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Reportagem Cultural

- Publicada em 18 de Maio de 2023 às 18:25

Paulo Scott cruza diferentes fronteiras na literatura e na vida

Autor gaúcho que cruzou diferentes fronteiras, Paulo Scott fala sobre prosa, poesia, humanidade 
e deslocamentos

Autor gaúcho que cruzou diferentes fronteiras, Paulo Scott fala sobre prosa, poesia, humanidade e deslocamentos


/RENATO PARADA/DIVULGAÇÃO/JC
Rafael Gloria, especial para o JC 
Rafael Gloria, especial para o JC 
Às vezes é fácil deixar de lado, em uma trajetória com livros renomados, que Paulo Scott também é um autor que celebra o palco e os seus encontros. Na época em que vivia em Porto Alegre, por exemplo, o escritor de obras como Marrom e Amarelo e Mesmo sem dinheiro comprei um esqueite novo foi o idealizador de alguns eventos que movimentaram a cidade.
Um exemplo foi PÓQUET: Ruído e Literatura, com apresentações de escritores e músicos. Também realizou o Na TáBUA, em que ele e o amigo ilustrador Fábio Zimbras literalmente espalharam literatura na cidade por meio de artes gráficas. Quando foi para o Rio de Janeiro, em 2008, criou o De Modo Geral, a revista ao vivo do comportamento brasileiro, que aconteceu no Instituto Moreira Salles. Um espetáculo de palco, em que havia convidados do meio literário, e contava com seu amigo Flu (Flávio Santos, ex DeFalla) colocando a trilha. Depois, o programa foi transformado em podcast durante a pandemia. Agora em São Paulo, também segue realizando eventos, e continua com a Orquestra Literária, em que combina versos de poemas de autoras e autores contemporâneos com música.
Scott explica que fazer isso é uma forma de se aproximar das pessoas e sair da sua zona de conforto. "Nunca fiz com a intenção de agitar culturalmente, criar uma cena ou promover meu trabalho. É que eu sou muito curioso em relação aos outros, e quando uma pessoa sobe no palco, ela se entrega de uma maneira diferente. Naturalmente, não tenho essa vocação de me aproximar, embora digam que sou agregador, porque tenho isso de apresentar as pessoas", analisa. Para ele, então, essa é uma forma de ir além de apenas conhecer um trabalho. "Porque você está organicamente com aquela pessoa, conversando. E eu me tornei amigo de muitos que eu não me tornaria se não tivesse chamado eles para subir no palco", aponta.
O escritor Marcelino Freire diz que, nesse sentido, Scott também é inovador e inquieto. "Quantos projetos únicos ele realizou! Sem contar as inúmeras vezes em que ele participou da Balada Literária, me ajudando a tocar esse evento que acontece desde o ano de 2006", afirma.
A escritora e roteirista Morgana Kretzmann, com quem Scott é casado, vê generosidade nele em relação a novos escritores e também com aqueles que já estão na estrada há um tempo. "O Paulo é uma pessoa que está sempre abraçando e acolhendo, e isso é algo muito admirável nele. Eu sempre acreditei que uma relação, para ser duradoura e longa, se baseia também na admiração que a gente tem pelo parceiro ou pela parceira, e no nosso caso acredito que a nossa relação vai muito por esse caminho. Tenho muito orgulho não só do escritor, mas da pessoa que ele é", diz.
Talvez a relação do palco tenha a ver muito com o fato de Scott se identificar, antes de tudo como poeta. "Eu sou poeta, eu não consigo não pensar em poesia. Então, por mais que as pessoas me vejam como romancista, eu não posso fazer nada. 'Tu és um poeta que ninguém entende', é o que eu mais escuto. Ninguém entende, mas a maioria esmagadora das editoras de poesia do Brasil quer me publicar. Eu tenho uma poesia que eu sei que ninguém faz igual no País. E que inspirou outras pessoas", acredita. Ele também se diz músico frustrado, e já declarou que a banda que mudou a sua vida para sempre foi o conjunto rapper Public Enemy.
Além de estar trabalhando em um novo romance, o autor, que também é formado em Direito, está escrevendo o livro Direito Antifascismo Brasil, e faz doutorado em Psicologia na Universidade Federal Fluminense, em que investiga a ética da violência na literatura brasileira contemporânea a partir do romance Cidade de Deus, de Paulo Lins. Mas, antes de tudo, o poeta Paulo Scott está sempre ali, pronto para entrar no palco.
 

