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reportagem cultural

- Publicada em 31 de Março de 2022 às 18:37

Os 150 anos do Floresta Aurora, o clube negro mais antigo do Brasil

Criada por negros alforriados em Porto Alegre, a Sociedade Floresta Aurora completa 150 anos de história

Criada por negros alforriados em Porto Alegre, a Sociedade Floresta Aurora completa 150 anos de história


ANDRESSA PUFAL/JC
Um grupo de negros alforriados, corajosos e visionários, fez história ao fundar em Porto Alegre, no dia 31 de dezembro de 1872, a Sociedade Floresta Aurora - a entidade negra mais antiga do Brasil. A associação de negros libertos foi criada 16 anos antes da Abolição da Escravatura no País, que ocorreu em 1888. Agora, no mesmo ano em que Porto Alegre celebra seus 250 anos, o Floresta Aurora completa 150 anos de existência, em plena atividade na capital gaúcha.
Um grupo de negros alforriados, corajosos e visionários, fez história ao fundar em Porto Alegre, no dia 31 de dezembro de 1872, a Sociedade Floresta Aurora - a entidade negra mais antiga do Brasil. A associação de negros libertos foi criada 16 anos antes da Abolição da Escravatura no País, que ocorreu em 1888. Agora, no mesmo ano em que Porto Alegre celebra seus 250 anos, o Floresta Aurora completa 150 anos de existência, em plena atividade na capital gaúcha.
A dimensão do feito é ainda maior se for considerado o contexto do País na época, maior território escravocrata do hemisfério ocidental. Calcula-se que foram trazidos algo em torno de 5 milhões de africanos ao Brasil, fazendo do País um palco de crueldade, abusos, violência e morte. 
Na Porto Alegre de 1872, a união de negros libertos tinha o objetivo de propiciar um enterro digno para os escravos, que eram então jogados em valas comuns, e também prestar assistência à viúva e aos filhos que dependiam do escravo morto. Como os negros não tinham liberdade e permissão para se reunir em público, os encontros dos alforriados eram realizados à noite, na rua Concórdia, confluência da rua Floresta com a rua Aurora (onde hoje está localizada a rua Barros Cassal e a avenida Cristóvão Colombo).
Segundo o advogado, psicanalista e ex-presidente do Floresta Aurora, Antônio Carlos Côrtes, todo esse movimento tinha relação com a Irmandande do Rosário dos Homens Pretos - responsáveis, entre outras coisas, pela construção da igreja dos Pretos na rua Vigário José Inácio, no Centro de Porto Alegre. O prédio, destruído na gestão do arcebispo Dom João Becker, deu lugar à construção da atual igreja do Rosário.
Côrtes afirma que o Rio Grande do Sul é precursor na criação de clubes negros no Brasil. "Muitas entidades negras no interior do Estado fecharam por pressão, racismo, perseguição política e especulação imobiliária", afirma.
"Nós temos o compromisso com a sociedade fundada em 1872 pelos negros alforriados. Temos obrigação de honrar esse legado deixado pelos negros libertos. Não podemos jamais negar a nossa origem", reforça Maria Eunice da Silva, presidente entre 2010 e 2014. Ela foi a primeira, e até hoje única, mulher a presidir o Floresta Aurora em 150 anos de existência.
Fundada no bairro Floresta, a Sociedade Floresta Aurora esteve em outros bairros de Porto Alegre: na Cidade Baixa (rua Lima e Silva), Hípica, Cristal (rua Curupaiti, onde permaneceu por mais de 30 anos e recebeu o apelido de "Mansão Black", em função da participação de jovens negros nas festas de black music), Pedra Redonda e, desde 2013, na atual sede, uma área com mais de 5 mil metros quadrados no bairro Belém Velho, Zona Sul da Capital.
O vice-presidente de patrimônio do Floresta Aurora, José Flávio Rocha Silveira, recorda que a entidade tinha três grupos muito atuantes: os Rebeldes (do qual ele fazia parte), os Intelectualizados (do grupo de teatro) e os Reservados, também chamados de Bons Meninos. "Na hora necessária, ou seja, em defesa do Floresta Aurora, todos estavam juntos", destaca.
Na presidência do Floresta Aurora no ano de comemoração dos 150 anos, Gilmar dos Santos Afrausino garante que a história dos florestinos seguirá sendo escrita com honra e glória. "O nosso passado não pode ser esquecido, para que o futuro possa ser um lugar justo e com oportunidades para todos", acrescenta.
Entidade marcada pela resistência, a Sociedade Floresta Aurora também venceu a pandemia. Após ter ficado fechado por um ano e meio, o clube está retomando suas atividades presenciais e prepara, a partir de abril, uma série de iniciativas para celebrar os 150 anos. No dia 15 de maio, será realizado o Chá das Mães, na sede do Belém Velho. No dia 10 julho, a direção da entidade realizará um mocotó. No dia 14 de agosto, mês do pais, será feita a Feijoada dos Pais. Nos meses de outubro, novembro e no início de dezembro será feita a venda de ingressos para o Jantar Baile dos 150 Anos da Sociedade Floresta Aurora, que deverá será realizada no dia 10 de dezembro.
A Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) fará um concerto em homenagem aos 250 anos de Porto Alegre, que deverá incluir uma homenagem aos 150 anos da entidade. E o florestino Jaime Nuncia publica ainda no primeiro semestre deste ano um livro que conta a história desse século e meio de sociedade.

