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Rei do Futebol

- Publicada em 03 de Janeiro de 2023 às 21:11

Adeus a Pelé leva multidão às ruas de Santos; cerca de 230 mil pessoas foram a Vila Belmiro

Cerca de 230 mil pessoas foram a Vila Belmiro para homenagear o Rei

Cerca de 230 mil pessoas foram a Vila Belmiro para homenagear o Rei


/NELSON ALMEIDA/AFP/JC
Cinco dias após sua morte, o Brasil deu o adeus a Pelé. O corpo de Edson Arantes do Nascimento percorreu as ruas de Santos por quase quatro horas antes de ser sepultado no cemitério vertical Memorial Necrópole Ecumênica, nesta terça-feira. Uma das falhas foi a ausência de grandes ídolos do futebol brasileiro na cerimônia de despedida do maior de todos os tempos. Nenhum jogador da atual seleção ou da conquista do penta esteve presente na Vila Belmiro.
Cinco dias após sua morte, o Brasil deu o adeus a Pelé. O corpo de Edson Arantes do Nascimento percorreu as ruas de Santos por quase quatro horas antes de ser sepultado no cemitério vertical Memorial Necrópole Ecumênica, nesta terça-feira. Uma das falhas foi a ausência de grandes ídolos do futebol brasileiro na cerimônia de despedida do maior de todos os tempos. Nenhum jogador da atual seleção ou da conquista do penta esteve presente na Vila Belmiro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva compareceu ao funeral. Ele chegou acompanhado da primeira-dama Janja e entrou no gramado às 9h13min. A comitiva chegou à Baixada Santista de helicóptero, que pousou no campo da Portuguesa Santista, bem próximo ao estádio do time alvinegro.
Depois de dias de calor intenso, o que exigiu resistência e paciência das mais de 230 mil pessoas que passaram pela casa do Santos durante o velório que durou 24 horas, o cortejo aconteceu sob chuva fina na cidade do clube que o projetou para o mundo.
Durante o cortejo, os torcedores puderam se despedir pela última vez do maior jogador de futebol da história. O velório na Vila Belmiro foi marcado por homenagens, cantos e emoção.
O caixão foi retirado da tenda por volta das 10h e deixou o gramado em um carro-maca. O corpo de Pelé foi colocado no caminhão do Corpo de Bombeiros, que iniciou cortejo por algumas ruas de Santos.
Integrantes de torcidas organizadas, com bandeiras e instrumentos musicais, lotaram a avenida Bernardino de Campos, próxima ao portão principal da Vila Belmiro, à espera da passagem do corpo.
O trecho da avenida esteve completamente tomado de torcedores, que cantaram sem parar, como em um jogo de futebol. "Mil gols, mil gols, mil gols... só Pelé, só Pelé, que jogou no meu Santos", entoava a torcida em uma música também cantada em dias de partidas do Peixe. O hino oficial do Santos também foi bradado, além de canções das organizadas do time.
O cortejo, previsto para levar 40 minutos, foi concluído em quase quatro horas, em meio a multidões nas ruas de Santos. Em uma das últimas etapas do trajeto, torcidas organizadas e torcedores comuns cantaram o hino do Santos e estouraram rojões quando o caminhão passou por ruas próximas ao cemitério.
Assim que o caminhão de Bombeiros parou em frente ao Memorial, uma marcha fúnebre foi tocada pela banda da Polícia Militar, enquanto o corpo era retirado do veículo. Já em solo, foi carregado para o interior do espaço ao som do hino do Santos. Foi tocado ainda o hino religioso Segura na Mão de Deus.
Em uma nova cerimônia, desta vez mais estrita a 140 pessoas, familiares e amigos próximos realizaram um novo velório, mais curto e reservado. A viúva Márcia Aoki foi a primeira a chegar. O corpo de Pelé foi colocado em um jazigo dourado construído há quatro anos.
A ideia, depois do enterro de Pelé, é que o Memorial Necrópole Ecumênica se torne atração turística de Santos. O espaço será aberto ao público para visitas em alguns dias. A administração ainda não definiu as datas.
 

Cortejo passou em frente da casa de sua mãe Celeste, sob forte aplauso

Passagem do cortejo em frente à casa de sua mãe foi cercado de emoção

Passagem do cortejo em frente à casa de sua mãe foi cercado de emoção


/CAIO GUATELLI/AFP/JC
Ao longo do trajeto, estava planejada a passagem do corpo do Rei do Futebol pela casa de sua mãe Celeste. O caminhão passou na frente da casa e a comoção foi generalizada. Sob forte aplauso, emocionada, a irmã do Rei, Maria Lúcia, foi à varanda, acenou e se despediu do irmão. A mãe de Pelé não apareceu. Ela tem 100 anos de idade e vive na casa, mas está com a saúde debilitada e vive sob cuidados médicos.
Na rua, os aplausos e gritos de "Pelé" também foram emocionantes. Vizinhos e pessoas que passavam pela rua onde mora a mãe do Rei do Futebol demonstrou todo seu agradecimento pelo que o filho de Três Corações, em Minas Gerais, fez por Santos. O caminhão de bombeiros ficou cerca de 15 minutos parado no local. E, cada vez que andava alguns metros, era aplaudido.
Judith Santana, 67, mora a duas quadras da casa de Celeste e se disse surpresa com a vizinha ilustre. "É muito emocionante", afirmou olhando para a sacada do imóvel cheia de gente. "É belíssimo, maravilhoso", afirmou um homem com a camisa do Santos e uma cadeira de praia na mão, durante um dos inúmeros aplausos quando o caminhão parou exatamente em frente à casa.
Em alguns trechos do trajeto percorrido pelo cortejo, pessoas nas sacadas de suas casas e nas janelas dos apartamentos jogaram pétalas de rosas para o Rei. A orla da praia, no bairro do Gonzaga, ficou lotada de pessoas à espera da passagem, desde banhistas até pessoas com camisa do Santos e roupa de trabalho.
Durante a passagem do corpo, as pessoas acenavam de sacadas de prédios e de comércios. Os santistas eram maioria nas ruas, mas torcedores com camisas de vários clubes do Brasil também eram vistos acenando.
Os corintianos Jonatas do Prado Nascimento e Daniel José da Costa, ambos de Peruíbe, chegaram cedo à esquina do cemitério vertical onde Pelé foi enterrado.
"Alguns atletas são capazes de transcender rivalidades", diz Jonatas. "O Pelé é um deles", acrescenta Daniel. "Na Copa, a gente viu um pouco disso com o Messi. Independente da Argentina, muita gente estava torcendo por ele. Com o Pelé, foi assim a carreira toda", finaliza Jonatas.

Mausoléu de Pelé tem túmulo personalizado

Futuro ponto turístico de Santos, o túmulo de Pelé foi personalizado ao Rei do Futebol, localizado no Memorial Necrópole Ecumênica. O espaço conta com estátuas em bronze e tem uma foto do eterno ídolo em alto relevo, e permanecerá no mausoléu no primeiro andar do edifício, homologado pelo Guinness Book, o livro dos recordes, como o cemitério mais alto do mundo
O pai de Pelé, João Ramos do Nascimento, o Dondinho, que morreu em 1996, e o irmão, Jair Arantes do Nascimento, o Zoca, morto em 2020, também estão sepultados no mesmo cemitério, mas no nono andar. Eles estão em lóculos, uma espécie de gaveta que abriga os caixões.
Mas com Pelé foi diferente. Pepito Fornos, ex-assessor pessoal que acompanhou o Rei e amigo durante mais de cinco décadas, deu a ideia de alterar o planejamento e Pelé gostou da sugestão anos atrás.