamento de situações de perigo. Assim, as técnicas de defesa pessoal serão utilizadas apenas nos casos mais extremos e de risco à integridade física da pessoa.
No caso das mulheres, Márcia esclarece que não são necessárias características específicas, como peso, altura ou idade, para a prática do Krav Magá. Contudo, um fator importante para a evolução e a memória muscular dos movimentos é que sejam praticados exercícios de força.

Graduação no Krav Magá

Um dos alunos dos mestres e estudante de Educação Física é Gerson Luis Escandiel Diel, que tem histórico familiar no judô, esporte que começou a praticar por volta dos cinco anos de idade. "Lembro que entrei aqui e queria o Krav Magá, o mestre olhou para mim e falou 'começa pelo Muay Thai'. Comecei pelo Muay Thai, me apaixonei, e depois o mestre e a mestra me puxaram para o Krav Magá e cá estou", explica Diel.
O sistema de graduação do Krav Magá tem sete cores de insígnia, que equivalem às faixas. As cores são: branca, amarela, laranja, verde, azul, marrom e preta. O tempo para passar de uma insígnia para a outra varia de uma pessoa para outra, devido às característictas pessoais. As aulas são baseadas em protocólos, que estabelecem uma sequência de golpes e defesa a serem aprendidos pelos alunos. "Conforme o entendimento desse processo, a pessoa vai passar pela graduação", relata o aluno.
Para os três kravistas, um ponto essencial para se estar pronto caso seja necessário utilizar as técnicas do Krav Magá é enxergar os treinos como se fossem situações reais. Mesmo que as armas de fogo e armas brancas usadas sejam simulacro (uma representação das armas), eles recomendam que o aluno absorva os ensinamentos como se estivesse em situação periculosa, para saber reagir com agilidade em uma situação real.

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