Anos de formação

Após infância marcada pela gagueira, Paulo Scott acabou desenvolvendo um estilo particular de escrita

Após infância marcada pela gagueira, Paulo Scott acabou desenvolvendo um estilo particular de escrita


/RENATO PARADA/DIVULGAÇÃO/JC
Paulo Scott nasceu em Porto Alegre, em 1966, tendo crescido no bairro Partenon, uma região cheia de ruas com nomes de escritores, como Caldre Fião, João do Rio e Paulino Azurenha. A área é considerada violenta, e até hoje é conhecida pejorativamente como Maria Degolada. "Então, o pai sendo policial civil era uma tensão redobrada", diz. Mesmo assim, brincava, com cuidado, com alguns amigos na rua.
O autor reflete sobre os diversos graus de colorismo da sua família. "A minha mãe sempre deixou claro que nós éramos uma família negra, então, esse vacilo de identidade eu nunca tive. E eu acho que uma pessoa que não é de uma família multicor nunca vai entender isso, porque as pessoas negras que são de pele clara muitas vezes não se sentem negras, mas isso também vai depender muito da sensibilidade de cada um", diz. Muito da sua experiência está no celebrado romance Marrom e Amarelo, que era também como seu pai chamava ele e seu irmão, André, que é retinto.
Algum tempo depois, se mudaram para o outro lado do Partenon, em uma rua entre a avenida Bento Gonçalves e a Ipiranga. O ambiente era diferente, e ele recorda de só haver uma outra família negra vizinha na rua. Scott começou os estudos no colégio Padre Balduíno Rambo. "Eu era uma criança que vibrava muito com a escola. Eu invariavelmente me apaixonei pelas minhas professoras, sempre, acho que até a quinta série do ensino fundamental", diz. Via na biblioteca um local perfeito para ser um refúgio e uma fonte de conhecimento. No colégio ia bem e era destaque entre os melhores alunos. E diz que sempre carregou uma exigência muito forte consigo. "Acho que uma das causas do meu sofrimento é que eu sou consciente das minhas imperfeições. Eu não tive como esconder isso, porque eu fui uma criança com uma gagueira muito evidente", diz.
Mais tarde, Scott estudou no colégio marista Champagnat, onde concluiu o ensino médio. Ele lembra de sempre escrever. "Meus primeiros poemas são aos doze anos. Era assim uma ambição envergonhada, e tinha uma coisa de fraqueza, mas no Champagnat tive ótimos professores que valorizavam a literatura, então, escrever foi meio consequência. Lembro de uma ótima professora de redação que tive, e ela sempre dizia que o meu texto era confuso e atrapalhado. Então, esse meu modo de escrever está um pouco na minha genética, no meu DNA", aponta. Scott continuou no mesmo campus na graduação, pois fez Direito na Pucrs, de 1984 a 1988.
Teatro, Arquitetura e até Oceanologia (mergulha desde criança, quando passava os verões em Garopaba, outro lugar marcante em sua trajetória) eram algumas das suas opções no vestibular, mas acabou na área jurídica. Na época da faculdade, começou a se envolver profundamente com política: acabou sendo presidente do DCE da Pucrs, militou no Partido dos Trabalhadores, foi assessor jurídico de Olívio Dutra, trabalhou em escritórios. Com o tempo se desfiliou e virou crítico ao PT, até voltar a fazer campanha na época da eleição de 2018. "Eu era anarquista e ainda sou. E isso é muito louco, porque eu era anarquista e entrei pro PT e virei um socialista. E agora, depois da pandemia, eu volto a ser convicto de que o único diálogo capaz de evitar um mundo fascista é um diálogo anarquista. De corte socialista, porque não dá para estimular o anarco-capitalismo, que é um bando de fascistas", diz. Scott também deu aulas de Direito por muito tempo na Pucrs.
A trajetória literária começa com o livro de poesia Histórias curtas para domesticar as paixões dos anjos e atenuar os sofrimentos dos monstros, publicado pela editora Sulina em 2001, ainda sob pseudônimo de Elrodis, uma espécie de acrônimo do nome de seu pai, Elói. "Foi a cantora Simone da Costa Carvalho que me abriu os olhos para isso. Ela me disse que não era corajoso não querer publicar. Que o corajoso era se expor ao mundo", diz.
 