Uma história de nomes ilustres

Figuras como o tradicionalista Paixão Côrtes (direita) estão ligadas à história da Floresta Aurora

Figuras como o tradicionalista Paixão Côrtes (direita) estão ligadas à história da Floresta Aurora


LUIZA PRADO/JC
Não foram poucos os nomes relevantes da história do Estado e do Brasil que passaram pelas dependências da Sociedade Floresta Aurora. Em 1929, na sede da Lima e Silva, o filho de José do Patrocínio foi recebido com um recital de poesia. Entre as crianças que participaram do evento estava Maria de Lourdes (com 9 anos). Mais tarde, ela viria ser esposa de Alpheu, jogador do Inter que fazia parte do famoso Rolo Compressor. O filho do casal, Alpheu Cachapuz Baptista Filho, tornou-se presidente do Floresta Aurora de 2004 a 2006.
Pelos salões do bairro Cristal, passaram dois jogadores em início de carreira: Tinga e Ronaldinho Gaúcho, ambos na época jogando pelo Grêmio. O lendário jogador Tesourinha frequentava o Floresta Aurora, onde chegou a ser sócio e conselheiro.
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso também fez parte da história da Floresta Aurora. O vice-presidente de Patrimônio, José Flávio Rocha Silveira, lembra que o jovem FHC estudou um período no Rio Grande do Sul e gostava de ir aos bailes promovido pelos florestinos. No seu trabalho de sociologia, Fernando Henrique citou a Sociedade Floresta Aurora como referência da cultura negra. Durante uma visita de dirigentes do Floresta Aurora ao ex-presidente em Brasília, FHC perguntou aos florestinos sobre o funcionário Flávio Lemos, responsável pelas cobranças das mensalidades. "O Flávio Lemos tinha uma memória de quem pagava e de quem não pagava as mensalidades do clube. Ninguém escapava da caneta do seu Flávio", recorda Silveira.
O tradicionalista Paixão Côrtes também muitas vezes buscou o contato com os florestinos, já que muitas das danças da tradição gaúcha têm base na cultura negra. "O Paixão Côrtes reconhecia esse trabalho dos ancestrais negros", destaca Antonio Carlos Côrtes. O advogado também faz questão de mencionar o apoio incondicional do ex-governador, prefeito, vereador e deputado federal Alceu Collares e do deputado Carlos Santos, que sempre ajudaram ao Floresta Aurora com recursos financeiros ou com conselhos para a administração da entidade.
Outra fato histórico do Floresta Aurora está ligado a João Cândido, o Almirante Negro, que liderou a Revolta da Chibata na Marinha do Brasil. O busto de bronze de João Cândido, que nasceu filho de escravos em 1880 e morreu em 1969, no auge da ditadura militar brasileira, ficou durante muitos anos escondido na sede do Floresta Aurora. A ideia original era que o busto ficasse na sede da Marinha, mas a ditadura militar não queria saber da homenagem. A imagem do Almirante Negro está até hoje na sede do bairro Belém Velho - embora já tenha sido emprestada pela direção do clube ao Museu Julio de Castilhos para uma exposição.

