Com seus 76 anos de idade, Dilan Camargo é dessas pessoas que acumularam diferentes trajetórias na mesma vida. Há a face do poeta, a que escreve para crianças, a do letrista, mas também a do jornalista, a que tentou ser ator, a do agitador cultural e político, além, é claro, do educador. E elas não se esgotam por aí. "Minha filha diz que me recrimino porque eu sempre acho que podia estar fazendo mais, ou pensando que eu deveria ter feito mais", diz, em tom leve.
Talvez seja a qualidade de poeta que deu incentivo para todas as outras que vieram. E ela começou a surgir a partir da oralidade. "Para mim, isso foi muito importante. Minha mãe me contava histórias e me ensinava a decorar quadrinhas antes mesmo de ser alfabetizado. Histórias antigas, do Pedro Malasartes. Ainda lembro do conto O chapéu e o Passarinho", diz. Ele reflete que, por ter crescido na cidade de Uruguaiana, lugar de fronteira, a oralidade também foi importante. "O rádio transmitia muitas trovas de repentistas, tinha muita declamação, de gente que sabia o texto de cor", explica.
Esse aprendizado ele carrega até hoje e compartilha com estudantes quando vai falar sobre literatura. "É algo que eu insisto, porque uma poesia decorada cria uma célula poética dentro da criança. E essa célula se multiplica. Então, se a criança tiver um poeminha, uma quadrinha decorada, ela já tem uma reserva literária fantástica", acredita. Para Dilan, esse encantamento com a poesia também aconteceu quando ele conheceu a obra de Cecília Meireles na biblioteca da universidade de Santa Maria, onde cursou Direito. "Foi a minha iniciação na poesia. Li Viagem e o monumental Mar Absoluto. E foi aí que eu comecei a escrever poesia também, e, anos depois, quando fui fazer poesia para crianças, ela também foi uma referência, com o livro Isto ou Aquilo. Ela é minha inspiradora e musa, uma professora, foi uma pessoa fantástica. Inclusive agora, para treinar minha memória, comecei a decorar poesias curtas, pequenas, e decorei uma da Cecília primeiro, o poema Motivo", conta. E começa a declamar.
Além de Cecília, Dilan tem admiração e foi influenciado por vários outros autores como Fernando Pessoa, Drummond, Cabral e Manoel Bandeira. "Um poeta, que, para mim, merecia maior reconhecimento, foi Gilberto Mendonça Teles. Sua poesia incorporou várias manifestações e formas da poesia brasileira", diz. Também conta que desde jovem se encantou pela obra de Gonçalves Dias, e também pelo poema Meus Oito Anos, de Casimiro de Abreu, que sua mãe costumava recitar. Nos anos 1970, viveu um breve período no Rio de Janeiro, lá acompanhando a poesia marginal e a trajetória de Chacal. "Na poesia brasileira contemporânea, leio e admiro a poesia da prodigiosa poeta Mar Becker. Seu livro Canção Derruída é um acontecimento literário", aponta.
Naquele período de formação, ainda em Santa Maria, Dilan conta que conheceu o poeta Armindo Trevisan. "Conheci e o li, homem e poeta num só. Ele e Maria Carpi são os decanos da poesia no Rio Grande do Sul", diz. O poeta Trevisan, por e-mail, diz que considera Dilan um autor infanto-juvenil de notável criatividade e originalidade. "Creio que seu maior mérito foi seu esforço por interessar as crianças e os adolescentes pela poesia. Durante muito tempo, ele também teve um programa de televisão, no qual sempre se mostrou aberto a todas as manifestações culturais gaúchas. A julgar pelo que ficou em minha memória, concluo que o Dilan sempre foi principalmente um bom poeta, merecedor de respeito e admiração", diz.