Vinte anos de Ainda Orangotangos

Primeira edição de 'Ainda Orangotangos', com CD incluso, foi lançada com apoio do Fumproarte

Primeira edição de 'Ainda Orangotangos', com CD incluso, foi lançada com apoio do Fumproarte


/LIVROS DO MAL/REPRODUÇÃO/JC
Scott considera Ainda Orangotangos, publicado em 2003 um divisor na sua carreira. "Mudou a minha vida. As pessoas que não têm intimidade com a minha trajetória dizem que o livro que teve esse efeito foi o Habitante Irreal, que para muitos é a minha primeira grande contribuição literária", diz. Mas, de fato, o livro de contos que se passa em Porto Alegre foi o que jogou a primeira luz sobre o autor, chamando atenção de editoras fora do Rio Grande do Sul. Entre elas, Isa Pessoa, que na época estava na Objetiva e o convidou para ser autor da casa. E ele permanece lá desde então, visto que a Objetiva virou Alfaguara, que foi comprada depois pela Companhia das Letras.
Na época, o poeta carioca Chacal estava procurando artistas para um evento chamado Free Zone, que acontecia em diversas capitais. "Ele pediu para o Frank Jorge selecionar cinco grupos em Porto Alegre, e o Frank tinha me visto no Sarau Elétrico, convidado pela Kátia Suman, a primeira pessoa que me deu espaço público", diz.
O músico chamou Scott para o evento e lá ele conheceu Daniel Pellizzari e Daniel Galera, sócios na Livros do Mal, que tinha surgido na cidade pouco tempo antes. "Me convidaram para publicar um livro de poesia, mas eu tinha um de contos. Na época, estava certo que ia sair na Conrad Editora, só que iria demorar cerca de um ano. Os próprios editores de lá me falaram para procurar a Livros do Mal, porque ela estava acontecendo nacionalmente", explica. O livro foi lançado com apoio do Fumproarte, junto com um CD, cada história acompanhada por uma vinheta diferente.
Em 2007, Ainda Orangotangos ganhou uma adaptação para o cinema. Gustavo Spolidoro dirigiu a produção, filmada em plano sequência. "O Scott deu uma grande liberdade pra gente criar, e eu sempre deixei claro que seria o meu filme, no sentido ser a minha visão do livro. Ele só pediu para ler o roteiro porque, como Scott é um autor negro, ele fazia questão de verificar se eu não estava cometendo nenhuma injúria racial ou equívoco de avaliação", diz Spolidoro.
Scott comenta que sentiu um estranhamento a primeira vez que assistiu ao filme. "Foi só na terceira vez que eu vi, quando já estava morando no Rio de Janeiro, que eu achei genial", revela.  Os dois já conversaram diversas vezes sobre o filme em eventos e outras situações ao longo dos anos. “Eu preferi trabalhar com uma violência mais psicológica e trazer essa cidade, que está em ebulição”, aponta. 
 

