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Publicada em 09 de Novembro de 2023 às 19:20

Eloína Ferraz, inesquecível vedete do Teatro de Revista, ganha biografia

A última das grandes vedetes vivas do Teatro de Revista tem sua vida nos palcos passada a limpo em histórica biografia

A última das grandes vedetes vivas do Teatro de Revista tem sua vida nos palcos passada a limpo em histórica biografia

/ACERVO PESSOAL ELOÍNA FERRAZ/DIVULGAÇÃO/JC
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Cristiano Bastos
Rio de Janeiro, 1953. No terceiro ano do governo Getúlio Vargas (que na época vivia sob tensão social por conta de dois críticos momentos, a Marcha das Panelas Vazias e a Greve dos 300 mil), a normalista, ainda "brotinho em flor", Eloína Soares Ferraz mudou-se com a mãe para o Rio de Janeiro. A gaúcha nascida em Cruz Alta contava 16 anos quando, passando em frente ao Teatro Follies, na capital carioca, o cômico Colé e o empresário Zilco Ribeiro, impressionados com sua voluptuosidade e exuberância física, a abordaram perguntando a ela se queria entrar para o teatro (e se era maior de idade).
Rio de Janeiro, 1953. No terceiro ano do governo Getúlio Vargas (que na época vivia sob tensão social por conta de dois críticos momentos, a Marcha das Panelas Vazias e a Greve dos 300 mil), a normalista, ainda "brotinho em flor", Eloína Soares Ferraz mudou-se com a mãe para o Rio de Janeiro. A gaúcha nascida em Cruz Alta contava 16 anos quando, passando em frente ao Teatro Follies, na capital carioca, o cômico Colé e o empresário Zilco Ribeiro, impressionados com sua voluptuosidade e exuberância física, a abordaram perguntando a ela se queria entrar para o teatro (e se era maior de idade).
Eloína mentiu sua idade respondendo que, sim, já tinha 18 anos. Dirigiu-se com os dois até o camarim, no subsolo do teatro, provou um biquíni amarelo e um vestido soirée (a peça era Mulheres, Cheguei com a vedete argentina Nélia Paula). "A partir do encontro com Colé e Zico transcorreram 19 anos de uma carreira em que fiz praticamente de tudo. Fora cinema, teatro e televisão também muitos shows. Tive uma vida artística muito curta porque encerrei minha atuação como vedete aos 34 anos", rememora Eloina Ferraz, uma das vedetes de maior resplandecência a brilhar no Brasil sob os holofotes do Teatro de Revista nos anos 1950 e 60.
Aos 86 anos, a atriz, hoje residente em Porto Alegre - que ficou conhecida, entre outros títulos e atributos (dentre os quais também os intelectuais), como "Rainha das Atrizes" e "O Corpo Mais Cobiçado do Brasil" -, define sua trajetória (um ano da qual passada em Portugal), apesar de breve, muito cansativa. "Trabalhávamos nos palco de terça a domingo, fazendo duas apresentações por noite", relembra.
Foi na capital paulista que, em 1961, a já conhecida Eloína Ferraz certa vez, literalmente, parou o trânsito da megalópole. Convidada a desfilar pelas ruas, causou frisson ao lançar a novidade do vestuário feminino naqueles dias: a calça Saint-tropez. Em suas quase duas décadas labutando pelos tablados do teatro e cinema, contracenou com atores e comediantes como Costinha, Oscarito, Grande Otelo e Armando Bógus.
Essas e muitas outras histórias, repletas de célebres personagens do star-system nacional, constam nas páginas da recém-lançada biografia Eloína - Muito Além das Curvas (Editora Desacato), que leva assinatura dos historiadores Alberto Camarero e Alberto Oliveira. Em suas ricamente ilustradas páginas, o livro traça a trajetória de uma jovem que, saindo do ambiente conservador do Rio Grande do Sul, aterrissou na efervescente Copacabana dos anos 1950 convertendo-se em uma das vedetes mais proeminentes de sua geração.
O convite para fazer o livro, ressalta Camarero, partiu de uma iniciativa vinda da própria Eloína Ferraz. Ajudou quanto à produção da obra, cujo formato remete ao de um almanaque, por sua vez, o fato de que os escritores possuíam documentado rica iconografia sobre a atriz. "No caso da Eloina, devido às suas muitas aparições em jornais e revistas da época, tínhamos farto material". Os autores ainda tiveram à disposição um volumoso acervo de fotografias, tendo em vista que Eloína consagrou-se como uma das mais fotografadas dentre toda constelação de vedetes.
O telenovelista e dramaturgo Alcides Nogueira, o 'Tide', se diz confesso fã de Eloína. Na minissérie JK, que retrata a vida do presidente Juscelino Kubitschek, escrita por ele e Maria Adelaide Amaral, Nogueira, ao ser lembrado pelo pesquisador de teatro Luís Francisco Wasilewski que Eloína havia sido a única que fora recebida por JK naqueles tempos, fez a personagem de Deborah Bloch (que na trama interpreta a vedete Dora Amar) citá-la com deferência numa de suas falas. Seja no teatro ou para o deleite do público, Alcides Nogueira considera que a vedete gaúcha deixou, com sua fascinante caminhada, um inestimável legado artístico. "Além de vanguardista e intelectualizada, Eloína tinha uma luminosidade que era só dela. E de mais ninguém".
 

