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Publicada em 06 de Novembro de 2025 às 14:54

Otimismo pauta atividade mesmo diante de uma série de obstáculos

Rebellatto destaca a importância do surgimento de novas empresas

Rebellatto destaca a importância do surgimento de novas empresas

Altair Figueira/Divulgação/JC
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Roberto Hunoff
Roberto Hunoff Jornalista
Com uma produção de uvas comuns e viníferas de 769,2 milhões de quilos, o maior volume nos últimos 10 anos, a indústria brasileira elaborou, neste exercício, 562,5 milhões de litros de vinhos e derivados, alta de 55% sobre o ano passado. Para 2025, a projeção é de 800 milhões de quilos caso as condições climáticas mantenham a situação de normalidade. “Tudo se encaminha para mais uma safra de boa quantidade, mas principalmente de qualidade, pois as videiras estão sadias. Os indicadores são positivos”, projeta o presidente do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis), Luciano Rebellatto.
Com uma produção de uvas comuns e viníferas de 769,2 milhões de quilos, o maior volume nos últimos 10 anos, a indústria brasileira elaborou, neste exercício, 562,5 milhões de litros de vinhos e derivados, alta de 55% sobre o ano passado. Para 2025, a projeção é de 800 milhões de quilos caso as condições climáticas mantenham a situação de normalidade. “Tudo se encaminha para mais uma safra de boa quantidade, mas principalmente de qualidade, pois as videiras estão sadias. Os indicadores são positivos”, projeta o presidente do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis), Luciano Rebellatto.
A comercialização, no entanto, no período de janeiro a julho, é negativa. O total de 230,4 milhões de litros é 7,5% e 7% inferior ao ano passado e a 2021, segundo ano da pandemia, respectivamente. Mas a situação é distinta entre os produtos. Os espumantes apresentam números positivos, com 9 milhões de litros comercializados, altas de 7% sobre o ano passado e 30% em relação a 2021. Os vinhos finos seguiram a mesma trajetória, com incremento de 9%, totalizando 12,5 milhões de litros. Os de mesa avançaram 4%, para 113,7 milhões de litros. Ambas as categorias, porém, venderam menos do que em 2021, quedas de 30% e 2,5%, respectivamente.
O pior resultado se concentra nos sucos de uva prontos para beber e concentrados. A venda de 79,3 milhões de litros é 19% inferior ao ano passado e 12,5% em relação a 2021. A categoria outros produtos teve queda de 25% sobre o ano passado, mas incremento de 5% em relação a 2021, com 15,5 milhões de litros
Entre os fatores para a perda de mercado, Rebellatto aponta o aumento de venda de importados e o descaminho. No entanto, vislumbra um cenário positivo, principalmente nos espumantes e nas novidades do setor, que têm investido em produtos alinhados com as novas tendências de mercado. “Temos linhas mais leves, como brancos e rosés, com menor teor alcoólico para consumo mais amplo. A aceitação está sendo positiva e deve melhorar com a chegada dos desalcoolizados, tendência em todo o mundo. O futuro consumidor está entrando por este caminho, optando por bebidas mais doces e com menos álcool”, avalia.
Dados da IWSR (International Wine & Spirits Research) mostram que o mercado global de bebidas no-alcohol (0% a 0,5% de álcool) deve crescer, em média, 7% ao ano até 2028, adicionando mais de US$ 4 bilhões ao segmento. Nos Estados Unidos, o mercado pode atingir quase US$ 5 bilhões, impulsionado principalmente por consumidores da Geração Z, que já consomem menos álcool do que gerações anteriores e buscam produtos que unam prazer, saúde e propósito.
Rebellatto frisa que o setor não é contra as importações de vinhos e bebidas, defendendo que o consumidor tem liberdade de escolha. Alerta, no entanto, que, em função da alta carga tributária sobre o setor, em torno de 50%, os vinhos nacionais perdem competitividade em relação aos importados, a maioria chegando com valores entre R$ 30 e R$ 35, concorrendo diretamente com os produtos de mesa.
Outra preocupação é com o acordo Mercosul-Comunidade Europeia, que deve tornar a concorrência ainda mais difícil. De acordo com Rebellatto, as entidades do setor trabalham em busca de subsídios ou uma trava, limitando volumes de importação. “O setor precisa de proteção para ser economicamente viável”, ressalta. Nesta semana, entidades participaram, em Brasília, de audiência para debater a situação tributária.
Rebellatto destaca o crescimento do setor por meio do surgimento de várias pequenas vinícolas, que estão atuando em nichos diferentes de mercado. Para ele, esta expansão fortalece o segmento como um todo, inclusive as médias e grandes empresas, pela criação de novos consumidores, que visitam os empreendimentos. “Este novo negócio agrega valor, faz com que o consumidor procure a região e movimente toda a economia do local. São produtos e consumidores diferentes”, frisa.

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