Entre cidades e amigos

Scott passou por Rio de Janeiro e Garopaba antes de fixar-se em São Paulo

Scott passou por Rio de Janeiro e Garopaba antes de fixar-se em São Paulo


/RENATO PARADA/DIVULGAÇÃO/JC
Atualmente morando em São Paulo, Scott primeiro foi para o Rio de Janeiro, em 2008. Ele conta que sua decisão se deu porque, se fosse para São Paulo, se sentiria em uma zona de conforto, por ter muitos amigos na cidade. "Então pra mim foi muito mais desafiador. Esse é um motivo forte. O outro é que eu sempre fui apaixonado pelo Rio de Janeiro", diz.
O escritor Marcelino Freire diz que conhece Scott desde a época da Livros do Mal. Amigos, de longa data, ele conta que, quando ainda não morava em São Paulo, o escritor gaúcho de vez em quando se hospedava em seu apartamento na Vila Madalena. "Ele dormia em um colchonete bem pequeno. Os pés dele ficavam de fora do colchonete. Era uma imagem engraçada. E reveladora do péssimo anfitrião que eu era. Daí resolvi comprar um colchonete bem maior, a fim de caberem decentemente as pernas do amigo. Até hoje o colchonete existe. Digo que é um colchonete literário. Por ele já passaram autores como Paulo Lins, Adrienne Myrtes e Valter Hugo Mãe (esse, quando dormiu por aqui, ainda era o colchonete antigo - as pernas do Mãe couberam lá, sem grandes dificuldades)", conta. Freire diz que Scott é como uma antena girando para todos os lados, pois acompanha tudo que acontece e lê seus contemporâneos.
Já Joca Terron, também amigo de Scott, relata que eles vivem uma relação de estranhamento, pois raramente concordam em qualquer assunto. "Ele se comporta de modo contemporizador em público, mas no privado é provocador e maledicente. Eu sou provocador e maledicente em público, e contemporizador no privado. Mesmo assim, nunca brigamos. Talvez já tenhamos brigado, mas depois voltamos às boas. 'Às boas' talvez não condiga com a realidade, pois continuamos a discordar de quase tudo. A despeito disso, continuamos amigos. Em geral, quando há tanta estridência na relação, a amizade chafurda. Não é o nosso caso. Digamos que nossa amizade se reafirma na discórdia", reflete. Para ele, Habitante Irreal e Marrom e Amarelo são grandes romances da literatura brasileira contemporânea. "Ele criou seu estilo a partir de suas deficiências, a dislexia. Acredito nisso piamente, que a partir dessas dificuldades com a linguagem ele inventou um estilo inconfundível de fraseado, oscilante e rítmico. São poucos autores que alcançam isso, quase nenhum na prosa de ficção brasileira atual", aponta.
A escritora Andréa Del Fuego concorda e afirma que Scott é um dos raros autores contemporâneos que consegue aliar um trabalho de linguagem e conversar com o seu tempo. "Faz isso a partir do centro do furacão do ponto de vista do conteúdo, sem abrir mão de uma linguagem selvagem, livre e galopante", pontua.
Ainda teve o período em que Scott morou em Santa Catarina, mais particularmente em Garopaba. "Eu fui para lá porque sentia que precisava botar os pés no chão. Eu não podia continuar naquela inércia, em uma bolha cultural da zona sul do Rio de Janeiro, com os mesmos interlocutores", explica. O casal ficou lá de 2016 a 2019, época de crescimento do bolsonarismo e de acirramento político.
Em São Paulo desde 2019, ele e Morgana moram em um apartamento onde cada um conseguiu montar seu escritório. Ela diz que ambos são os primeiros leitores um do outro. "Eu sou muito empolgada com o processo criativo do Paulo, e eu sei que ele também é com o meu. Então, estamos sempre conversando, um lendo o texto do outro, opinando. Brinco que a gente vive numa residência de escrita criativa permanente", revela. Scott diz que resolveram morar em São Paulo, porque a cidade é um local onde todas as conexões são possíveis. "Eu acho que, de alguma forma, esse deslocamento dentro do Brasil, de sair de Porto Alegre, sempre ficou esperando essa chegada em São Paulo", finaliza.
 