Sociedade fez sucesso no teatro

Sociedade Floresta Aurora transitou por diferentes pontos da Capital antes de fixar-se no Belém Velho, onde está hoje

Sociedade Floresta Aurora transitou por diferentes pontos da Capital antes de fixar-se no Belém Velho, onde está hoje


/ANDRESSA PUFAL/JC
O ex-presidente do Floresta Aurora, Antônio Carlos Côrtes, lembra do grande sucesso da peça Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes, apresentada no Theatro São Pedro pelo Grupo de Teatro Novo do Floresta Aurora, composto somente por atores negros. Antes disso, os artistas haviam feito, também com muito sucesso, a peça Contra a Guerra - uma encenação em favor da negritude. Na peça Orfeu da Conceição, Côrtes viveu o papel de Corifeu, que apresentava a peça e realizava uma linha do tempo do espetáculo.
O ex-presidente recorda que o poeta Vinicius de Moraes não só autorizou a realização do espetáculo, como não cobrou qualquer taxa do grupo teatral florestino. Orfeu da Conceição foi encenada com lotação esgotada no palco do Theatro São Pedro antes da restauração, que iniciou em 1975.
Com Côrtes ao lado de Jorge Antônio dos Santos, o Jorge do Xangô, e Vilmar Nunes, o grupo de teatro da sociedade começou a se desdobrar rumo ao Grupo Palmares. "Para não comprometer a direção junto à ditadura militar, decidimos sair do Floresta Aurora", recorda o advogado. Mais tarde, se juntou ao grupo o poeta Oliveira Silveira, e foram convidados ainda Ilmo da Silva e Luiz Paulo Assis Santos. "O Floresta Aurora foi o embrião do Grupo Palmares, que se reunia na rua dos Andradas com a avenida Borges de Medeiros, no Centro de Porto Alegre", ressaltou.
 

Os Intocáveis versus Cauby Peixoto

Ex-presidente Maria Eunice da Silva foi porta-estandarte em desfile de Carnaval

Ex-presidente Maria Eunice da Silva foi porta-estandarte em desfile de Carnaval


ANDRESSA PUFAL/JC
Por sua vez, o vice-presidente de patrimônio José Flávio Rocha Silveira lembra do sucesso avassalador do bloco carnavalesco Os Intocáveis, fundado em 1968 e que durou até 1981, animando diversos carnavais em Porto Alegre. À época, existia uma certa rivalidade entre a "juventude rebelde" que ia à Sociedade Floresta Aurora e os frequentadores do Marcílio Dias, no bairro Menino Deus, onde hoje está situado o hospital Mãe de Deus e que já tinha o seu bloco carnavalesco. Durante a realização de um baile de carnaval dos florestinos no Restaurante Universitário da Ufrgs, os jovens "rebeldes" do Floresta Aurora, instigados pela agremiação dos rivais, decidiram criar seu próprio bloco.

Mesmo rivais dentro do clube, os “bons meninos” decidiram se juntar ao processo de formação da nova agremiação. Mauro Paré foi o primeiro a coordenar e organizar o bloco do Floresta Aurora, em 1967, antes que a iniciativa tivesse nome. Em 1968, já sob a coordenação de José Flávio Rocha Silveira, o bloco carnavalesco recebeu o nome de Os Intocáveis - mesmo nome do time de futebol que um grupo de amigos da turma dos rebeldes havia montado.

As disputas dos blocos carnavalescos na avenida João Pessoa eram acirradas. Nos anos de 1969 para 1970, os Intocáveis conquistaram o vice-campeonato no Carnaval. O título ficou com o Gondoleiros, que tinha como intérprete do samba enredo ninguém menos que o cantor Cauby Peixoto, além do carnavalesco Jacão (que mais tarde viria a ser presidente da Império da Zona Norte) e o jornalista Cláudio Britto como coordenador. A ex-presidente Maria Eunice da Silva, que foi porta estandarte dos Intocáveis neste desfile, se aproximou de Cauby Peixoto e abraçou o cantor. "Nunca tinha visto na minha vida um homem tão perfumado. Ele enlouqueceu as arquibancadas", recorda ela.

