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reportagem cultural

- Publicada em 17 de Março de 2023 às 00:40

Júlia Lemmertz completa 60 anos animada com o novo momento

Cheia de planos e projetos, atriz reflete sobre 
maturidade, mocidade e 
tudo isso ao mesmo tempo

Cheia de planos e projetos, atriz reflete sobre maturidade, mocidade e tudo isso ao mesmo tempo


/GREG SALIBIAN/FOLHAPRESS/JC
Márcio Pinheiro, especial para o JC
Márcio Pinheiro, especial para o JC
Se envelhecer pode não ser algo muito bom, a outra opção é muito pior. "Minha mãe morreu com 48 anos, no auge de sua vida pessoal e profissional. Isso sim é muito triste", lamenta a atriz Júlia Lemmertz, filha da também atriz Lilian Lemmertz (e do ator Linneu Dias), e que completa 60 anos neste sábado, 18 de março. "Às vezes pode parecer um pouco assustador, mas é possível se acostumar de imediato", resigna-se, acrescentando que "os 60 é apenas um número que, inclusive, traz algumas vantagens: me permitirá ter vaga prioritária nos estacionamentos".
Avó de um neto, Martin, de seis anos - "nada se compara a ser avó", admite -, Júlia está animada com a nova idade redonda, até porque está cheia de planos que incluem peças, filmes e programas de TV. Atualmente, ela diz que mantém a mocidade, que se sente com quase a mesma energia dos tempos da juventude e que ainda tem muitas vontades e desejos, mas admite: "Em determinados momentos me sinto como se estivesse fingindo, tentando agir normalmente igual a quando eu tinha 30, 40, 50 anos. Mas logo me dou conta que não tenho porque me desesperar. É apenas um processo que eu estou gostando de encarar".
Júlia lembra que, quando sua mãe morreu, ela tinha 23 anos. "Tive de imediato a noção de que ela morreu cedo, mas só à medida que eu ia envelhecendo foi que me dei conta de quão cedo foi. Quanta coisa ela poderia ainda ter feito, não é?". Foram também tempos de acontecimentos intensos e marcantes. Júlia perdeu a mãe com 23, engravidou com 24, foi mãe com 25. Teria um período de certa tranquilidade para, novamente, ser mãe com 38, já casada com o segundo marido, o ator Alexandre Borges. Aos 53 virou avó. "Agora, meus filhos, Luiza e Miguel, estão crescidos, viajam, fazem o que gostam, são independentes. Quem precisa de mim agora é meu neto e para ele eu tenho que estar com ânimo".
Apesar de toda energia, Júlia se permite também se sentir cansada. Para se adaptar a este cansaço natural, ela prioriza os cuidados com a saúde - "mais do que ser jovem, meu desejo é ser saudável e manter o pique para curtir o meu neto" - e, eventualmente, vai "para o mato", que é como se refere ao sítio que construiu na Serra da Bocaína, na divisa do Rio de Janeiro com São Paulo. "E lá que eu me imagino vivendo quando eu resolver parar, me aposentar".
Mas isso ainda vai demorar.
 

Boas atuações no teatro, cinema e TV

Apesar da influência de pai e mãe, Júlia Lemmertz entrou na carreira artística "sem muito ânimo", conforme a própria

Apesar da influência de pai e mãe, Júlia Lemmertz entrou na carreira artística "sem muito ânimo", conforme a própria


