Maior nome do pádel do Rio Grande do Sul, o porto-alegrense Pablo Lima se aposentou das quadras no fim desta temporada. Aos 37 anos, o tricampeão mundial da modalidade e detentor de mais de 50 títulos no circuito profissional irá dedicar seu tempo à família e ao fomento do esporte no Brasil.
Conhecido como "o canhão de Porto Alegre", apelido que ganhou durante as transmissões do World Padel Tour (WPT), o atleta começou no esporte aos 9 anos de idade, por influência do pai, que já praticava. "Naquela relação de pai e filho, eu acompanhava ele e comecei a jogar pádel", explica o padelista.
Com 10 anos, entrou nos primeiros campeonatos. Na época, jogava na categoria sub-14 e conta que precisou tomar muito ferro por conta da diferença de idade em comparação com os adversários.
O ingresso no profissional, conhecido como 1ª categoria, foi já aos 15 anos. Em relação ao cenário atual da modalidade, em que a popularização do esporte atingiu patamares nunca antes vistos, Lima considera que o pádel que praticava era mais "caseiro".
"Nós fazíamos um treino durante a semana e depois era tudo mais por nossa conta. A gurizada jogava mais entre nós mesmos. Não era como é agora que as crianças têm psicólogos, nutricionistas, treinadores, fazíamos algo bem mais amador", afirma o atleta.
A carreira internacional teve uma rápida escalada. Após disputar campeonatos na Espanha com 17 anos, Lima foi convidado para jogar o Circuito Espanhol, promovido pela Federação Espanhola de Pádel (FEP), no ano seguinte.
"Quem queria se dedicar a poder jogar os melhores torneios, tinha que morar lá. Então eu fui aos 18 anos, em 2005", relembra Lima. Os dois primeiros anos foram difíceis, afirma o atleta, que elenca a distância das referências como um dos principais obstáculos.
Na Padel Pro Tour, Lima ganhou ainda mais projeção ao formar a parceria chamada de "Los Principes" com o argentino Juani Mieres. O nome veio após a dupla ser a primeira a derrotar "Los Reyes" Fernando Belasteguín e Juan Martín Díaz.
Inicialmente, Lima se despediria das quadras neste mês, mas decidiu antecipar a aposentadoria para setembro, após 23 temporadas como padelista profissional. "Geralmente, quando estamos jogando, não somos muito conscientes de tudo que aconteceu, do que deu certo e do que deu errado. Quando tu deixa, tu começa a fazer uma retrospectiva, então começam a chegar algumas matérias pela internet de números, resultados, e tu começa a ver tudo que tu fez", resume o padelista.
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O atleta revela que, durante a carreira, precisou abdicar de muito tempo com a família, e que pretende se dedicar à vida pessoal. De volta à terra natal, o padelista ainda planeja desenvolver eventos e treinamentos para contribuir com o aperfeiçoamento da modalidade no País.
"A vida é bem desgastante, temos que renunciar muitas coisas. Então, já que tu perdeu muito do outro lado, na vida familiar e social, pelo menos, tu conseguiu fazer uma coisa que marcou no esporte", reconhece Lima.