Após investir R$ 130 milhões nos últimos cinco anos, priorizando a modernização estrutural e qualificação de processos, a Cooperativa Vinícola Aurora planeja a construção de uma nova planta fabril no Vale dos Vinhedos. A intenção é entregar a obra como uma marca do centenário, comemorado em 2031.
De acordo com o diretor de marketing e vendas, Rodrigo Valério, o projeto contempla uma unidade capaz de receber, se não totalmente, em torno de 90% a 95% da produção de uvas dos cooperados, que tem sido, em média, na casa dos 75 milhões de quilos anuais. Na safra 2025, recebeu 71,6 milhões de quilos de uva. Com os investimentos do último quinquênio, a capacidade total de armazenamento aumentou de 85 milhões para 92 milhões de litros.
O executivo projeta para este ano crescimento em relação ao exercício passado, quando a cooperativa totalizou faturamento de R$ 841 milhões, alta de 7% sobre 2023. Admite, no entanto, que a margem final deve ser menor em razão da forte concorrência no mercado, especialmente com produtos importados. “Há uma redução de consumo nos principais países, como Chile, Argentina, França, Itália e outros. E o Brasil aparece como destino preferencial para suprir a perda interna nestes mercados, que têm consumo médio de 15 litros per capita. Para fazer frente a este movimento, o setor precisa continuar investindo em novidades”, avaliou.
Novidades que a Aurora tem colocado no mercado. Na ProWine São Paulo, lançou o vinho laranja, com menos álcool, e a linha de desalcoolizados. O vinho laranja é elaborado com uvas brancas Viognier, que passam por processo de maceração pelicular prolongada, semelhante aos tintos. Nesta safra são 7 mil garrafas, todas numeradas, e vendidas exclusivamente no e-commerce e nas lojas próprias da Aurora.
À base de uvas Cabernet Sauvignon e Chardonnay, os vinhos desalcoolizados, após as etapas normais de elaboração, são submetidos a um processo físico, com tecnologia desenvolvida internamente, para a extração do álcool. O primeiro lote, já à venda, tem 5 mil garrafas de cada vinho. “Percebeu-se uma grande aceitação das propostas. Pelo que sentimos junto ao mercado, estes lotes terão venda rápida”, estima o diretor.
Ele destaca que a linha de desalcoolizados tende a ter um público bastante diverso. A começar pelo consumidor habitual, que pode optar por este produto na sua rotina diária de trabalho e degustar o tradicional nos fins de semana. Também deve atender ao público religioso, que evita o consumo, e atrair consumidores mais jovens.
Líder nacional na produção e comercialização de suco de uva, com 38% de participação no share de mercado e representando cerca de 60% do faturamento anual, a Aurora projeta expansão também no segmento de sucos integrais e gaseificados. A tendência é continuar investindo em inovação, novas frutas e blends, ampliando canais de venda e presença em pontos como empórios naturais, farmácias e e-commerce. O mais recente lançamento foi o suco de maçã gaseificado.
As exportações também devem melhorar a receita da Aurora, mesmo diante das tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos, mercado com baixa representatividade nos negócios. Valério cita China, Paraguai e Uruguai como os principais importadores de bebidas da marca.
O investimento em tecnologia tem transformado a viticultura da Aurora. O uso de estações meteorológicas, drones e colheita mecanizada permite um monitoramento mais preciso dos vinhedos, otimizando o cultivo e a colheita. Também investe em pesquisas para o desenvolvimento de novas variedades e técnicas mais sustentáveis.
No âmbito ambiental, adota práticas como embalagens sustentáveis, tecnologias que reduzem desperdícios e a substituição de empilhadeiras a combustão por modelos elétricos. Recentemente, a ampliação do Centro de Distribuição no Vale dos Vinhedos, com um investimento de R$ 14 milhões, reduziu em 30% o fluxo de caminhões entre as unidades industriais e triplicou a capacidade de estocagem.
A Aurora reúne 1.100 famílias de viticultores cooperados, distribuídos em 11 municípios da Serra Gaúcha, responsáveis pelo cultivo de 3 mil hectares. Conta com 550 funcionários nas unidades de Bento Gonçalves e Pinto Bandeira e processa anualmente entre 10% e 15% da safra de uvas do Rio Grande do Sul. O portfólio conta com 220 itens, comercializados em todos os estados e exportados para 17 países.