No ano de 1968, Os Intocáveis desfilaram em estilo oriental, fantasiados de chineses e tendo como samba enredo China, composição de Nilo Feijó (ligado ao Satélite Prontidão, mas que era conselheiro do Floresta Aurora) e do figurinista Guaraci Feijó, que iniciou sua carreira na sociedade florestina. O coordenador de harmonia era José Flávio Rocha Silveira e o ensaiador de bateria era João Conceição. Em 1969, o tema d'Os Intocáveis foi Chica da Silva composto por Nilo Feijó e com versos que marcaram a memória de quem ouviu e cantou:

Tão belo como o ouro
E como as pedras de valor
Tão cheio de riqueza foi,
Aquele grande amor.
Chica, era a escrava mais bonita
João Fernandes o senhor
Nos conta a estória colorida
Chica teve sua vida
Qual rainha
Fez o bem e por ciúmes
Fez o mal que não se faz
E morreu por amar demais
Levaram João pra tão longe
Isso não se faz
Chica morreu esperando João, rapaz
 

Rolo Compressor no Floresta Aurora

Sentados no centro da mesa estão os jogadores Alpheu, Ávila e Tesourinha

Sentados no centro da mesa estão os jogadores Alpheu, Ávila e Tesourinha


ACERVO FLORESTA AURORA/DIVULGAÇÃO/JC
Nestes 150 anos de existência, a Sociedade Beneficente e Cultural Floresta Aurora vivenciou momentos históricos. Em 1944, a direção florestina homenageou o Internacional pela conquista de mais um campeonato regional. Os homens negros em pé são os dirgentes da Sociedade Floresta Aurora e os brancos dirigentes do Internacional. Sentados em primeiro plano estão três jogadores campeões pelo Colorado, pela ordem, Alfeu, Ávila e Tesourinha. O Rolo Compressor do Internacional conquistou títulos de 1940 a 1948. A escalação tinha Ivo Winck; Alfeu, Nena, Assis, Ávila e Abigail; Tesourinha, Russinho, Vilalba, Rui e Carlitos. O jogador Osmar Fortes Barcellos, o Tesourinha, foi sócio e conselheiro do Floresta Aurora.

Única presidente mulher em 150 anos fez história

Entrevista com a Dra Maria Eunice da Silva, primeira mulher a ser presidente do Floresta Aurora em 150 anos

Entrevista com a Dra Maria Eunice da Silva, primeira mulher a ser presidente do Floresta Aurora em 150 anos


ANDRESSA PUFAL/JC
A advogada Maria Eunice da Silva, ex-presidente do Floresta Aurora por dois mandatos, escreveu seu nome na história do clube florestino. Em 150 anos de existência da agremiação, ela foi a única mulher a comandar a entidade negra mais antiga do País. Maria Eunice assumiu o clube em um momento extremamente delicado do ponto de vista financeiro: a sede do clube no bairro Pedra Redonda, na Zona Sul de Porto Alegre, estava em fase de execução judicial. A Sociedade Floresta Aurora devia cerca de R$ 300 mil. Foi então que Maria Eunice da Silva decidiu chamar um grupo de florestinos para salvar a entidade.
"Estávamos para perder a sede. Chamei ex-presidentes do Floresta para um assembleia e decidimos formar uma junta corporativa. Quando assumi a presidência em 2010, tínhamos R$ 300,00 no caixa", recorda. "Tivemos que colocar a sede da Pedra Redonda à venda. Foi neste momento que falei para a junta corporativa, formada somente por homens, que estava disposta a bancar a dívida da sociedade através de um empréstimo."
Maria Eunice colocou do próprio bolso cerca de R$ 150 mil para quitar as dívidas. O ressarcimento veio depois, com a venda da sede da Pedra Redonda, em 2013. "Com a venda, conseguimos pagar todas as dívidas da sociedade, o meu investimento foi ressarcido e ainda conseguimos comprar a sede do bairro Belém Velho", acrescenta. Segundo Maria Eunice, a entidade tinha R$ 300 mil em caixa quando ela deixou a administração, em 2014.
Aposentada do serviço público federal, Maria Eunice da Silva é hoje presidente do Conselho Deliberativo do Floresta Aurora. "Minha relação com o Floresta é visceral. Ninguém hoje em dia, homem ou mulher, tomaria uma atitude como a minha", define. "O Floresta foi fundado por negros alforriados, e nós, negros, temos o compromisso de honrar esse legado".
 