O escritor e colega de patronato da Feira do Livro de Porto Alegre, Sérgio Faraco, diz que Dilan representa um dos casos em que a obra vem a ser um espelho do que é o autor. "Ele é um humanista. E a par de seu talento como poeta, contista e, sobretudo, narrador de histórias para os miúdos, avulta a integridade de seu caráter, sua empatia e toda a solidariedade de que é capaz, qualidades que fazem dele um homem a ser estimado e respeitado."
Escrevendo e se conectando com crianças
Dilan Carmargo defende que poesia deveria estar no cotidiano dos estudantes
BRENO BAUER/JCDilan é conhecido por ter intensa atuação como divulgador da literatura, especialmente para crianças e jovens, participando de muitos eventos literários em escolas, programas de leituras e feiras do livro, em diversas cidades do Rio Grande do Sul. É apoiador e patrono de muitas escolas públicas em diferentes cidades do Estado.
Mas quando e como o autor começou a escrever poesia para os jovens? Ele diz que foi quando nasceu a sua primeira filha; a partir disso, começou a estudar e se aprofundar no campo. O primeiro livro desse gênero, O Embrulho do Getúlio, saiu em 1989 pela editora Mercado Aberto e, depois, foi publicado pela Scipione. "Na época, mandei o manuscrito ao Roque Jacoby, responsável pela editora, que gentilmente pediu um parecer para uma respeitada professora especialista em literatura infantojuvenil. Ela aprovou o livro, e esse parecer era algo que eu devia ter emoldurado", lembra.
Com a publicação, o livro foi distribuído nacionalmente. A repercussão abriu portas. "Depois, várias editoras pediram autorização para usar meus poemas em livros didáticos de língua portuguesa e literatura. Foi um reconhecimento não só como poeta, mas também pela experiência toda", aponta. Depois, veio outro livro marcante nesse gênero, O Vampiro Argemiro, em 1993. Na história, um vampiro azarado acaba em um baile de carnaval, participando de um concurso de fantasias.
Para o poeta, escrever para o público infantil é mais do que adaptar a linguagem: é mergulhar na ludicidade, no jogo criativo das palavras. "Essa ludicidade é algo fundamental na poesia para a criança. E também na literatura. Ele reconhece em Cecília Meireles uma grande mestra nesse aspecto, com uso do nonsense e da criatividade que encantam o público infantil.
"Crianças adoram esse tipo de coisa", observa. Mais do que um recurso estético, ele vê a poesia como uma ferramenta essencial desde a educação infantil. "Acho fundamental a leitura de poesia nas séries iniciais, mesmo antes da criança saber ler. A professora pode ler e pedir que ela repita", defende. Ele diz que, em 2025, terá uma boa safra de livros de poesia para as crianças, entre eles, reedições dos livros O Embrulho do Getúlio e A Galera Tagarela, pela Editora Cassol.
Jairo Luiz de Souza, também autor de literatura infantil, fundou uma biblioteca comunitária em Canoas, onde mora, e resolveu nomeá-la de Dilan Camargo. "Resolvi fazer o convite para ele levar o nome da nossa biblioteca comunitária por ser um dos expoentes da nossa literatura e por seu caráter e sensibilidade", revela. A biblioteca recebe várias pessoas da comunidade, fortalecendo a literatura e a leitura local.
Livros e amigos
Detalhe da capa de 'O Vampiro Argemiro', escrito por Dilan Camargo com ilustrações de Eloar Filho
EDITORA PROJETO/DIVULGAÇÃO/JCA trajetória literária como poeta começou com o livro Na Mesma Voz, publicado em 1981. Segundo o autor, a obra reúne poemas de temática social e política, mas também inclui versos de cunho amoroso, como Segredos do Mar e Amar para uma Mulher, considerado por alguns leitores um dos seus melhores poemas.
Em 1985, veio o segundo livro, Sopro nos Poros, publicado pela Editora Tchê, em Porto Alegre, com orelha assinada por Ciro Martins. A obra mantém a presença da temática social, embora em menor número, e traz também poemas amorosos. Já o terceiro título foi A Fala de Adão, lançado pela Editora Mercado Aberto em 2000, com uma segunda edição publicada pela Editora Vidráguas em 2015. "O livro aborda, por meio da figura mítica de Adão, o diálogo de um homem diante de uma nova mulher que ele ainda não compreende, mas de quem tenta se aproximar", conta Dilan.
