A decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de arquivar o projeto da Usina Termelétrica Rio Grande é um banho de água fria para o Estado, especialmente para a Região Sul. A operação em Rio Grande representaria um investimento de aproximadamente R$ 6 bilhões.
A agência reguladora negou o agravo feito pelas parte - as empresas Cobra Brasil Serviços, Comunicações e Energia S.A., Bolognesi Energia S.A. e Termelétrica Rio Grande S.A. - para realizar a transferência do projeto da Bolognesi para o grupo espanhol Cobra.
O imbróglio teve início há dez anos. Em 2014, o grupo Bolognesi venceu um leilão de energia para comercializar a geração da usina e permitir a sua implantação. A unidade foi planejada para uma potência instalada de 1.238 mil MW - um terço da demanda média de energia do Estado.
Com sucessivos atrasos no cronograma, o que a Bolognesi atribui em grande parte a dificuldades na liberação do licenciamento ambiental, a Aneel revogou a outorga em 2017, dois anos antes do prazo previsto para o início das operações do empreendimento. O complexo, quando em operação, teria capacidade de aumentar a geração de energia elétrica, além de estabelecer as bases para a instalação de um terminal de gás natural liquefeito (GNL) no porto de Rio Grande.
A importância da instalação da térmica vai além da segurança energética. Desde a derrocada do polo naval de Rio Grande, na década passada, como consequência da Operação Lava Jato e do deslocamento das encomendas da Petrobras para o mercado internacional, a cidade se fragilizou.
Hoje, aos poucos, novos investimentos dão sobrevida à economia. Enquanto o município espera o reaquecimento do setor naval, o complexo gaúcho administrado pela Ecovix diversifica as suas atividades atuando com a movimentação de cargas, reparos de embarcações e, mais recentemente, com o desmonte de plataformas de petróleo.
A expectativa de dias melhores passa, também, por investimentos anunciados em 2023 na Refinaria Riograndense para torná-la a primeira biorrefinaria integral no País. A perspectiva é que em 2025 seja possível começar a operação comercial de combustíveis feitos de fontes não fósseis.
Quanto à térmica, o grupo Cobra aposta suas fichas na via judicial. A expectativa é por uma decisão favorável ao projeto na Justiça Federal de Rio Grande, o que, se ocorrer, certamente deve atrasar em mais alguns anos a construção do complexo.


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