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Esportes

- Publicada em 10 de Janeiro de 2020 às 17:42

Por que Renato Portaluppi vai repetir procedimento no coração?

Renato tem fibrilação atrial, arritmia no coração que é muito comum em ex-atletas como o ídolo tricolor

Renato tem fibrilação atrial, arritmia no coração que é muito comum em ex-atletas como o ídolo tricolor


LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA/JC
Patrícia Comunello
O que vai levar novamente o técnico e ídolo da torcida do Grêmio, Renato Portaluppi, a um hospital em um ano - ele fez o mesmo procedimento em 5 de janeiro de 2019 -, é uma arritmia crônica causada por fibrilação atrial. Renato vai realizar a intervenção na manhã deste sábado (10), para corrigir o problema no batimento cardíaco. Veja como foi o tratamento.
O que vai levar novamente o técnico e ídolo da torcida do Grêmio, Renato Portaluppi, a um hospital em um ano - ele fez o mesmo procedimento em 5 de janeiro de 2019 -, é uma arritmia crônica causada por fibrilação atrial. Renato vai realizar a intervenção na manhã deste sábado (10), para corrigir o problema no batimento cardíaco. Veja como foi o tratamento.
O procedimento feito por meio de cateter, considerado invasivo mas não uma cirurgia, deve levar até três horas. Renato poderá ficar de um a dois dias internado para se recuperar, segundo um dos cardiologistas que cuida da saúde do treinador Leandro Ioschpe Zimerman, coordenador da Unidade de Arritmia e Eletrofisiologia do Hospital Moinhos de Vento, que vai acompanhar o tratamento ao lado da equipe do hospital CopaStar, da rede D'Dor.
Zimerman fez o procedimento em Renato, chamado de ablação, em janeiro de 2019, mas no Moinhos de Vento. Desta vez, o técnico optou pelo Rio, onde está sua residência e família, e para não chamar muito a atenção, segundo Zimerman. Mas não adiantou, pois foi notícia na apresentação do Tricolor nessa quinta-feira (9). O ídolo gremista vai usar parte dos dez dias de férias que ainda tem para cuidar do problema, depois volta a Porto Alegre e reassume o comando dos preparativos da temporada 2020. 
O médico explicou o que é o problema que atinge o coração do treinador, comum em ex-atletas, e também preveniu que a situação pode se repetir, o que exigirá a aplicação da técnica novamente. "Não tem risco de infarto ou morte súbita, mas é uma arritmia que tem risco de fazer derrame (AVC)", esclarece o especialista.  
A vantagem da cauterização é que Renato poderá ficar sem ter de tomar remédio. Zimerman admitiu ainda que o estresse eleva a chance de arritmia - e o treinador teve um segundo semestre bem tenso, quando foi detectada a volta da fibrilação - e espera que, em 2020, quando Renato vai buscar títulos que não vieram em 2019, o coração não sinta tanto. "Tomara que tenha menos estresse, mas isso não depende de nenhum de nós (risos)."  
Jornal do Comércio - Por que Renato terá de fazer de novo o procedimento?
Zimerman - Fizemos a ablação dele em janeiro de 2019 e ele ficou super tranquilo, em ritmo normal até setembro. Depois de nove meses, ele teve de novo a arritmia. Combinamos de fazer de novo a cauterização, que é algo bem rotineiro. Em janeiro, já se apontava a chance de 30% a 40% de repetir. Vamos fazer basicamente o que foi feito em janeiro, e ele me pediu para participar. Em geral, quando (a arritmia) volta, é porque algum ponto das cauterizações voltou a conduzir. A gente procura este ponto e cauteriza de novo. A diferença em relação a de janeiro é que, como teve recorrência, tende-se a cauterizar mais, para reduzir a chance de voltar. A primeira coisa é entrar (no coração) e olhar as quatro veias que foram cauterizadas. Dependendo de como estiverem, a gente refaz alguma.
JC - O que é ablação?
Zimerman - É um procedimento invasivo e feito por meio de catéteres, que podem ser guiados por fluoroscopia (raio-x), mas é cada vez mais por mapeamento eletroanatômico tridimensional. A gente vai inserindo (pela veia femoral, pela virilha, que vai até o coração) cateter, que vai gerando um mapa colorido indicando onde se está dentro do coração. Com isso, conseguimos localizar os pontos do órgão que devem ser queimados ou ablacionados. O que a gente vai poder ver é se o que foi cauterizado (em 2019) está bem e, possivelmente, aumentar algumas zonas queimadas, para reduzir a chance de voltar no futuro.