Em 2018, publicou A Arte do Medo pela Editora Minha Lei é Ler, um acerto de contas com o cenário social e político brasileiro, marcado, segundo o autor, pela cultura do medo e pela corrupção atemporal. "São poemas duros, secos, desiludidos, mas necessários", aponta. O título mais recente é Pequenos Tangos, males de amor, lançado em 2024 pela Editora Bestiário.
Para o também poeta e escritor José Eduardo Degrazia, nesse livro Dilan encontra a síntese do saber poético e da vida do autor. "A musicalidade, o ritmo, a métrica, a rima, girando à volta de um conceito amoroso de ganhos, perdas e danos. Tudo ligado à cultura do tango que tanto influenciou os rio-grandenses não só da fronteira, desde anos antigos que uniram gerações na escuta das dolorosas canções, letras de lágrimas e sangue. Aqui Dilan Camargo se esmerou na unidade temática, no sentido musical dos poemas, no clima das narrativas. Tudo faz sentido quando levado nos passos do tango, as histórias adquirem a força de uma fotografia dos mestres do preto e branco. O tango é sépia enquanto os casais deslizam enlaçados, torna-se vermelho quando separados", analisa.
Henrique Schneider e Dilan Camargos são amigos há mais de 30 anos. Ele conta que já dividiram muitas histórias, como a viagem que fizeram para um encontro de escritores em Rosário, na Argentina. "Na volta quase nos atrapalhamos com a Policia Caminera e, mais adiante, tivemos que jantar no Alegrete, enquanto um mecânico de plantão de domingo à noite consertava o Monza quase zero quilômetro do meu amigo", diz. Para ele, Dilan é um escritor de primeira linha tanto para crianças como para adultos. "Sou um leitor da prosa e da poesia do meu amigo sempre que ele resolve exercitar seu talento e sensibilidade", afirma.
O escritor e editor da revista literária Especiarias, Lucio Carvalho, diz que Dilan é um autor versátil e sensível especialmente ao universo infantojuvenil. "Mas é um poeta que percebe a fragilidade do ser humano no mundo social (para isso, sugiro que conheçam o seu livro A arte do medo) e valoriza sabiamente sua experiência afetiva. Tenho muito orgulho dessa amizade - até certo ponto recente - e sou muito grato pelo seu entusiasmo para com algumas das minhas ideias, mesmo as mais tresloucadas. Nem ele próprio imagina que espelha qualidades que não deveriam faltar em ninguém e que serão, sem dúvida, inspiradoras a todos que ainda venham a lhe conhecer", conclui.
Cidades e memórias
Poeta foi patrono da Feira do Livro de Porto Alegre em 2015
MARCO QUINTANA/ARQUIVO/JCDilan Camargo nasceu na cidade de Itaqui, em 1948, mesmo ano da Declaração Universal dos Direitos Humanos, como ele gosta de frisar. Mas o poeta começou a se desenvolver mesmo em Uruguaiana, cidade paisagem de várias memórias. Ele recorda, por exemplo, de um episódio quando era criança em que uma prova oral iria acontecer e, exatamente no dia, ele descobriu que estava com caxumba. "Eu estava muito empolgado para mostrar que sabia, que tinha estudado, e minha mãe, preocupada, não queria que eu fosse à aula. Mas eu insisti em ir e mostrar para a professora que sabia ler. E li, e passei. Então, também era uma exigência, para mostrar que a criança é capaz, a pedagogia na época estimulava as crianças e as famílias apoiavam bastante", comenta sobre o episódio.
O poeta conta que descobriu o encanto da escrita escrevendo redações escolares. "Por inacreditável que pareça, eu recebia a aprovação do professor Irmão Marista Gabriel, que destacava minhas redações semanais. Passei a escrever crônicas para ler no Grêmio Literário do Colégio Marista Sant´Anna, da cidade", conta.
