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reportagem cultural

- Publicada em 08 de Dezembro de 2022 às 17:15

Darcy Alves, um mestre do violão e da boemia

Falecido há sete anos, Darcy Alves foi, durante mais de seis décadas, uma das figuras mais queridas da noite porto-alegrense

Falecido há sete anos, Darcy Alves foi, durante mais de seis décadas, uma das figuras mais queridas da noite porto-alegrense


TÂNIA MEINERZ/JC
Paulo César Teixeira, especial para o JC *
Paulo César Teixeira, especial para o JC *
Desde que avistei, pela primeira vez, a figura elegante, de violão a tiracolo, que percorria as ruas e travessas da Cidade Baixa, percebi que havia em torno dela uma aura de carisma e empatia. Admirado e querido pelos jovens frequentadores do bairro boêmio, o que lhe dava notória satisfação, aquele senhor movia-se com desenvoltura por entre calçadas e mesas de bares, como se todos ao redor fossem amigos de longa data.
Mas a verdade é que poucos ali conheciam a sua história. Como cantor e violonista, Darcy Alves já havia, àquela altura, dedicado mais de cinco décadas à autêntica música popular do Brasil. "Junto com Plauto Cruz, ele fez parte de uma nobre linhagem que manteve em Porto Alegre a tradição do choro, da valsa e da seresta, sempre com originalidade ímpar", afirmou Yamandu Costa, um dos maiores talentos do violão no Brasil e no mundo. Parceiro de noitadas e cantorias de Lupicínio Rodrigues e outros personagens célebres da vida boêmia da capital gaúcha, o professor Darcy, como era conhecido, acompanhou também artistas de fora do Estado que vinham se apresentar em Porto Alegre, como Jamelão, Altamiro Carrilho, Sílvio Caldas, Nelson Gonçalves, Ângela Maria e Beth Carvalho.
"Não existe quem seja melhor em acompanhamento do que Darcy. O cantor com ele não vacila, se embala, parece que ele o está ninando. Além de tocar magistralmente, o diabo do Darcy ainda canta muito bem", disse o jornalista Paulo Sant'Ana (falecido em 2017).
Na virada dos anos 2000 para a década de 2010, quando Darcy, já octogenário, dedilhava o violão e soltava a voz grave, uma vez por semana, no bar Parangolé, fazia-se um silêncio de admiração. Quase sempre, estava acompanhado do sobrinho Silfarnei, ainda hoje atuante na cena musical de Porto Alegre (o nome é homenagem a Cyll Farney, galã das chanchadas dos anos 1950). Por volta das duas da madrugada, o professor despedia-se com um de seus bordões ou tiradas engraçadas: "Desculpe, pessoal, eu preciso ir andando, porque senão vou apanhar da patroa de novo. E o pior é que já estou me acostumando", dizia ele, antes de embarcar no Opala cinza metálico modelo 1988, com o qual dirigia-se para casa, na Zona Norte da cidade.
Ao me aproximar dessa figura cult, sugeri contar sua história em livro e ele prontamente aceitou a proposta. Marcamos um encontro para dar início às entrevistas. Na data combinada, Darcy entregou-me uma folha de papel almaço, preenchida com anotações feitas à mão de impecável ortografia. "Está tudo aí", disse, antes de mergulhar num silêncio encabulado. No papel, havia dados básicos de sua carreira, como locais onde tinha trabalhado e nomes de artistas consagrados com os quais dividira o palco, o que, obviamente, era insuficiente para meus propósitos. Foi preciso mais de um ano de conversas à mesa do Parangolé para que Darcy se soltasse e a biografia se completasse.
Ao escrevê-la, senti-me instrumento de uma vontade coletiva, como se Porto Alegre estivesse reparando um erro histórico, que a cidade costuma praticar - a falta de registro da trajetória de seus artistas. O lançamento de Darcy Alves - Vida nas cordas do violão (Libretos Editora), em novembro de 2010, representou para o professor Darcy o auge desse tardio reconhecimento público. Até hoje, sinto orgulho de ter-lhe proporcionado isso, num momento em que ele estava plenamente lúcido e muito ativo. Darcy faleceu em 19 de março de 2015, em consequência de complicações de um AVC, que havia interrompido sua longeva e brilhante carreira musical em 2013.
 