JC - Por que o procedimento será no Rio de janeiro?
Zimermam - Por duas razões: primeiro ele achou que conseguiria manter em sigilo para não ter visibilidade e divulgação. Segundo, porque ele está de férias. É mais fácil lá (Rio), pois a família fica perto.
JC - Quanto tempo vai durar o procedimento?
Zimermam - Deve levar umas três horas. O Renato vai cedo neste sábado para realizar ainda pela manhã. Ele deve ficar um dia internado, no máximo dois, devido ao tipo de ablação a qual ele será submetido. 
JC - Qual é exatamente o problema do Renato?
Zimerman - É fibrilação atrial, que é uma arritmia que acontece na parte de cima do coração. Não tem risco de infarto ou morte súbita, mas é uma arritmia que tem risco de fazer derrame (AVC). Ela parece mais em ex-atletas.
JC - O Renato teve isso mais recentemente ou teve no passado?
Zimerman - Ele já tinha tido há bastante tempo, ficou medicado por um tempo, até que os remédios deixaram de funcionar, aí eles entrou na arritmia de forma mais crônica. Quando ele voltou para reavaliar (janeiro de 2019), ele tava há bastante tempo, e a melhor forma de resolver é com cateter para não ficar tomando remédio o resto da vida. O Renato é muito jovem e saudável para ficar tomando remédio o resto da vida.
JC - Após a cauterização, é eliminada totalmente a medicação?
Zimerman - A ideia é que, se der tudo certo, ele pare com a medicação. Ele tinha parado por três meses, mas como voltou (a arritmia), retomou o uso. Ele toma um remédio para afinar o sangue (anticoagulante), que afasta o risco de formar um quadro de AVC.
JC - Por que essa arritmia é muito comum em ex-atletas?
Zimerman - O coração do atleta faz muito esforço por muito tempo, o que gera problemas, como essa arritmia de fibrilação atrial. Hoje existe uma entidade nacional que trata do assunto. A chance de ter aumenta ao longo da vida, não necessariamente quando está em atividade.
JC - Por que ele não fez a ablação em setembro quando vocês detectaram a volta da arritmia?
Zimerman - Quando detectamos em exames de rotina, o Renato pediu para segurar um pouco, porque tinha Libertadores e Brasileirão. Esperamos e se agendou para agora.
JC - O estresse que ele deve ter vivido (em meio a estes campeonatos e como foram), pode agravar o quadro?
Zimerman - O estresse neste nível aumenta, sim, a chance de arritmia e de fibrilação atrial. Mas é bom deixar claro: o Renato poderia viver com isso, não vai deixar de fazer nada na vida dele. Se não pudesse fazer a ablação, ele ficaria com a medicação, continuaria a ser técnico e a jogar a pelada dele. Mas a nossa tarefa é buscar soluções.
ZH - Ele sentiu algo que alertou para a volta da arritmia?
Zimerman - Foi assintomática, ele não sentiu nada, detectamos nos exames de rotina. Fomos examinar e vimos que estava desfibrilando de novo, que significa que a parte de cima do coração (átrios) está tremendo, não bate no ritmo adequado, fica irregular e de forma rápida. A parte de baixo, os ventríolos, acompanha a de cima, mas não na mesma frequência, que é mais baixa. Para algumas pessoas, a frequência em baixa fica de 150 a 200 batimentos por minuto, que gera palpitação e mal-estar. Quando o Renato faz fibrilação na parte de cima, a frequência nos ventríolos fica bem baixa e normal, de 70 a 80 batimentos por minuto. Por isso, não teve sintoma nenhum.
JC - Ele poder ter de repetir a ablação?
Zimerman - Pode, infelizmente. Essas ablações são feitas para quem tem fibrilação mais persistente, com  30% a 40% de recorrência. Mas uma pessoa jovem como ele, a gente não de desiste. Se tiver de novo, vamos fazer de novo.
JC - No mais, a saúde dele está boa?
Zimerman - O Renato tem uma saúde muito boa, maravilhosa.
JC - Ele está pronto para ter um ano diferente, buscar títulos ...?
Zimerman - (risos) Tomara que tenha menos estresse, mas isso não depende de nenhum de nós.
> VÍDEO: Como foi a apresentação no CT do Grêmio 
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