Outra anedota se deu na sua conclusão de ensino médio, em que foi orador da turma. "Eu era um cara que confiava muito em minha inspiração e na minha espontaneidade. Fui deixando para depois para escrever o discurso, é um defeito que eu tenho, a procrastinação - até escrevi uma história sobre isso. Chegou o dia da formatura e eu não tinha escrito nada. Então, copiei o nome das autoridades que precisava citar e fui falando, inventando na hora o discurso. Coisa de guri de 17 anos", relata. Também durante a escola participou de programas de rádio e, junto com colegas e amigos, formou o grupo Gente Nova, que editava jornal com artigos e resenhas para o público jovem. Também apresentou músicas e comentários em uma rádio, chegando também a cobrir o carnaval.
Outra cidade importante em sua trajetória é Santa Maria, onde fez a faculdade de Direito, a partir de 1968. Daquela época, lembra do convívio com colegas de faculdade e do movimento da Juventude Diocesana Católica. "Nessa época, conheci a obra de Guimarães Rosa e quase todos latino-americanos, como Garcia Marques, Scorza, Roa Bastos, Juan Rulfo, Vargas Llosa", diz. Durante a universidade, também se enveredou pelo campo do teatro universitário amador. "Eu era o protagonista da peça Eles não fazem guerra. Nos domingos, dávamos duas sessões com o teatro de Santa Maria lotado na Praça Saldanha Marinho. A Polícia Federal ia assistir o nosso ensaio", comenta.
Eram os anos de chumbo da ditadura militar no Brasil, e Dilan relembra de participar de movimentos sociais e políticos, também muitos ligados à Igreja. "Fui também alfabetizador popular na Paróquia do Pão dos Pobres. Poucos recursos e mais a minha vontade e entusiasmo jovem. Duas mulheres aprenderam a ler e a escrever o nome e mais as palavras", diz.
Também participou da fundação de alguns jornais alternativos na época, muito por influência do Pasquim e do seu amigo-irmão, como chama Humberto Zanatta, já falecido, autor da clássica canção Não podemo se entregá pros home, entre outras, e que também teve carreira acadêmica e política de destaque. "Fizemos o jornal Olho Vivo, teve também o jornal Piripiri e o Chu, que teve uma edição só", conta.
Envolvimento com a literatura e cultura
Dilan Carmargo publicou primeiro livro de poesias em 1981
BRENO BAUER/JCDepois de formado, em 1974, Dilan vai para Porto Alegre. A trajetória profissional dele toma um novo rumo a partir desse período. Foi quando passou a trabalhar na Assembleia Legislativa, em um contexto político peculiar: uma bancada de oposição expressiva havia sido eleita naquele momento. "Me tornei assessor e, depois, diretor do Gabinete de Assessoramento Superior", relembra. Paralelamente à atuação na Assembleia, conciliava os estudos. "Nessa época, fiz — indo e voltando — o curso de mestrado em Ciência Política na Ufrgs. Concluí o mestrado e me orgulho muito da minha dissertação, que é sobre o Estado Novo no Rio Grande do Sul". Neste período, com vários colegas das artes plásticas, música e literatura do Estado, Dilan teve atuação no movimento em defesa da cultura, participando de uma cooperativa de escritores.
O envolvimento com a cultura e a literatura ganhou força nessa nova fase de vida em Porto Alegre. Foi quando conheceu uma figura fundamental para sua trajetória no meio cultural: o escritor e dramaturgo Carlos Carvalho, também já falecido, e que dá nome à sala de teatro na Casa de Cultura Mario Quintana. "Ele era colega de trabalho na Assembleia Legislativa e muito envolvido na cultura, grande dramaturgo e também escritor", conta. Carlos abriu portas no cenário cultural da capital gaúcha. "Meu grande guia nesse mundo cultural e literário foi o Carlos. Tenho um carinho muito grande por ele. Na época, realizamos diversas atividades culturais na Assembleia, elas faziam parte do cotidiano da instituição", diz.
