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Publicada em 16 de Dezembro de 2025 às 00:25

Entrevista com Gustavo Feddersen, CEO da Axell Banheiras e SPAs

Gustavo fala sobre o caminho que colocou a Axell na liderança do setor

Gustavo fala sobre o caminho que colocou a Axell na liderança do setor

/Caroline Venturini/ Divulgação
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1. Qual é o legado da empresa, o que impulsionou seu crescimento e como ela se posiciona hoje no mercado? 
O maior legado da empresa nesses 30 anos foi oferecer qualidade de vida para as pessoas e mais emprego para a nossa comunidade. Tenho certeza de que o crescimento ao longo dessas décadas se deu pela determinação de produzir valor, entregando produtos de qualidade. Hoje, estamos no topo do mercado de banheiras de luxo, e descobrimos que, para ter um produto de valor, é preciso cobrar adequadamente, pois o valor do produto é diretamente proporcional ao seu custo.
2. O que diferencia a Axell de outras marcas, qual é o maior desafio do setor e como a empresa lida com isso? 
O que diferencia a Axell é o respeito aos clientes: nunca entregamos um produto diferente do que foi vendido, garantindo que o cliente receba exatamente o que esperava. Atualmente, o maior desafio do setor são os milhares de pequenos fabricantes que vendem pela internet, muitas vezes com qualidade questionável, e muitos consumidores ainda não estão totalmente orientados para compras online. Para lidar com isso, trabalhamos intensamente na comunicação e em mídias sociais, nos aproximando, por exemplo, de influenciadores que realmente acreditam no que promovem. 
3. Como você define o momento atual da empresa e o que mais te orgulha como CEO? 
Estamos virando uma chave no posicionamento da marca, com novidades importantes para o ano que vem. É um novo momento para a Axell. Nesse contexto, o que mais me orgulha é a minha equipe, que torna possível alcançarmos essas conquistas, pois fazem a diferença em todo nosso processo organizacional. 
4. Como a Axell evoluiu em governança e gestão e o que mantém a equipe focada na excelência? 
Por muitos anos mantivemos um sistema bastante arcaico de governança, no qual eu e meu sócio fazíamos tudo. Hoje, isso está mudando, e conseguimos implantar uma cultura baseada em transparência, verdade e princípios, que mantém a equipe focada na excelência. 
5. Qual é a tendência internacional que mais influencia a Axell atualmente e qual o papel da tecnologia nos produtos e processos da empresa?
A conectividade é a tendência que mais nos influencia. Precisamos estar conectados a tudo na nossa casa para absorver o que há de melhor. Isso se reflete nos produtos: eles precisam entender você e entregar exatamente o que você deseja. A tecnologia é fundamental, atuando tanto no desenvolvimento dos produtos quanto nos processos de fabricação. 
6. Como a Axell integra sustentabilidade em seus produtos e processos? 
Começamos há muito tempo um sistema de reutilização de resíduos, especialmente reciclagem de solventes, que é um grande problema ambiental. O solvente é sempre reutilizado e nunca descartado na natureza. Além disso, com o projeto Axell Stone, aumentamos o reaproveitamento de resíduos de 60% para 100%. 
7. Qual é a importância do design para a Axell, o que os clientes buscam e onde a empresa quer chegar nos próximos anos? 
O design vai além da estética: envolve conforto, cor e fluidez do produto, criando uma experiência que faz você querer tocar o produto, como um travesseiro macio e confortável. Os clientes buscam se posicionar além, escolhendo produtos com mais qualidade, tecnologia e customização. Em termos de mercado, queremos expandir até o Canadá, seguindo o roteiro América do Sul, Estados Unidos e Canadá, sem, por enquanto, mirar a Europa. Porém, esse crescimento está sendo planejado sem nunca esquecer a nossa essência.
8. Como você enxerga a empresa no futuro, que conselho daria a outras empresas e quais hábitos e aprendizados pessoais influenciam sua trajetória?
Vejo a Axell nos próximos 30 anos como a maior empresa de banheiras e SPAs da América Latina. Para empresas brasileiras que buscam longevidade e relevância, recomendo princípios como caráter, honestidade, transparência e evitar dependência excessiva de bancos, além de investir em exportação, que ajuda a equilibrar o negócio frente às variações do mercado nacional. Um hábito que nunca abro mão é cozinhar, algo que adoro e que me traz equilíbrio no dia a dia. O ato de cozinhar é tão interessante como fazer a gestão: a gente transforma ingredientes em resultados, com técnica, visão e liderança. Um livro que marcou minha trajetória como líder é Princípios, do Ray Dalio, que recomendo a leitura. Um conselho/aprendizado que recebi na adolescência e levo comigo: quando cometi um erro ao colocar gasolina escondido do meu pai, deixando a cobrança na conta dele, ele me ensinou: "Seja honesto pelo resto da tua vida. Nunca mais faça isso." Desde então, aprendi que o que é meu é meu, e o que não é meu, não é meu. E aprendi o que significa responsabilidade.
9. Qual foi o maior aprendizado pessoal que você teve ao longo da vida?
A falência. Me ensinou muito. Recomendo aprender com falhas. Na época, eu tinha a Termosol. Fabricava equipamentos de energia solar para aquecimento de água. Naquele período, os aquecedores a gás eram subsidiados, e o custo de implantação solar era astronômico. Não estava preparado para essa realidade. 
10. Existe algum talento seu pouco conhecido e o que te inspira fora do ambiente corporativo?
Além da cozinha, adoro construir máquinas. Sempre tive vontade de cursar Engenharia Mecânica, mas acabei fazendo Administração. Fora do ambiente corporativo, me inspira estar com minha família em jantares e momentos especiais. 
11. Como você define seus valores, filosofia de vida e o que te mantém firme nos momentos mais desafiadores?
Eu valorizo honestidade e verdade em todas as pessoas ao meu redor, dentro e fora do trabalho. Acredito que a felicidade absoluta não existe, o que existem são momentos de alegria. O momento mais desafiador da minha vida pessoal foi começar de novo: viemos de Porto Alegre sem nada, começando do zero. Eu vendia banheiras e meu sócio as produzia. Aprendi a não deixar ninguém me limitar ou impor uma cultura limitante. Hoje, defino sucesso como ter uma empresa bem gerida e uma família maravilhosa. Esse equilíbrio me sustenta. Minha decisão pessoal mais importante foi o segundo casamento, pois reconstruí minha vida junto com ela, e isso me ajudou a crescer e me tornar quem sou hoje. Nos dias mais difíceis, sigo firme porque acredito profundamente naquilo que estou fazendo e confio de que vai dar certo.

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