/BRUNO SANTOS/FOLHAPRESS/JC
A estreia de Júlia Lemmertz como atriz foi no cinema, aos 5 anos de idade, ao lado da mãe, no filme As Amorosas, de Walter Hugo Khouri, em 1968. Logo depois, em 1971, ela atuou no filme Cordélia, Cordélia, de Rodolfo Nanni, também ao lado da mãe. Porém, Júlia considera sua estreia artística, para valer, mesmo, somente em 1981, quando teve papel de destaque como uma das protagonistas de Os Adolescentes, exibida pela Rede Bandeirantes. Na novela, ela era Bia, uma adolescente que precisava enfrentar o problema de uma gravidez precoce. Trama de Ivani Ribeiro e Jorge Andrade, com direção de Atílio Riccó, Os Adolescentes teve boa aceitação pelo público, ajudando a revelar uma jovem geração - com Tássia Camargo, André Di Biase e Flávio Guarnieri - amparada por veteranos experientes como Beatriz Segall, Norma Bengell e Márcia de Windsor.
"Até então eu não me imaginava como atriz", lembra Júlia, que pensava em fazer vestibular para cursos tão díspares quanto Veterinária, Oceanologia ou Fonoaudiologia. Pensava também em vir morar definitivamente em Porto Alegre. Enquanto não se decidia, ela deixou fotos em uma agência de atores de São Paulo, sem saber muito bem o que queria. Foi chamada para um teste, em princípio para uma minissérie, em que precisou decorar algumas poesias e passar por entrevistas com perguntas sobre sexo, drogas e adolescência. "Fiz tudo sem muito ânimo, até mesmo mal-humorada, e fui embora". Uma semana depois recebeu um telefonema de alguém que confirmava que ela havia sido aprovada no teste. "Como não havia contado nada, a notícia foi uma surpresa para os meus pais. Minha mãe ficou feliz, meu pai, ressabiado".
Ao lado de outras atrizes que estão chegando ou vão chegar aos 60 anos em 2023 - Cláudia Ohana, Andréa Beltrão, Deborah Bloch e Glória Pires -, Júlia Lemmertz talvez represente a última geração que viveu a era de ouro das novelas. Uma geração que conviveu com os grandes nomes da dramaturgia televisiva (Dias Gomes, Janete Clair, Daniel Más, Manoel Carlos, Gilberto Braga e Aguinaldo Silva) e que podia se dar ao luxo de escolher em qual rede atuar - numa época em que Globo, Manchete, Bandeirantes e SBT mantinham núcleos fortes de produção de novelas.
Aos 20 anos, já uma veterana com vários papéis, Júlia despediu-se da Band com Sabor de Mel e fez sua estreia na Globo, de cara com três trabalhos: a minissérie Moinhos de Vento e as novelas Eu Prometo, em 1983, e Amor com Amor Se Paga, no começo de 1984. "Ela figura entre as grandes atrizes brasileiras da geração que nasceu na década de 1960", diz o pesquisador Luís Francisco Wasilewski. "Porém, Júlia é uma das exceções entre os artistas brasileiros, pois conseguiu ter grandes atuações no teatro, cinema e TV. Isso não é comum acontecer no Brasil".
A década seguinte seria marcada por novos trabalhos e um casamento. Nos estertores da Manchete, com a rede já atolada em dívidas, Júlia seria escalada às pressas para integrar o elenco de Guerra sem Fim, novela que teve que ser feita em tempo recorde depois que O Marajá, a trama que estava prevista para estrear teve sua exibição proibida pela justiça em decorrência de uma ação movida pelo ex-presidente Fernando Collor.
Nas duas novelas, Júlia teve protagonismo e também ficou próxima de Alexandre Borges, com quem viria a se casar naquele mesmo ano e com quem ficaria até 2015. Em 1996, Júlia retornaria à Globo, emissora na qual permanece contratada até os dias de hoje.
Atriz premiada, Júlia já recebeu um Grande Otelo, um Candango do Festival de Brasília e dois Prêmios Qualidade Brasil, além de ter sido indicada por três vezes ao Prêmio Guarani, e uma indicação ao Prêmio Molière pela peça Eu sei que vou te amar, de Arnaldo Jabor. "Não lembro ao certo como começou nossa amizade. Acho que fomos nos encontrando em festivais de cinema. Talvez. E é uma amizade forte, com conversas ótimas. Gosto muito dela, uma pessoa extraordinária", elogia o ator Werner Schunemann. "Ela tem uma obra importante, sim, e mais ainda: uma forma de atuar, com muita força".
 