Uma senhora de capuz à cata de boêmios

Chegado na Capital no ano de 1953, Darcy Alves transformou-se, pelo talento e carisma, em um verdadeiro professor na boemia porto-alegrense

Chegado na Capital no ano de 1953, Darcy Alves transformou-se, pelo talento e carisma, em um verdadeiro professor na boemia porto-alegrense


/TÂNIA MEINERZ/JC
Nascido em 21 de março de 1932, no distrito de Rio Branco (à época, a área pertencia a Santo Ângelo; hoje, faz parte do município de Catuípe), na região Noroeste do Estado, Darcy iniciou precocemente a carreira, aos 14 anos de idade. A estreia se deu tocando bateria na boate Marabá. "Manda vir o guri. Já falei com o juiz de menores e está tudo resolvido", pediu Nego Velho, gerente da casa, após se dar conta do sumiço do baterista.
A Marabá foi uma escola de vida. Em pouco tempo, já era o cantor e violonista da banda que animava as noites do cabaré. Quase concluindo o curso ginasial, ele ficou noivo da sobrinha do acordeonista. Só que, de coração infiel, estava também de caso com uma das bailarinas, que não demorou a receber a notícia do noivado. Já pressentindo a confusão armada, Darcy colocou um ponto final no romance paralelo. "Agora é tu para lá, eu para cá", avisou para a dançarina, antes de subir ao palco. Por vários motivos, aquela noite foi inesquecível. A casa noturna havia sido reservada por contrabandistas de pneus para uma festa em comemoração à boa fase dos negócios. Empolgados, eles liberaram cerveja de graça para os músicos. "E o pessoal estava com sede", comentou Darcy. Lá pelas tantas da madrugada, alguém pediu que tocassem Fósforo queimado, samba-canção que fazia sucesso na voz de Ângela Maria. Embalado pela bebida, o saxofonista Camelo caprichou na introdução, antes que Darcy entoasse os primeiros versos, com a voz empostada que haveria de identificá-lo para o resto da vida: 'Hoje não te quero mais.' Do fundo do salão, ouviu-se a voz da bailarina, injuriada: "Eu também não, FDP!".
Em 1953, aos 21 anos, ele deixou para trás a poeira avermelhada da região das Missões e tomou o trem em busca de um lugar ao sol em Porto Alegre. Desde então, poucas vezes retornou à terra natal. Até porque, com o passar do tempo, não havia mais parentes para visitar. A maioria tinha se mudado ou falecido. Além disso, cada vez que botava os pés lá, tinha notícia da morte de algum amigo querido. Era como se uma velha senhora, vestindo um manto negro com capuz e segurando uma foice nas mãos, andasse à cata de boêmios dos velhos tempos por aquelas terras. "Prefiro não arriscar. Quem não é visto não é lembrado", profetizava o professor.
 

Violões saltam da janela da boate

Da esquerda para direita: Alcides Gonçalves, Jessé Silva (com violão), Cléa Ramos, Chico Lopes, Lupicínio Rodrigues, Darcy Alves, Peri Cunha e Adelaide (todos no Chão de Estrelas)

Da esquerda para direita: Alcides Gonçalves, Jessé Silva (com violão), Cléa Ramos, Chico Lopes, Lupicínio Rodrigues, Darcy Alves, Peri Cunha e Adelaide (todos no Chão de Estrelas)