Muito além das curvas

Com carisma, beleza e talento, Eloína Ferraz virou ícone do Teatro de Revista

Com carisma, beleza e talento, Eloína Ferraz virou ícone do Teatro de Revista

/ACERVO PESSOAL ELOÍNA FERRAZ/REPRODUÇÃO/JC
O resgate histórico das artes cênicas no Brasil passa, obrigatoriamente, pelo acontecimento do Teatro de Revista. Raro o artista de canto, teatro ou dança das primeiras seis décadas do século 20 que não tenha, em algum momento de sua carreira, pisado num palco 'de Revista'. O movimento que, ao longo de 60 anos, arrastou multidões aos inúmeros teatros, cassinos e casas noturnas dos grandes centros do País, como descreve o historiador Alberto Oliveira, um dos autores da biografia Eloína - Muito Além das Curvas, concedeu emprego, fama e dinheiro a milhares de profissionais.
A vedete Eloína Ferraz, diz Oliveira, surgiu em cena no apogeu desse gênero teatral, alcançando tal êxito na sua carreira que acabou convertendo-se numa distinta referência. Alçada ao panteão das grandes vedetes, Eloína brilhou nos palcos mais importantes do Brasil e onde mais se apresentou em viagens internacionais. Dotada de um corpo escultural e dona de talento e carisma arrebatadores, a gaúcha fez fama junto às massas populares e, com a voluptuosidade de sua forma física, abasteceu a avidez da imprensa naqueles dias.
Eloína - Muito Além das Curvas apresenta o caminho percorrido pela estrela cruzaltense desde a infância, vivida num meio matriarcal de moral conservadora, até sua mudança para o Rio de Janeiro, quando as tendências artísticas da vedete manifestaram-se e ela saiu em busca de profissionalização. A luta constante travada entre o ambiente machista e preconceituoso de então contra seus princípios e posições pessoais teve papel determinante no sentido de fazê-la buscar seu "lugar ao sol". Abandonando os holofotes quando sentiu que sua experiência havia se esgotado, pontua Alberto Camarero, Eloína retornou para o Rio Grande do Sul, entrou para a universidade e estabeleceu-se academicamente como mestra, diretora de teatro e consultora das artes do palco.
Recolhida no desfrute de sua aposentadoria e portadora de excelente memória afetiva e analítica, aos 86 anos de idade, Eloína Ferraz colaborou com o livro não apenas com o extenso material iconográfico e jornalístico por ela reunido durante anos, mas também com a riqueza dos relatos de quem viveu intensamente o momento histórico focalizado na obra. Eloína confirma ter apreciado muito o resultado obtido pelos autores em sua biografia, pois, segundo ela, o formato de almanaque remete ao espírito do Teatro de Revista. E também, ela acrescenta, pelo fato de que "cada página do livro é uma história". "Eu falava sempre para 'Os Albertos: 'Façam esse livro enquanto eu estiver viva porque é mais válido falar de quem está vivo do que a respeito daqueles que já morreram'."
 