Uma garota do Sul

Júlia ao lado da mãe, Lilian Lemmertz, em foto de 1966

Júlia ao lado da mãe, Lilian Lemmertz, em foto de 1966


/ARQUIVO PESSOAL JÚLIA LEMMERTZ/REPRODUÇÃO/JC
Gaúcha e colorada, Júlia Lemmertz ainda mantém fortes vínculos com o Rio Grande do Sul. Nascida no Hospital Ernesto Dornelles, criada em Porto Alegre - onde passou boa parte da infância e da adolescência - e veranista de Capão da Canoa dos anos 1980, do tempo do Boliche e do Baronda, Júlia procura vir pelo menos uma vez por ano ao Estado. "Minha melhor amiga mora aí no Sul, a Luciane Lanção, e além disso tenho muitos primos, tios, tias, os irmãos do meu pai e da minha mãe", explica ela, que na adolescência já chegou a pensar em morar em Porto Alegre. Wasilewski lembra: "Entrevistei Linneu Dias em 1999. Ele morreu em 2002 e como forma de homenagem, a entrevista foi publicada no Jornal da Ufrgs junto com um artigo meu falando sobre a importância de Linneu para o teatro gaúcho. Julia recebeu o jornal, ficou muito feliz com este reconhecimento da obra do seu pai e quis me conhecer. Aconteceu o lançamento de Urbia, livro de poemas do Linneu publicado postumamente por ela e nos conhecemos no lançamento aqui, em 2003".
Sobre o amadurecimento artístico de Júlia, Wasilewski comenta: "Ela faz parte do grupo de atrizes que estão na faixa dos 60 anos e fazendo excelentes trabalhos na TV, teatro e cinema. Neste sentido elas pertencem a um grupo raro". E Werner acrescenta: "Como acontece com quase todos os atores, com o passar dos anos existe um crescimento, um amadurecimento. Júlia está entrando no auge, em que os anos de crescimento, de aprimoramento da sua arte, do seu talento. Agora tem tudo sob controle, tudo nas mãos".

Herdeira artística

Julia Lemmertz na peça 
Simples assim, em foto de 2019

Julia Lemmertz na peça Simples assim, em foto de 2019


/VICTOR HUGO CECATTO/DIVULGAÇÃO/JC
Júlia vem de duas escolas - e o aprendizado foi o mais familiar possível. A primeira e maior influência foi a mãe, Lilian Lemmertz. A segunda, o pai, Linneu Dias. Ele, nascido Linneu Moreira Dias em Santana do Livramento, em outubro de 1927, começou a carreira em Porto Alegre, aos 25 anos, participando da juventude do Teatro do Estudante e do Teatro Universitário. Logo depois, começou a construir uma sólida carreira acadêmica, cursando Interpretação e Direção Teatral na Yale Drama School e, a seguir, atuando como professor de Interpretação na Ufrgs. Também exerceu a crítica, escrevendo textos e resenhas para a revista literária Crucial, além de colaborações com os jornais Correio do Povo, O Estado de S. Paulo e a Revista do Globo. Trabalhando em cinema, teatro e televisão, Linneu, em 1995, teve sua trajetória reconhecida com o Prêmio Sharp de Melhor Ator por sua interpretação na peça Minh'Alma, Alma Minha, peça de sua autoria. Seu último trabalho foi em 2001, na minissérie Presença de Anita. Morreu um ano depois, por falência múltipla de órgãos. Em 2003 foram publicados seus poemas no livro Urbia. "Júlia sempre esteve empenhada em manter viva a memória dos pais, tanto com o apoio à edição da biografia de Lilian quanto com publicação póstuma de Urbia. Linneu era um grande intelectual e foi muito importante na formação artística e teórica da Júlia", lembra Wasilewski.
Já na mãe, Lilian, está a base da interpretação de Júlia. Também formada pelo Teatro Universitário de Porto Alegre, em 1953, Lilian conheceu Linneu no ano seguinte, quando atuou em O Pai, de August Strindberg, sob a direção dele. Dois anos depois, eles se casaram e, no começo da década seguinte, ela foi convidada por Cacilda Becker para trabalhar em São Paulo. A partir de então, Lilian criou uma das mais sólidas e respeitadas carreiras artísticas do Brasil, com forte atuação na TV, no teatro e em especial no cinema, em parceria com Walter Hugo Khouri, com quem fez oito filmes. Quando morreu, dez dias antes de completar 49 anos, vítima de um enfarte do miocárdio, Lilian estava ensaiando o espetáculo Ação entre Amigos. "Era um período em que estávamos muito próximas, inclusive eu a buscava em casa para os ensaios", recorda Júlia, marcada pelo choque de encontrar a mãe sem vida.
Em 2014, Júlia atuou na novela Em Família, de Manoel Carlos, como Helena. A atriz foi escolhida especialmente pelo autor em homenagem à sua falecida mãe, que interpretou a primeira Helena em Baila Comigo, de 1981. Wasilewski vê pontos de contato entre as carreiras de mãe e filha. "Quando a mãe faleceu, Julia estava fazendo O Que O Mordomo Viu?, De Joe Orton e direção de Flávio Rangel. Ela fazia o mesmo papel que a mãe havia feito na década de 1970 no texto de Orton, numa montagem com Walmor Chagas e Ney Latorraca".

