O vinhedo experimental criado em 2019, em área de quatro hectares de um cooperado, no município de Santa Tereza, tem oportunizado à Cooperativa Vinícola Garibaldi qualificar o portfólio de produtos com variedades diferentes, de pouca ou quase nenhuma produção no Brasil. São uvas da Geórgia, Ucrânia, Romênia, Grécia, Hungria, República Tcheca, Portugal, Itália e Espanha. Além de diversificar a produção, o projeto busca entender como essas uvas se adaptam às condições climáticas e de solo do Brasil.
A iniciativa começa a dar retorno para a cooperativa. Neste ano foram lançados vinhos elaborados com as uvas Pálava, de origem tcheca, e, mais recentemente, da húngara Irsai Oliver. “Temos outros varietais bem encaminhados que, em breve, devem fazer parte do portfólio da vinícola”, comemora o presidente Oscar Ló. Para ele, o surgimento de novas variedades é também uma oportunidade para o cooperado elevar a renda e, com isso, estimular o jovem a seguir na atividade.
Após a colheita, as uvas são levadas para a adega, onde são submetidas a microvinificações. Os testes são realizados ao longo de várias safras, pois o clima pode variar bastante de um ano para outro. “Temos 17 variedades em processo de microvinificação agora”, comenta o enólogo Ricardo Morari.
O Garibaldi In Veritas Irsai Oliver é um vinho branco com diferentes camadas aromáticas. Ele introduz pela primeira vez no país um vinho elaborado com a uva Irsai Oliver. Pouco mais de 7,2 mil garrafas estão à venda. O Garibaldi VG Pálava chegou no ano passado e se destaca por aromas terpênicos e florais.
Em busca de um perfil que dialogue bem com o público, a Garibaldi posiciona o Pálava como um vinho mais descomplicado e acessível, especialmente voltado àqueles que estão começando a explorar os brancos. “A categoria de vinhos brancos está crescendo no Brasil, e queremos nos conectar tanto com novos consumidores quanto com os tradicionais”, afirma André Luís Rech, gestor de comunicação da Garibaldi.
Outro movimento da Garibaldi é acompanhar as tendências de mercado que, segundo Ló, está em processo de reformulação e em fase de confirmação de tendências de consumo, que vinham sendo observadas nos últimos anos. “Percebe-se uma demanda maior por vinhos leves, como espumantes e brancos, com teor alcoólico menor, além da busca por variedades diferentes, as quais permitem lançar produtos de estilos diversos para atrair novos consumidores. A indústria precisa estar preparada para estas mudanças”, avalia. A Garibaldi tem oito rótulos zero álcool de produtos gaseificados em sua linha. Dentre eles, o Relax Alcohol Free, primeiro frisante brasileiro livre de álcool lançado neste ano. É elaborado com uva Moscato, gaseificado e sem adição de açúcar ou aromas artificiais.
Relax Alcohol Free é o primeiro frisante brasileiro livre de álcool
Rodi Goulart/Divulgação/JC
De olho nas comemorações dos 95 anos, em 2025, a Garibaldi aproveitou a ProWine São Paulo, da qual participou pela primeira vez, para fazer o pré-lançamento da linha Harmonia, que chega ao mercado em janeiro próximo. O lote será dividido em 600 garrafas do vinho Chardonnay, com passagem de 12 meses em duas barricas de carvalho francês com tostagens diferentes, e 1.200 de um assemblage de quatro variedades (Merlot, Tannat, Ancellotta e Marselan), das regiões da Serra Gaúcha e Campanha, que maturou por 24 meses em carvalho francês, americano e croata.
De acordo com Morari, a linha Harmonia é um produto seleto, com posicionamento de alta gama e valor mais elevado, atendendo um público bem específico. A tendência é de manter a linha em elaboração, valorizando, principalmente, as safras de maior qualidade. Acredita que o produto também tem potencial para venda no exterior por seguir o estilo do Velho Mundo, com madeira bem aplicada. Ressalta, no entanto, que devem ser negócios pontuais diante da impossibilidade de atender grandes volumes
Na avaliação do enólogo, é importante o posicionamento em nichos de mercado de forma a atender diferentes perfis de consumidores.