Fica comigo esta noite

Vedete atuou por 19 anos, tornando-se um sucesso arrebatador na indústria de entretenimento de então

Vedete atuou por 19 anos, tornando-se um sucesso arrebatador na indústria de entretenimento de então

/ACERVO PESSOAL ELOÍNA FERRAZ/REPRODUÇÃO/JC
Corpo mais cobiçado do Brasil nos anos dourados, quem desejou loucamente Eloína Ferraz (e acabou a conquistando) foi o mulherengo Nelson Gonçalves, com o qual a jovem moça de 19 anos viveu conturbado caso amoroso no ano de 1958. Naqueles dias, o fascínio pelo "corpão violão" da vedete havia se tornado tão grande no imaginário popular brasileiro que a atriz acabou entrando para a história como a primeira artista brasileira a pô-lo no seguro. A apólice, no valor de
2 milhões de cruzeiros, uma fortuna para a época, consumou-se pela Sul América Seguros.
A vedete lembra que apresentaram-na a Nelson Gonçalves no Lido Club, uma boate que situava-se no "circuito dos inferninhos" de Copacabana. "Durante o show Gonçalves cantou lascivamente Fica comigo esta noite pra mim, uma indireta mais do que direta. E então eu fiquei com ele aquela e muitas outras noites". Ela diz que o 'Metralha' era um homem interessante, não exatamente bonito, mas "muito charmoso": "Eu não o achava um homem bonito, contudo, gostava muito dele como cantor. Era impossível resistir à sua voz", admite.
A vedete acrescenta: "Nunca me apaixonei por ele (Nelson Gonçalves), porém, ouvi-lo cantar sempre era um prazer". Eloína Ferraz segreda que o romance teve prosseguimento, com o apaixonado cantor cobrindo-lhe de joias e presentes caros e também de várias promessas, em suas palavras, como "todo homem faz". Uma dessas promessas era levá-la a Londres para passar uma temporada. Tais planos, no entanto, acabaram interrompidos pela descoberta da traição amorosa por Lourdinha Bittencourt, esposa com a qual ele, naqueles dias, encontrava-se em litígio matrimonial.
Depois disso, Nelson e Eloína pararam de se ver, mas vieram a se reencontrar em Porto Alegre, mais de 30 anos depois, nos anos 1980, quando o cantor veio à cidade inaugurar a casa noturna Vermelho 27. Eloína Ferraz recorda que, na ocasião, o procurou no hotel onde estava hospedado, o Continental, o qual a recebeu em sua suíte. Passaram a tarde juntos. Eloína deixa claro que, embora tenham tido um caso em dois diferentes momentos, não passou de "coisa passageira". "Por isso, não considero que fui uma 'amante' de Nelson Gonçalves e, sim, um dos tantos amores que ele teve. E, como éramos muito famosos, isso também rendeu muita fofoca. Fiquei com boas recordações dele, especialmente na cama. Ele sabia agradar uma mulher", revela.
 