Sobre livros e escrita

Detalhe da capa de Marrom e Amarelo, de Paulo Scott

Detalhe da capa de Marrom e Amarelo, de Paulo Scott


/COMPANHIA DAS LETRAS/DIVULGAÇÃO/JC
Paulo Scott varia bastante entre prosa e poesia. Para a crítica literária Paula Sperb, o escritor abraça a literatura de forma generosa. "Além de escrever bons romances e poesia, prestigia novos escritores, participa de eventos, lê seus pares e divulga suas descobertas literárias. Nesse aspecto, Scott me lembra muito Jorge Amado, que além de best seller, lia originais que recebia de aspirantes, escreveu prefácios e lutava, entre tantas causas, pela profissionalização dos escritores e do mercado do livro nacional", acredita.
O escritor Amilcar Bettega leu Habitante irreal (2011) de uma vez só, durante uma viagem de avião entre Paris e Porto Alegre. "Fiquei encantado, um livro que mostrava o grande escritor que ele é (e que eu já tinha percebido em seus contos). Cada nova obra só fez aumentar a minha admiração pela literatura dele, que, além do mais, é uma figura humana queridíssima", conta. O livro ganhou o Prêmio Machado de Assis da Fundação Biblioteca Nacional (2012).
Para o poeta Ronald Augusto, Scott é um prosador que em suas obras não "descura nem da inventividade nem da atenção crítica aos nossos transes sociais". Além disso, ele lembra da contribuição de Scott entre Direito e Literatura. "Recentemente, suas pesquisas e considerações a respeito dessa relação me parecem de inestimável relevância", diz.
A professora do Programa de Pós Graduação em Letras da Universidade de São Paulo Ivone Daré diz que, tematicamente, pode-se ver uma proximidade entre Habitante Irreal e Marrom e Amarelo, na medida em que ambos discutem, por meio da ficção, fatos e acontecimentos que mobilizam a opinião pública brasileira na contemporaneidade, a questão negra e a questão indígena. "Além disso, há, em Paulo Scott, uma técnica narrativa que se reitera: fragmentos de histórias de diferentes temporalidades e sob diferentes pontos de vista vão compondo um painel que só se esclarece aos poucos, amarrando, então, a teia dos eventos. Pode-se pensar se essa é uma técnica que se repete por escolha autoral ou se se trata de maneirismo - o que só a sequência da sua produção poderia aquilatar", diz.
Marrom e amarelo foi traduzido para o inglês, ganhando o nome de Phenotypes, sendo indicado ao prestigiado International Booker Prize em 2022. "O fato é que o livro faz sentido até para estrangeiros. Porque essa é uma questão não enfrentada, embora seja um tema que circula há muito tempo", diz. "É engraçado, porque a minha literatura até Marrom e Amarelo era considerada excêntrica, e com ele passou a ser uma literatura decolonial brasileira. Você vê como as coisas mudam, porque eu sempre tive personagens mestiços."
O autor conta que seu livro preferido é A Timidez do Monstro, de 2006, por ser marcado por pequenas tragédias. "A editora na época queria cancelar, porque eles viram que estavam gastando muito dinheiro em um livro de poesia, ele tinha um projeto gráfico muito caro. Mas a Isa Pessoa não deixou, disse que iam publicar. Também foi o último trabalho profissional de ilustração do Guilherme Pilla, que é um gênio", explica.
A publicação mais recente de Scott é Luz dos Monstros, lançado em setembro de 2022 pela Aboio. Ele diz que a coletânea de poemas é um grande tratado sobre São Paulo na pandemia, refletindo sobre se o deslocamento por diversas cidades reflete na sua escrita. "Tem tudo a ver, o espaço revela novas perspectivas. Você se deslocar traz outros determinismos, outras atmosferas, predominâncias", conta.
Atualmente, o escritor está trabalhando no novo romance que se chamará Ninguém Rondonópolis, ainda sem data de lançamento. "O romance é um policial de fronteira. É um romance policial torto como foi o Voláteis. Se passa no Centro-Oeste, mas começa na cidade de Palhoça (SC), onde há aquelas colônias de pescadores. Dessa vez o personagem principal terá um descendência açoriana", conta.
 

Livros de Paulo Scott

Detalhe da capa de 'Voláteis', de Paulo Scott

Detalhe da capa de 'Voláteis', de Paulo Scott


/COMPANHIA DAS LETRAS/DIVULGAÇÃO/JC
Poesia
» Luz dos monstros, editora Aboio, 2022
» Se o mundo é redondo e outros poemas, editora Gato Bravo, 2020
» Garopaba Monstro Tubarão, editora Selo Demônio Negro, 2019
» Mesmo sem dinheiro comprei um esqueite novo, Editora Companhia das Letras, 2014
» O Monstro e o Minotauro, Editora Dulcinéia Catadora, 2011
» A timidez do monstro, Editora Objetiva, 2006
» Senhor escuridão, Editora Bertrand Brasil - Grupo Editorial Record, 2006
» Histórias curtas para domesticar as paixões dos anjos e atenuar os sofrimentos dos monstros, Editora Sulina, 2001 (Escrito sob o pseudônimo Elrodris).
Romances
» Marrom e Amarelo, Companhia das Letras, 2019
» O ano em que vivi de literatura, Editora Foz, 2015
» Ithaca Road, Companhia das Letras, 2013
» Habitante Irreal, Companhia das Letras, 2011
» Voláteis, Objetiva, Objetiva, 2005
Contos
» Ainda Orangotangos, Livros do Mal, 2003; Editora Bertrand Brasil, Grupo Editoria Record, 2007
Graphic Novel
» Meu mundo versus Marta, Companhia das Letras, 2021
 
 
* Rafael Gloria é jornalista, mestre em Comunicação (Ufrgs) e editor do site Nonada Jornalismo.