Lojistas terão um 2024 com cara de segundo tempo de 2023

Dirigentes, economistas e especialistas definem o que vai impactar o setor

Por Patrícia Comunello

Estimativa é que 2,61 milhões de gaúchos e 357,4 mil porto-alegrenses tenham contas atrasadas
O ano que estreia em poucos dias podia muito bem ser um segundo tempo de 2023, se fosse possível reprogramar o calendário do varejo. A razão é simples: problemas que tiraram o sono de comerciantes na recente jornada terão continuidade, entre ritmo da atividade mais ameno e pressionado ainda por juros e inadimplência, que se manterão altos.

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Na loja consumidor híbrido e IA, avisa Fabiano Zortéa, do Sebrae-RS

Minuto Varejo - Fabiano Zortéa - especialista em varejo - coordenador de varejo do Sebrae-RS - consumo - lojas - fonte - Porto Alegre - Rio Grande do Sul
Três perguntas para Fabiano Zortéa, coordenador de Varejo do Sebrae-RS:
Minuto Varejo - O que vai dominar 2024?
Fabiano Zortéa - Maior uso de inteligência artificial (IA). As ferramentas que serão mais usadas são de geração de texto, imagem e automatização de tarefas. O movimento com IA deve crescer de forma mais aplicável ao contexto dos negócios. Os varejistas precisam também dedicar mais tempo para a estratégia de oferta do produto/serviço, agregando mais serviços. O consumidor tende a escolher um produto/serviço que é novo, não é mais do mesmo ou é mais interessante.
MV - Digitalização e jornada do cliente: algo novo?
Zortéa - Vamos ter ofertas mais específicas de jornada híbrida, na qual o cliente seleciona no digital e experimente na loja, algo como "escolha no online e teste/experimente na loja". Com um cenário em que o cliente quer otimizar seu tempo, essa jornada de compra pode ser interessante. É um movimento bom para clientes e varejistas. A simbiose entre físico e virtual sustenta o novo mundo híbrido. 
MV - Loja física ou tudo omnicanal?
Zortéa - O varejo físico ficará mais forte em 2024, desde que qualifique a presença digital. Criamos um mundo híbrido e, para fazer mais negócios, precisa atrair clientes pelos canais digitais, onde a audiência é o primeiro objetivo para trazer o cliente à loja física, para converter mais vendas neste ponto de contato.

Pergunta do milhão em 2024, provoca Eduardo Terra, da SBVC

Minuto Varejo - especialista - Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) e conselheiro de empresas como Petz, O Boticário e AMPM - lojas - setor - vendas -
Três perguntas para Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) e membro de conselhos de Petz, O Boticário e AMPM:
Minuto Varejo - O varejo melhora em 2024?
Eduardo Terra - Esta é a pergunta do milhão. A resposta é: depende, porque o varejo tem tido um desempenho heterogêneo. Supermercados e farmácias tiveram um ano bom, já eletromóveis, não, mas  com a perspectiva de redução de juros, devem ter uma melhora. Já setores que dependem de renda e emprego, é uma grande interrogação, pois vão depender da estabilização da reforma tributária, do cenário internacional e da confiança de empresários e consumidores. Para mim, 2024 está mais para ser igual ou um pouco pior que 2023. Falo isso baseado em discussões de orçamentos e cenários em empresas que tenho acompanhado.
MV - Vamos ter expansões em 2024?
Terra - Esta resposta é mais fácil: não vai ser um ano de grande expansão. O custo do dinheiro está muito alto ainda, as empresas estão olhando para suas estruturas de capital e reduzindo dívidas. O custo financeiro machucou e ainda machuca bastante as operações. Será um ano de desaceleração da expansão do varejo como um todo. Mesmo os setores alimentar, de farmácia e pet, que têm liderado a agenda de abertura de lojas, devem tirar o pé do acelerador.
MV - Loja física ou tudo omnicanal?
Terra - 2023 foi o ano da loja física. O próximo deve ser de continuidade, mas com fortalecimento da loja física que é omnicanal, mais digital, integrada e com mais dados. Não é a loja analógica. Já o e-commerce, que andou de lado este ano deve seguir neste ritmo em 2024.