Dilan também foi um dos fundadores e primeiro presidente da Associação Gaúcha dos Escritores, em 1981, fortalecendo a literatura no Rio Grande do Sul. A articulação contou com a participação de um grande grupo de autores e resultou na fundação da entidade que segue ativa até hoje. "Eu escrevi o estatuto da AGES, estudando vários modelos de outras entidades, e redigi o documento", recorda. Além de elaborar o estatuto, ele foi o responsável pela ata da assembleia de fundação e pelo registro oficial da associação em um cartório de registros especiais. Também assumiu a presidência no primeiro mandato.
A atuação no setor cultural do Estado também passou pelo Conselho Estadual de Cultura, especialmente em um momento decisivo: a criação da Secretaria Estadual da Cultura. "Participei dessa construção, quando a secretaria vivia o seu auge, no primeiro governo do Simon", relembra. Um dos marcos desse período foi a realização do primeiro Congresso Estadual de Cultura. "Fizemos o primeiro congresso. Trouxemos pela primeira vez o (escritor português José) Saramago para participar desse evento", conta. O congresso tinha como propósito estruturar e consolidar a recém-criada Secretaria Estadual da Cultura e o próprio Conselho Estadual de Cultura.
Ele participou ativamente de todo o processo. "Contribuí na indicação de nomes, na elaboração de propostas. Fui membro do Conselho, tanto como indicado pela cota governamental quanto eleito pelo meu segmento. Também atuei como vice-presidente e como presidente", diz. E em 2015, Dilan foi escolhido patrono da Feira do Livro de Porto Alegre. O que ele vê como um prêmio para toda a trajetória na literatura e na cultura.
O letrista Dilan
Dilan Camargo, na época em que foi indicado patrono da Feira do Livro de Porto Alegre: ele já recebeu vários prêmios por letras musicais de sua autoria
MARCELO G. RIBEIRO/ARQUIVO/JCDilan Camargo também tem a faceta de compositor na música popular gaúcha. Como letrista, tem quase uma centena de músicas gravadas por diferentes intérpretes. Desenvolveu inúmeras parcerias com compositores proeminentes de música nativista gaúcha. "Eu tenho que organizar agora a minha obra na música, que eu quero deixar um acervo, tanto as gravações, como as letras", conta.
Venceu alguns dos principais festivais do Rio Grande do Sul, tendo também recebido vários prêmios de Melhor Letra. Entre esses festivais estão o Musicanto Sul-Americano de Nativismo de Santa Rosa; Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana; Coxilha Nativista de Cruz Alta e Seara da Canção, de Carazinho, entre vários outros. É autor de músicas como Pra Onde Ir?, Canto da Mulher Prometida, Abrindo Caminhos (todas em parceria com Celso Bastos); Pampa Pietá, Rio das Lágrimas, Vozes de Puitã (com Newton Bastos); Milonga da Coragem, com Lenin Nuñes; Despedida, com Dado Jaeger; Fronteiras, com Alejandro Massiotti; Somos nós, com Vinícius Brum; e Milonga das Quatro Luas, com Elton Saldanha.
Bibliografia resumida de Dilan Camargo
- Em mãos (1976, coletânea poética)
- Na mesma voz (1981)
- Sopro nos Poros (1985)
- O vampiro Argemiro (1993)
- Poesia fora da estante (1995)
- Bamboletras (1998)
- Diário sem data de uma gata (2010)
- O Man e o Brother (2012, coletânea de contos)
- Rimas pra cima (2014)
- A família livro (2015)
- Brincriar (2017)
- Invenções e invencionices (2020)
- Uma escada de areia até o céu (2022)
- Pequenos tangos, males de amor (2024)
* Rafael Gloria é jornalista, mestre em Comunicação (Ufrgs) e editor do site Nonada Jornalismo.