Academia começa a voltar seu olhar ao Floresta Aurora

Giovanna Deppermann: "muita gente deveria conhecer a história da luta negra do Floresta Aurora"

Giovanna Deppermann: "muita gente deveria conhecer a história da luta negra do Floresta Aurora"


LUIZA PRADO/JC
A estudante Giovanna da Camino Deppermann, da Escola de Administração da Ufrgs, estava em busca de um tema diferente para realizar o seu Trabalho de Conclusão de Curso na área de marketing. Por sugestão do seu orientador, o professor Fernando Bins Luce, ela voltou sua atenção ao Floresta Aurora. "Eles têm uma história muito importante na sociedade gaúcha, algo cheio de significado", destacou a jovem de 24 anos, que nunca tinha ouvido falar no Floresta Aurora antes de começar o trabalho.
Giovanna se diz espantada que fatos históricos tão importantes como a questão de negros alforriados fundarem uma sociedade com 150 anos de existência não sejam de conhecimento mais amplo junto ao público. A estudante, que se forma em maio deste ano, disse que conversou com pessoas de 30 a 40 anos que nunca tinham ouvido falar na Sociedade Floresta Aurora. "Quem conhece mais o Floresta são as pessoas com mais de 60 anos, que relacionam o clube com os desfiles de Carnaval na década de 1970 em Porto Alegre", comentou.
No seu trabalho de conclusão, a estudante fez um comparativo econômico do Floresta Aurora com outros clubes de Porto Alegre, como a Sogipa e o Grêmio Náutico União. Ela destaca que o processo de formação da sociedade se mostra "desafiador e fora do comum", consideravelmente diferente do verificado em outros clubes sociais de Porto Alegre. "Eles (Floresta Aurora) têm um senso de pertencimento e de comunidade que falta nos outros clubes", acrescentou a jovem. "Fico triste por muita gente não conhecer a história da luta negra do Floresta Aurora", conclui.

Entrevista com o presidente Gilmar dos Santos Afrausino

Gilmar dos Santos Afrausino, presidente da Sociedade Beneficente e Cultural Floresta Aurora

Gilmar dos Santos Afrausino, presidente da Sociedade Beneficente e Cultural Floresta Aurora


ANDRESSA PUFAL/JC
Jornal do Comércio - Como iniciou a sua participação no Floresta Aurora?
Gilmar dos Santos Afrausino - O carinho pelo Floresta Aurora é antigo e começou pelos 16 anos, quando eu vinha ao clube com os meus pais e meu irmão mais velho. A minha primeira experiência no clube foi no Carnaval de Porto Alegre, no bloco Os Intocáveis do Floresta Aurora. Com a minha aposentadoria, decidi participar mais ativamente do clube.
JC - O que representa para o senhor ser um florestino?
Afrausino - É uma honra ser do Floresta Aurora, ainda mais quando conhecemos a história desse clube. Todas as sedes sociais do Floresta em Porto Alegre tem a sua história para contar. Foram anos de muita luta. Estou muito feliz em ser presidente na gestão dos 150 anos do Floresta Aurora, honrando a história de 150 anos de um clube fundado por negros alforriados.
JC - Como está a situação do Floresta Aurora do ponto de vista financeiro?
Afrausino - Estamos com as atividades suspensas há mais de um ano. Tivemos sócios que alugaram os salões para a realização de festas de formaturas e casamentos. Com a pandemia da Covid-19, eles tiveram que escolher outra data para a realização do evento. Temos mais de 150 sócios pagantes e uma área de 5 mil metros quadrados com duas piscinas, dois quiosques com capacidade para 70 e 20 pessoas, respectivamente, campo de futebol e dois salões de festa. Esperamos que, depois da pandemia, possamos retomar nossos eventos tanto para os sócios quanto para a comunidade do bairro Belém Velho.

Programação

9 de abril - Abertura dos festejos de 150 anos na sede do Floresta Aurora (Estrada Afonso Lourenço Mariante, 437, Belém Velho, Porto Alegre)
15 de maio - Realização do Chá das Mães
10 de julho - Mocotó no Floresta Aurora
14 de agosto - Feijoada dos Pais (almoço)
Setembro - Almoço campeiro (data a definir)
Outubro, novembro e dezembro - Venda de convites para o jantar baile dos 150 anos da Sociedade Beneficente e Cultural Floresta Aurora. O local será divulgado posteriormente (Sogipa, Caixeiros Viajantes, Geraldo Santana ou Clube Farrapos)
O livro do florestino Jaime Nuncia sobre os 150 anos do Floresta Aurora será publicado ainda no primeiro semestre deste ano
A Ospa realizará um concerto em homenagem aos 150 anos da Sociedade Floresta Aurora na Casa da Ospa, no Centro Administrativo Fernando Ferrari, em Porto Alegre
 

* Cláudio Isaías é jornalista formado pela Unisinos e atuou como repórter em diferentes veículos da imprensa gaúcha.