/ACERVO PESSOAL FAMÍLIA DE DARCY ALVES/REPRODUÇÃO/JC
A estreia como percussionista não foi ao acaso. O primeiro instrumento a cair em suas mãos havia sido um pandeiro, aos 12 anos. Os de corda ele aprendeu a manejar com a ajuda de manuais de música, mas o que fez a diferença mesmo foi o ouvido musical de Darcy, autodidata por excelência. Embora tenha se tornado um exímio violonista, era multi-instrumentista. Muitos anos depois, em 1959, faria um curso de acordeão no Liceu Musical Palestrina, em Porto Alegre. E, para completar, aprendeu a tocar saxofone com Alcides Macedo, o maestro Macedinho, regente da Banda Municipal de Porto Alegre na década de 1970. Mas, apesar do ecletismo, não deixava dúvidas quanto à preferência: "Meu negócio é corda".
De resto, a formação musical de Darcy se baseou em melodias e arranjos que viajavam até Santo Ângelo pelas ondas do rádio, principal meio de comunicação dos anos 1940, trazendo a voz dos grandes intérpretes do cancioneiro popular. "Meu favorito era Orlando Silva. Eu o considero um dos melhores cantores de todos os tempos. Pena que não tive a honra e o prazer de tocar com ele", dizia Darcy. A influência dos programas de rádio também foi decisiva para criar o estilo pessoal de tocar violão: "Eu me criei ouvindo a Nacional, do Rio, e a Tupi, de São Paulo. Muito tempo depois, estudei partituras de violão com José Gomes e outros professores. Mas, para falar a verdade, o essencial aprendi sozinho, ao ouvir os grandes mestres, como Dino, Jacob do Bandolim e o Regional do Canhoto".
Após desembarcar na Capital, Darcy Alves passou a se apresentar em cabarés da Voluntários da Pátria, conhecida como Rua do Pecado, gueto das principais casas noturnas da cidade nos anos 1950, como Castelo Rosado, Balalaica, Mocambo e Saint Claire. "Com exceção da American Boite, o resto eram boates de quinta categoria", comentou o jornalista Fernando Albrecht, colunista do Jornal do Comércio. Conforme ele, a American Boite reunia uma clientela de fazendeiros endinheirados (ou gente que se fazia passar por tal), que tinha o hábito de tirar os sapatos e, trôpega por causa dos drinques, caminhar pelas bordas cheias de limo do chafariz no jardim do casarão.
De boa ou má reputação, as boates da Rua do Pecado movimentavam o mercado de trabalho dos músicos com shows ao vivo. Nelas, apresentavam-se conjuntos regionais de samba, choro e seresta, além de orquestras de tango, com direito a atrações internacionais. Em 1957, por exemplo, uma publicidade da American Boate nos jornais anunciava o show da orquestra Suspiros de Espanha, que veio de Buenos Aires, acompanhada de Poupe Dorée ("bailarina internacional clássica"), Muneca Martins ("cantora melódica tropical") e Lina Mayer ("vedete frívola"). "Eram argentinas, uruguaias e até francesas chiques", relembra o saxofonista Juvêncio Rodrigues de Paula, o Sabiá, também chamado de Pássaro Preto da Noite.
Curiosamente, em 24 de agosto de 1954, quando Getúlio Vargas suicidou-se, a multidão enfurecida atacou não apenas redutos da oposição ao governo de inspiração nacionalista, como a Rádio Farroupilha, que pertencia aos Diários Associados. Foram depredados também o consulado dos Estados Unidos e locais que, por causa do nome, faziam referência àquele país, a exemplo das Lojas Americanas e da Importadora Americana. Sobrou até para a American Boite, como relatou o bandoneonista Rafael Koller (falecido em 2019): "Invadiram a boate e jogaram os violões pela janela. A classe musical nada tinha a ver com a morte de Getúlio, mas pagou o pato".
 