Mulher de cada tempo vivido

Eloína Ferraz laureada Rainha das Atrizes

Eloína Ferraz laureada Rainha das Atrizes

/ACERVO PESSOAL ELOÍNA FERRAZ/REPRODUÇÃO/JC
"Eloína é a mulher de cada tempo vivido. A mulher que se adapta sempre sem perder seu enorme prestígio. A mulher que se reinventa e se transforma. Porque vedete é muito mais que um belíssimo corpo. Uma vedete é uma atriz. E uma atriz, tenha 20 ou 80 anos, mantém acesa no coração a alegria da eterna mocidade". Entre outras acepções, é assim que a paulista Neyde Veneziano, professora e estudiosa do teatro de revista brasileiro, conceitua a trajetória de Eloína Ferraz. Muitas vedetes do 'primeiro escalão', como no caso de Eloína, além de contracenarem sendo verdadeiramente atrizes, igualmente brilharam como cantoras.
Após ter sido consagrada "Rainha das Atrizes", em 1957, no ano seguinte Eloína Ferraz levou seu talento para as telas de cinema atuando na comédia do gênero chanchada (e grande sucesso de bilheteria do cinema brasileiro daquela temporada) O Camelô da Rua Larga. No filme com direção de Eurides Ramos para a Cinedistri e orquestração pela batuta de Radamés Gnatalli, a cruzaltense fez seu número cantando ao lado da Rainha do Rádio Julie Joy o tema O que é que Copacabana tem.
Nessa constelação de vedetes, Neyde salienta que todas elas eram muito lindas, mas, na verdade, poucas delas sabiam se valorizar, seja na vida pessoal e profissional ou na intimidade de seus casamentos. Dentre as que se destacavam pela inteligência e empoderamento (palavra que sequer existia na época), cita a professora, além de Eloína, articuladas vedetes como Aracy Cortes, Marly Marley, Luz del Fuego e Joana d'Arc. A professora atenta para o fato de que, por conta da exuberância de seus corpos e beleza, as vedetes acabavam sendo o pivô de grande confusão em muitos lares. "Ao vê-las nos espetáculos do Teatro de Revista, essas mulheres podiam constatar o quão bonitas eram as vedetes e começavam, então, a querer lhes imitar suas roupas, cabelos e maquiagem. Sem pretensões, no entanto, de reproduzir as atitudes menos conservadoras que essas artistas tinham à frente da sociedade daqueles dias".
Neyde Veneziano diz que muitos homens casados consideravam as vedetes símbolos sexuais; para suas esposas, contudo, não passavam de um ideal de beleza a ser perseguido. "As mulheres daqueles tempos não queriam ser taxadas de 'levianas' em razão da licenciosidade representada pelas vedetes, mas, ao mesmo tempo, cobiçavam o modelo de beleza que artistas como Eloína Ferraz inspiravam. A diferença é que, além de bela, Eloína também cantava, dançava, atuava e ainda seduzia".
 

Fama e estrelato

Obra conta a trajetória da artista desde a infância em terras gaúchas até sua mudança para o Rio de Janeiro na adolescência

Obra conta a trajetória da artista desde a infância em terras gaúchas até sua mudança para o Rio de Janeiro na adolescência

/ACERVO PESSOAL ELOÍNA FERRAZ/REPRODUÇÃO/JC
Os maiores sucessos galgados no teatro por Eloína Ferraz, em seu tempo de atuação, foram com os espetáculos Encosta a Cabecinha, com a Companhia de Silva Filho (Medalha de Melhor Atriz de Teatro Musicado de 1958), É Tudo Juju Fru-Fru, O Ovo (ao lado de Armando Bógus), Vovó de Bonde de Burro não Pega Avião a Jato (com a Companhia Geysa Bôscoli) e Tocando na Bandinha. Em Lisboa, por sua vez, a vedete alcançou êxito com a encenação da peça Mão na Toca.
Física e fenotipicamente, descreve o pesquisador teatral, dramaturgo e amigo próximo Luís Francisco Wasilewski, Eloína Ferraz tinha como marcas registradas a cintura fina, o rosto brejeiro, somados ao olhar que "prometia com seu sorriso maroto de moleque". Já Eloína lembra que, embora o Teatro de Revista desse-lhe oportunidade de mostrar seu talento, do que mais ela gostava eram as esquetes nas quais interpretava o tipo "gostosa burra", desligada e ingênua, gênero que fazia muito bem. Outra habilidade da vedete, complementa Wasilewski, era com os números de plateia, dada sua facilidade com a comunicação, simpatia e meiguice.
Sobre os amores conhecidos de Eloína, afora o badalado affair com Nelson Gonçalves, a vedete também teve romances com Jardel Filho (o primeiro namorado), Evaldo Gouveia (o músico compôs para ela as canções Alguém me disse e Deixa que ela se vá) e o influente radialista César de Alencar.
Sobre o tema relacionamentos, Eloína aproveita para, mais uma vez, deixar claro que nunca foi amante de Juscelino Kubitschek (nem tampouco teve um filho com o ex-presidente). Ela explica que a boataria começou a partir da ocasião em que, certa vez, recebeu flores de um fã seu no Teatro Santana, em São Paulo, quando de sua consagração como "Rainha das Atrizes". Com as flores, ela rememora, veio também um cheque em branco. "Espalhou-se o boato de que o cheque havia sido enviado por Juscelino", diz. Na realidade, quem lhe dera o cheque, ela esclarece, tinha sido um banqueiro.
 