"O ego tem que estar na casinha"

Julia Lemmertz: "Um ator 
tem que gostar do processo"

Julia Lemmertz: "Um ator tem que gostar do processo"


/VICTOR HUGO CECATTO/DIVULGAÇÃO/JC
Júlia Lemmertz responde perguntas sobre sua relação com atores e personagens
Qual o seu trabalho inesquecível?
Minh'Alma, Alma Minha, espetáculo de Linneu Dias, de 1994, escrito e interpretado por ele, era um relato autobiográfico/poético muito lindo. Teve um impacto imenso em mim. Redescobri meu pai.
Qual o trecho que você considera inesquecível?
No mesmo espetáculo, há um trecho em que ele conta do amor dele por uma mulher, sem dizer o nome dela. Aos poucos eu fui descobrindo que era da minha mãe que ele falava. Não era mais meu pai ali no palco, era um ator contando a sua história. E muita coisa eu não sabia. Foi lindo ver ele inteiro em comunhão com a sua arte, falando um texto dele, entremeado com poesias que ele sabia de coração.
Qual o trabalho que mais te perturbou?
Macunaíma, do Antunes Filho. Eu era bem nova, nunca tinha visto nada parecido com aquilo, e acho que não verei… Era um acontecimento de outra natureza.
Qual o trabalho que você gostaria de ter feito?
O Hamlet que o Antônio Abujamra dirigiu, só com mulheres. Era um espetáculo maravilhoso, com Claudia Abreu, Vera Holtz, e um elenco incrível. Eu queria muito ter trabalhado com o Abu. Ele, Belinha, Alexandre e André Abujamra são a minha família de coração, corpo e alma.
Qual o personagem que você gostaria de ter criado/interpretado?
Hamlet é um deles. Eu sou louca por esse texto do Shakespeare. Hamlet é de uma beleza e potência que não se esgota com o tempo.
Qual o maior ator e a maior atriz brasileiros?
(Acho ruim responder isso. Há muitos grandes atores no País, mesmo os que ainda não conheço, mas…). Escolho Fernanda Montenegro e Paulo Autran. Dois artistas extraordinários, vocacionados, com uma vida dedicada ao teatro de uma maneira que já não acontece hoje.
Qual o trabalho mais superestimado que você conhece?
O BBB, que não é exatamente um trabalho, mas algo que ocupa um lugar gigante nas grades de programação da TV brasileira, que paga as contas da emissora e muita gente ama. Mas é, a meu ver, um desserviço.
Qual livro merece ser adaptado para o cinema/novela/teatro?
Sob os Ossos dos Mortos, livro da escritora polonesa, Olga Tokarczuk, daria um filme ou uma série incrível. Eu queria fazer aquela personagem. Tem também Um Defeito de Cor, da Ana Maria Gonçalves. É um romance lindo, histórico, um mergulho nas raízes da escravidão.
Qual atriz mais influenciou a tua carreira?
Minha mãe, sem dúvida. Ela foi a minha primeira referência de muita coisa na vida. E todas as atrizes que eu adoro e vejo um trabalho que me inspira, todas elas me influenciam. De Lelia Abramo a Irene Ravache. E mais Selma Egrei, Cleide Yáconis, Bete Coelho, Magali Biff, Dani Barros, Fernanda Torres, Ana Beatriz Nogueira, Andrea Beltrão, Cate Blanchet, Tilda Swinton, Katherine Hepburn, Meryl Streep... A lista é longa!