Música para bailar

Darcy com Jamelão e Paulo Sant'Ana, em uma noite no Chão de Estrelas

Darcy com Jamelão e Paulo Sant'Ana, em uma noite no Chão de Estrelas


/ACERVO PESSOAL FAMÍLIA DE DARCY ALVES/REPRODUÇÃO/JC
Darcy viveu o apogeu das grandes orquestras nas décadas de 1950 e 1960, as quais dividiam espaço com conjuntos melódicos como o de Norberto Baldauf, que comandava os famosos bailes da Reitoria da Ufrgs. Em 1963, foi contratado como guitarrista da Waldemarino & Sua Orquestra, que animava os salões dos clubes porto-alegrenses com repertório marcadamente romântico. Os músicos se apresentavam com ternos de linho e cravos vermelhos na lapela, exigência do maestro Waldemarino Martins do Santos, que não abria mão da elegância nos trajes. O professor integrou também a Orquestra Cassino, de Santa Cruz do Sul, criada em 1959 pelo maestro e trombonista Eugênio Wuensch, que executava as canções exatamente como elas haviam sido originalmente gravadas pelas big bands de Glenn Miller e Duke Ellington.
Para isso, quando algum conhecido viajava para Nova York, Wuensch dava o endereço da loja especializada e os dólares para a compra das partituras. "Os arranjos chegavam aqui em folhas soltas", contou o maestro. O problema é que vinham codificados no sistema de cifras, com acordes indicados por símbolos gráficos, que a maior parte dos músicos locais desconhecia. Menos Darcy Alves, que fazia a leitura para os colegas. Em 1965, a Cassino registrou sua performance para a posteridade no disco Um convite à dança, com 500 cópias. Darcy foi guitarrista dela entre 1974 e 1978, até cansar das viagens - as excursões pelo interior do Estado ocupavam quase todos os fins de semana.
Ele participou ainda da Orquestra Filarmônica Popular de Porto Alegre (OFIPPA), fundada em 1961 por Voltaire Dutra Paes, sobrinho de Octávio Dutra, um dos músicos mais importantes do Rio Grande do Sul na abertura do século passado. Ela tinha como slogan "música do povo para o povo" - fiel à marca, os concertos eram gratuitos. Com violinos, violões, bandolins, cavaquinhos, flautas, clarinetes, saxofones, trombones, tuba, xilofone e bateria, a OFIPPA mostrava um repertório que abrangia desde valsa, tango, bolero, samba e bossa nova até xaxado, polca, choro e marcha-rancho. Em sua época, foi a única orquestra do gênero na América Latina e uma das cinco existentes em todo o mundo.
 

A musa de Lupicínio

Adelaide Dias foi dona de bares lendários nas décadas de 1960 e 1970

Adelaide Dias foi dona de bares lendários nas décadas de 1960 e 1970


/ACERVO PESSOAL CARMEN DIAS/REPRODUÇÃO/JC
Como músico e boêmio, Darcy Alves exibia um extenso currículo na noite da capital gaúcha. Boa parte dele está ligada à figura carismática de Adelaide Dias, empresária que, de forma pioneira, se destacou como dona de bares, num ambiente dominado pelos homens. O primeiro deles foi o Adelaide's, aberto em 1967, a princípio como restaurante diurno, até que Lupicínio Rodrigues - que trabalhava numa entidade de arrecadação de direitos autorais nas redondezas e, por isso, costumava almoçar ali - sugeriu: "Adelaide, por que a gente não traz o pessoal da música para cá?".
Depois disso, o barzinho da rua Marechal Floriano virou refúgio da nata de músicos da cidade, que incluía Jessé Silva, Plauto Cruz, Marino do Sax e Clio do Cavaquinho, além do professor Darcy, alçado a diretor-artístico da casa. Atraídos pelas canjas musicais, boêmios como Hamilton Chaves, Melchiades Stricher, Fernando Albrecht, Paulo Sant'Ana, Kenny Braga e Danilo Ucha passaram a bater ponto. Quando já não cabia tanta gente no Adelaide's, a empresária abriu o Chão de Estrelas, mais espaçoso e confortável, na José do Patrocínio, para onde se mudou praticamente a totalidade dos clientes do antigo bar.
No Chão de Estrelas, Darcy acompanhou ao violão intérpretes como Sílvio Caldas, Ângela Maria, Beth Carvalho, Jair Rodrigues e Clara Nunes. Afastou-se de lá por causa de um desentendimento com a cantora Lourdes Rodrigues, contratada por Adelaide, que fazia questão de interpretar Como vai você, hit de Roberto Carlos (composto por Antônio Marcos), quase todas as noites. "É sucesso, professor, tem que cantar", argumentava Lourdes. "Canta só se quiser", respondia Darcy. O caso foi levado à proprietária do bar, que tomou partido de Lourdes. Aborrecido, Darcy pediu as contas. Adelaide continuaria sendo uma empreendedora da noite até 1989, quando fechou o Clube da Saudade, na avenida Aureliano de Figueiredo Pinto. Falecida em 2009, ficou na história da música e da boemia como musa de Lupicinio, que a ela dedicou os versos de uma canção muito apropriadamente denominada Dona de bar.
 