 Eloína Ferraz: "A censura é uma coisa terrivelmente ruim para o artista"

Eloína Ferraz: "A censura é uma coisa terrivelmente ruim para o artista"

ACERVO PESSOAL ELOÍNA FERRAZ/reproduÇÃO/JC
Dos 19 anos de Teatro de Revista, Eloína Ferraz prefere mesmo é falar sobre algumas das inúmeras conquistas que obteve atuando dentro da tão árdua quanto competitiva carreira de vedete. Na década de 1980, formou-se em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e, em 2006, teve seu nome lembrado nacionalmente ao participar, ao lado de outras vedetes de sua geração, de uma cena da novela Belíssima, de Sílvio de Abreu.

Eloína Ferraz também eternizou-se como a última das vedetes brasileiras a atuar em Portugal. Quando regressou de terras lusitanas, em 1970, o Teatro de Revista havia sofrido grande processo de decadência. De um lado, ela medita, em razão da supremacia da televisão, que praticamente pôs fim ao modelo anterior. Por outro, devido à configuração política e socioeconômica do Brasil, acarretada pelo militarismo que se estabeleceu no País. Com a ditadura, as sátiras e piadas tendo como mote temático a política, tão características do Teatro de Revista, tornaram-se impossibilitadas. "A censura prejudicou sobremaneira esse gênero teatral, uma vez que expunha a realidade do povo e do país através da comicidade", pondera.

A vedete lembra que, em sua época áurea, o Teatro de Revista lotava os teatros pela simples razão de que o povo ia aos espetáculos para rir de si mesmos e das tragédias de seu País. "Sentavam em suas poltronas, pagavam caro, pois o ingresso não era barato, e riam da própria desgraça".

Com o advento da ditadura e consequentemente da censura federal essa possibilidade tornou-se algo proibitivo. "A censura é uma coisa terrivelmente perigosa na vida de um artista. Seja ele cantor, escritor, ator ou atriz. A censura, afinal, não é boa para ninguém e nem para nada nesta vida", dispara Eloína.

Escrito nas estrelas

Eloína (ao lado da filha Jackye) seguiu vida acadêmica após anos de fama

Eloína (ao lado da filha Jackye) seguiu vida acadêmica após anos de fama

/ACERVO PESSOAL ELOÍNA FERRAZ/REPRODUÇÃO/JC
Astróloga e jornalista formada pela Pucrs, Jackye Ferraz é filha de Eloína com o comediante (mas também com um de seus "pés" voltados para o viés dramático) e ator circense Orlando de Lima, irmão do lendário comediante Lírio Costa, o Costinha. "Aliás, tudo que o Costinha aprendeu foi com meu pai", afirma Jackye. "Papai tinha exatamente todos aqueles trejeitos eternizados pelo Costinha, embora, é claro, o Costinha tenha depois desenvolvido seu próprio estilo". Mas, na verdade, ela conta, os dois não eram irmãos de sangue. "O Costinha era um menino de rua. Eles se conheceram ainda meninos. Meu pai levou o Costinha para dentro de casa e minha avó acabou adotando ele", revela a filha.
Jackye Ferraz diz que só não conseguiu escrever um livro sobre sua mãe por estar sempre muito envolvida emocionalmente com todas suas histórias. Entretanto, encarregou-se de traçar seu mapa astral. Ela avalia que dada as conjunções astrais de Eloína não tinha como a progenitora não pertencer ao mundo das artes. Segundo Jackye, isso já estava "escrito nas estrelas". Seu ascendente e lua no signo de aquário, por sua vez, indica na mãe atributos como popularidade, vanguardismo, originalidade e propensão à fama: "Uma mulher à frente de seu tempo, criativa, visionária e independente", define a astróloga.
Já o Sol em capricórnio na casa 12, Jackye segue adiante, mostra em Eloína uma mulher esforçada, cheia de fé, sensível e determinada. Essa configuração completa-se com Vênus em peixes indicando seu amor, vocação e talento para as artes. Júpiter na casa 11, por sua vez, pontua a filha, demarca o crescimento profissional obtido por sua mãe através do público (com, ainda, Sol, Lua e Mercúrio próximos insinuando seu charme, beleza e poder de sedução). 
 

* Cristiano Bastos é jornalista e autor de Julio Reny – Histórias de amor e morte, Júpiter Maçã: A efervescente vida e obra, Nelson Gonçalves: O rei da boemia, Nova carne para moer e Gauleses irredutíveis – Causos & Atitudes do Rock Gaúcho. Também dirigiu o documentário Nas paredes da pedra encantada.

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