Qual diretor mais influenciou a tua carreira?
A Bia Lessa. Tivemos um grupo de teatro por uns cinco anos. Fizemos Orlando, de Virginia Wolff, Viagem ao Centro da Terra, uma adaptação dela e do Moacyr Scliar. Viajamos muito e fizemos vários festivais fora do país. Foi um tempo lindo e muito intenso. Me colocou de corpo e alma dentro do processo de ser ator e autor do seu trabalho, de trabalhar em grupo. E saí de lá para trabalhar com o Zé Celso, que me influenciou imensamente também, de um outro jeito, me abrindo outras dimensões. Fizemos Hamlet na reabertura do Teatro Oficina.
Qual deve ser o maior mérito de um ator?
Ter fôlego para os processos. O processo de um trabalho é um tempo de descoberta e de possibilidades muito rico. Um ator tem que gostar do processo.
O que uma atriz deve evitar?
Competir, se comparar. Um artista, para construir algum trabalho valioso, precisa de um parceiro, de aliados, não de adversários. O ego tem que estar na casinha.
Cite uma grande performance de uma grande atriz?
Renata Sorrah em Medéia, dirigida por Bia Lessa. Era uma beleza o trabalho dela. O espetáculo todo, nas ruínas do teatro Dulcina. O trabalho da Renata era de cortar o coração. Potente e doloroso.
Cite uma grande performance de um ator e/ou atriz pouco conhecido?
Eu vi um espetáculo incrível, há um tempo atrás, do Leo Netto: Três Maneiras de Tocar no Assunto. A peça era escrita por ele e dirigida pelo Fabiano de Freitas. Tive um baque. Fiquei maravilhada com o trabalho dele. A pergunta é "O que há de tão incômodo na homossexualidade?". Em três partes ele mapeia e desnaturaliza a homofobia. É emocionante. Uma porrada. Uma criação fantástica de um grande ator/autor.
Cite uma performance que você esperava gostar e que te decepcionou:
Ahhh, não vou gongar os colegas...
Cite uma performance que você não esperava nada e te surpreendeu:
Não costumo ir ver algo que eu não espero nada, de verdade. De alguma forma sempre espero que algo me surpreenda. Se eu acho que não vai rolar, nem vou.Eu não sabia bem o que esperar desse espetáculo da Liliane Rovaris. A vi em cena em Crime e Castigo 11:45, baseado em Dostoiévski e dirigida pela atriz Camila Mardila. O processo dela para chegar ao espetáculo foi muito interessante. Durante o luto pela morte dos pais, ela mergulhou no livro e fez uma releitura, motivada intuitivamente por um sentimento de solidão e um vislumbre de recomeço. Um paralelo com o personagem principal do livro, o Raskolnikov. Enfim, um belo processo.
 

Assinatura

* Márcio Pinheiro é jornalista e escreveu os livros Esse Tal de Borghettinho e Rato de Redação - Sig e a História do Pasquim.