Um olhar para a musicalidade

Darcy no lançamento de sua biografia no Parangolé, com Plauto Cruz, Silfarnei, Valtinho do Pandeiro e Sabiá

Darcy no lançamento de sua biografia no Parangolé, com Plauto Cruz, Silfarnei, Valtinho do Pandeiro e Sabiá


/TÂNIA MEINERZ/JC
Em 1998, Darcy lançou Um olhar para a musicalidade, CD financiado pelo Fundo Municipal de Apoio à Produção Artística e Cultural de Porto Alegre (Fumproarte), único registro fonográfico individual da carreira. Nele, além de cantar, tocou violão de seis e sete cordas e sax. O disco tem a participação de Silfarnei Alves (violão), Francisco Pedroso (cavaquinho), Valter de Oliveira (pandeiro), Runi Correa (surdo) e Maria Teresa Lima e Yedda Leite (vocais). Hoje, é uma peça rara e valiosa, até porque metade das canções é de Darcy (as demais são de Lupicínio Rodrigues, Djalma Correa e Alcides Macedo), que não era compositor de mão cheia - tinha "meia dúzia" de músicas, segundo suas próprias palavras. "Falta motivação para eu compor. Qualquer músico vem lá de cima e faz um sucesso sem tamanho. Quando é músico daqui, às vezes até com maior capacidade, não tem reconhecimento", ressentia-se.
Menos mal que, em 1992, Darcy recebeu o título de Cidadão de Porto Alegre, durante a gestão de Olívio Dutra. Nada mais justo, já que sua atuação transcende a carreira musical. Preocupado com as questões trabalhistas, foi presidente do Sindicato dos Músicos Profissionais de Porto Alegre de 1972 a 1982. "Nunca descuidei de exigir carteira assinada junto aos patrões. Infelizmente, a maioria dos colegas não agiu dessa maneira e hoje passa por situações difíceis com a idade avançada".
A atuação sindical possibilitou que fosse juiz classista - cargo ocupado por pessoa não necessariamente formada em Direito, que tinha mandato temporário na Justiça do Trabalho, por indicação de entidades sindicais. Criada no Estado Novo, na década de 1930, sob a inspiração do regime fascista de Benito Mussolini na Itália, a figura jurídica foi abolida no Brasil em 1999. Apesar da origem pouco abonadora do cargo, talvez o destino tenha escrito certo por linhas tortas. Graças ao tempo que trabalhou como juiz classista, Darcy Alves conseguiu ter uma aposentadoria digna de sua importância na história da música do Estado e do Brasil.
 
 
* Paulo César Teixeira é jornalista com textos publicados em Istoé, Veja e Folha de S. Paulo. É autor dos livros Esquina maldita e Nega Lu – Uma dama de barba malfeita, além de editor do portal Rua da Margem (www.ruadamargem.com).